Manhã cinzenta –
Só o canto do sabiá
Lembra a estação.
Penedo vazado
ao vento de setembro –
Canta a natureza.
Luz da primavera –
Brilhando sobre as montanhas
as primeiras flores.
Na mata distante,
flores de jacarandá –
Festa da natureza.
Manhã perfumada –
O chão salpicado de pétalas
e o zum-zum de abelhas.
Ao romper da aurora
o sabiá dobra seu canto –
Só isso me basta.
Luz do amanhecer –
Beija-flor invade a sala
e pousa em um livro.
Dia da Árvore –
No pátio a criançada
faz seu plantio.
Na estante da copa
o chiado dos filhotes –
Ninho de pardais.
O sol já se foi –
Nuvens negras sobre o céu
e o brilho do ipê.
Nuvens escuras
antecipam o fim do dia –
Primavera nublada.
As cores do céu
espelhadas na água do mar,
Atmosfera suave.
Voeja em festa,
mergulhando no quintal –
Bando de andorinhas.
No Dia da Criança
vovó não sai da cozinha.
Cheiro de pastel.
Meados de outubro –
Da velha árvore tombada
surge um broto novo.
Suave perfume
na leve brisa que passa –
Manhã de domingo.
Dois ninhos de pássaros
no galho da laranjeira –
Festa das crianças.
O guapuruvu
debruçado sobre a estrada…
Flores no asfalto.
Em noite nublada
eclode o primeiro ovo –
Ninho de pássaro.
Vento de novembro –
Ao rumor de ondas agitadas
um barco à deriva.
Última caminhada –
Lembrança da primavera
junto ao mestre Goga.
Sabiá-da-praia –
Canta, canta o dia inteiro,
preso na gaiola.
Brisa da manhã –
Uma trepadeira cobre
escombros do muro.
Rio de primavera –
Ao sabor da correnteza,
o homem lança o anzol.
Final da estação –
Na chuva que não para
vai-se a primavera.
Fonte:
AZEVEDO, Benedita. Silencio da tarde. Curitiba: Araucária Cultural, 2010
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