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A. A. de Assis (Revista Virtual de Trovas "Trovia" – n. 169 – janeiro 2014)

Gostar de ti, quem não há de?
Inspiras tal simpatia,
que a gente sente saudade
se deixa de ver-te um dia.
Colombina

Candelabro, iluminaste
meus dias… que glórias viste!
Agora és um velho traste
nas noites de um velho triste..
Jacy Pacheco
 
Meu sonho bom, tu me bastas,
mas, perto do amargo fim,
se por acaso te afastas,
morre um pedaço de mim!
Lavínio Gomes de Almeida

Descalços pelo gramado,
teus pés mansamente vão…
Pões, no pisar, tanto agrado,
que eu tenho inveja do chão!…
Marina Bruna

Ao que pede, à tua porta,
dá, também, tua afeição.
Um pouco de amor conforta
mais que um pedaço de pão!
Rodolpho Abbud – RJ

Não vivas com tanto orgulho
em razão do teu talento.
O tambor, que faz barulho,
tem por dentro apenas vento.
Vasques Filho

 

Um buraco foi aberto
na cerca do galinheiro.
O meu galo, muito esperto,
fez a festa o dia inteiro.
Alberto Paco – PR

A madame era tão chique
e de tão fina linhagem,
que até para ter chilique
retocava a maquiagem!
Arlindo Tadeu Hagen – MG

– “Mas, mamãe, se é gravidez,
que remédio é sugerido?”
– “Arranjar, com rapidez,
algum trouxa, pra marido!”…
Darly O. Barros – SP

Vive a coroa adoentada,
com o esposo desnutrido:
de dia… tome gemada!
de noite…tome gemido!
Edmar Japiassú Maia – RJ

Pergunta a esposa fiel,
com tristeza no semblante:
– Bem, nossa lua-de-mel
entrou em quarto minguante?…
José Fabiano – MG

O malandro te enganou
com truques, filha querida?
E a mocinha perguntou:
– Truque, paizinho, engravida?
José Lucas de Barros – RN

Separou-se… e com mais pique
justifica encabulada:
marido que dá chilique
não consegue dar mais nada…
Maria Nascimento – RJ

Em meu leito de abandono,
eu, mulher, só penso em ti;
se sem ti eu perco o sono,
que será contigo aqui?
Olympio Coutinho – MG


O tempo voa, bem sei,
nos dias da mocidade;
mostra onde errei e acertei,
tem remorso e tem saudade …
Almir Pinto de Azevedo – RJ

Neste encontro inesperado,
vamos brindar a nós dois.
Primeiro, o beijo guardado…
o vinho eu peço depois!
Almira Guaracy Rebelo – MG

Velho trem me faz lembrar
os meus tempos de menino,
em que eu me punha a cismar
qual seria o meu destino…
Amilton Monteiro – SP

Felicidade é encanto
que se vive por um triz,
mas celebro, por enquanto,
apenas o que Deus quis.
Antonio Cabral Filho – RJ

Superando os meus problemas,
descubro que os teus abraços
são elos com que me algemas
no presídio dos teus braços.
Antonio Colavite Filho – SP

Racistas, intransigentes,
olhai o exemplo da mão:
cinco dedos diferentes
na mais perfeita união!
Antonio Juracy Siqueira – PA

Na bagagem que hoje trago
quase tudo joguei fora;
só guardei o bom afago
e as alegrias de agora.
Benedita de Azevedo – RJ

Já velhinho, sonha ainda,
mantendo o brilho no olhar,
que a juventude só finda
quando é impossível sonhar!
Carolina Ramos – SP

Não posso mais recolher
o que perdi no caminho;
mas se alguém me suceder
vai tropeçar em carinho.
Cida Vilhena – PA

Navegando pela vida,
em águas nem sempre mansas,
junto à bagagem sofrida
carrego mil esperanças!
Conceição Abritta – MG

Teu grande amor, que ironia,
é hoje coisa esquecida:
foi luz que por um só dia
iluminou minha vida.
Conceição de Assis – MG
 
Por que não curtir saudade,
que é parte do nosso ser?
– Saudade não tem idade,
fica em nosso entardecer.
Cônego Telles – PR

El primer Nobel del mundo
jamás ha sido entregado,
fue El de Paz y amor profundo;
ganador? Jesus amado!
Cristina Olivera Chávez – EUA

A trama que a vida urde,
tal qual a teia de aranha,
é perfeita, mas ilude
por ser cheia de artimanha…
Cyroba Ritzman – PR

Para o Natal ser perfeito,
com paz, amor e esperança,
faça um presépio em seu peito
e abrigue Jesus criança.
Dáguima Verônica – MG

A trova, de qualquer jeito,
chega forte e vai bem fundo.
Em seu contexto perfeito,
já percorreu todo o mundo.
Diamantino Ferreira – RJ

De beijar-te eu tenho ânsia,
pois vivemos separados…
“O beijo é a menor distância
entre dois apaixonados.”
Djalma da Mota – RN

Revejo o passado e penso,
sem surpresa e sem espanto,
que o tempo, às vezes, é o lenço
com que Deus me enxuga o pranto…
Domitilla Borges Beltrame – SP

Mesmo que a Terra se mude
e os montes vão para os mares,
Deus é refúgio e quietude
na angústia em que te encontrares.
Dorothy Jansson Moretti – SP

Ao devolver minhas cartas,
o carteiro nem sabia
que, além de saudades fartas,
os meus sonhos devolvia.
Eduardo A. O. Toledo – MG

Num desabafo insincero,
chorando em teu ombro amigo,
digo coisas que não quero,
quero coisas que não digo…
Élbea Priscila – SP

Nos vales ou nos outeiros,
levando a luz da instrução,
escolas são candeeiros
que aplacam a escuridão.
Eliana Jimenez – SC

Quando, sem fazer alarde,
me sinto só, esmoreço…
– Inútil meu Mastercard,
amizade não tem preço!
Eliana Palma – PR

Meu beijo tem a fragrância
dos perfumes da amizade,
mas.. dado assim à distância
tem mais sabor de saudade!
Elisabeth Souza Cruz – RJ

Correndo entre paralelas
de aço, o trem foi a glória
para quem hoje vê nelas
apenas traços da história.
Ercy Marques de Faria – SP

Sempre sozinha, aos farrapos,
mas de rosário na mão…
A fé tecida entre os trapos
remendava a solidão!
Francisco Garcia – RN

Todo indivíduo que é tolo,
mas que de sábio se arvora,
é tal um pão sem miolo…
só tem a casca por fora!
Francisco Pessoa – CE

Refém de ti, não recuo,
réu do amor que me corrói:
cada sonho que construo,
tua apatia destrói…
Gilvan Carneiro – RJ

Eu quero poder cantar
meus versos aos quatro cantos,
e assim talvez transformar
em risos todos os prantos!
Gislaine Canales – RS

Teu retrato desbotado,
num canto velho e sozinho,
são resquícios do passado
das pedras do meu caminho.
Gutemberg Liberato – CE

Hoje trago na lembrança
uma dor que sobrevive
num fiapo de esperança,
pelo amor que nunca tive.
J.B. Xavier – SP

Fazer as pazes… Presente
melhor a dar a um irmão
é desfraldar, complacente,
a bandeira do perdão.
Jeanette De Cnop – PR

Me esculpindo a cada dia,
vendo no Mestre o padrão,
tento chegar – que utopia! –
mais perto da perfeição.
Jessé Nascimento – RJ

Na aliança nunca desfeita,
alma e corpo te entreguei:
juntei a ideia perfeita
ao passo maior que eu dei.
Josafá Sobreira da Silva – RJ

Uma chave carregamos,
porta de um mundo melhor,
entretanto não largamos
a muleta de um pior.
José Feldman – PR

Cada vez que alguém cria algo, nasce de novo (Vanda F. Queiroz)

Tempo, cavalo indomável
que tento frear à toa…
Qual pégaso formidável,
quanto mais freio, mais voa…
Jaime Pina da Silveira – SP

Para abraçar-te, menina,
meu anseio é tão profundo,
que a distância de uma esquina
parece uma volta ao mundo.
José Lucas de Barros – RN

Sendo pobre ou um paxá,
na rua vou de roldão.
De que me vale o crachá,
sozinho na multidão?
José Marins – PR
 
No aeroporto, o adeus, o abraço…
e no olhar… rastros de dor.
– Lá se foi, rasgando o espaço,
uma promessa de amor…
José Messias Braz – MG
 

Fugir, poeta, não queiras,
do que a vida preceitua:
teu destino é abrir fronteiras
e deixar que o sonho flua!
José Ouverney –SP

O anel que eu ponho em teu dedo,
mais que um simples adereço,
tem no amor nosso segredo;
do coração o endereço!
José Roberto P. de Souza – SP

Bendigo a lágrima doce
da chuva que cai lá fora.
Bom seria se assim fosse
o pranto que a gente chora!
José Valdez – SP

Ai, amor, estou doente…
Então devo declarar:
a saudade não consente
que tu venhas me curar!
Laérson Quaresma – SP

Se não me dás teu carinho,
se não me queres amar,
sou barco triste e sozinho,
que já não quer navegar.
Luiz Carlos Abritta – MG

Nunca mostres apatia
diante da luta na vida,
mas brinda com simpatia
e a inércia será vencida!
Mª Luíza Walendowski – SC

 
A distância, o céu aberto,
não podem mudar o amor,
que, embora longe está perto,
como a raiz junto à flor.
Mª Thereza Cavalheiro – SP

Nesta vida o tempo ensina:
quem partilhar seu amor
a paz também dissemina,
exterminando o rancor.
Marina Valente – SP

As marcas do teu batom,
deixadas no meu cristal,
têm sabor e têm o dom
de um grande amor, no final.
Maurício Friedrich – PR

Enquanto espero a velhice
eu passo a vida trovando,
pois sei que é muita burrice
passá-la só lamentando.
Nei Garcez – PR
 
Sangra a terra quando arada:
fica frágil, tão exposta…
Mesmo sofrendo calada,
com seus frutos dá a resposta.
Olga Agulhon – PR

Meus sonhos, em grandes asas,
voam no azul infinito
e fulgem, tal como brasas,
por este céu tão bonito.
Olga Ferreira – RS

Solidão e violão
são irmãos e não se largam:
uma amarga o coração,
outro adoça os que se amargam.
Olivaldo Júnior – SP

Tenho em meu peito guardada
para você, que me evita,
a alma um tanto magoada,
mas com ternura infinita.
Renato Alves – RJ

Nossas almas parecidas,
nossos sonhos se irmanando,
eu e tu, vidas vividas
tarde demais se encontrando!
Rita Mourão – SP

Poesia é também música. Música é som.
Som se conta com o ouvido, não com o olho.

Na praia deixei meus sonhos
e, junto às ondas do mar,
pousei meus olhos tristonhos
à espera de te encontrar.
Sarah Rodrigues – PA

A semente, pequenina,
sob a terra protegida,
é assinatura divina
no grande livro da vida.
Selma Patti Spinelli – SP

Coração, nunca te emendas!…
És de fato um sonhador.
Até nas duras contendas
tu vês motivos de amor!
Thalma Tavares – SP

Partiste. Fiquei perdida:
vi meu céu escurecer…
Sem o sol da minha vida,
sempre é noite em meu viver.
Thereza Costa Val – MG
 
Passas por mim… nem me agradas…
e a saudade, sem tardança,
traz de volta as madrugadas
que hoje vivem na lembrança.
Therezinha Brisolla – SP

Meu tempo tornou-se esparso…
Por mais que tente retê-lo,
nem com tintura disfarço
o cinza do meu cabelo.
Vanda Alves – PR

Por mais que o progresso iluda,
deturpe e inverta valor,
o que Deus fez ninguém muda:
amor será sempre Amor.
Vanda Fagundes Queiroz – PR

Meus desenganos de amor
na poesia buscam fim:
eu não choro a minha dor…
meus versos choram por mim!
Wanda Mourthé – MG

Anjos brancos, as fumaças
dos casebres, no sertão,
aos céus sobem, dando graças
pelo almoço no fogão.
Yedda Patrício – SP

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Mário A. J. Zamataro (Dois Olhares)

Noite de céu coberto
sem luar
lanterna
estrelas
mas ao longe
um brilho é guia
do andarilho
vacilante

Mesmo o longe
muito longe
não inibe a caminhada
são dois tempos
dois lugares
dois espaços
numa noite

Noite longa
já se arrasta
por estradas
avenidas
ruas tortas
curvas retas
por subidas
e descidas
pradarias
altas serras
vales fundos
cumes rasos
chão batido
asfalto frio
mato ralo
mato grosso
um corguinho*
um rio mais largo
nas esquinas
e nas praças
tantas casas
a cidade

E eis que o longe diminui
mesmo o escuro
a noite cansa
e passo a passo ele andarilho arremete o pó as pedras
vento chuva e tempo tempo]
São dois tempos
dois lugares
dois espaços
numa noite

O andarilho 
enxerga a noite
no horizonte e mais além
nas viradas do terreno
do outro lado da divisa
e a noite é boa
a noite é livre
a noite é clara
é linda a noite
do andarilho
a noite é chama
e ele declama
e se derrama
e se declara
à noite ele ama
a noite é dama e dela emana aquele brilho (brilho ao longe)
do andarilho

Mas andarilha 
ela é também
na mesma trilha
a noite escorre
pelos vãos do tempo tempo
e nos vãos do vento (ui)vento
há muitos vãos
em poucas mãos

São dois tempos
dois lugares
dois espaços
dois olhares
===========================
* Nota:
Corguinho é córrego em linguagem popular. Deve ter nascido do fato de os rios, riachos e córregos serem naturalmente os limites das propriedades.
==================
Fonte:
CHIARI, Alcir et al. Antologia Novos Autores Curitibanos.  Curitiba: Gusto Editorial, 2013.
Imagem – montagem com imagens obtidas na internet

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Trova 265 – José Feldman (PR)

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Paulo Walbach (Caderno De Versos)

APENAS UMA PLUMA

Sou apenas uma pluma carregada pelo vento;
vou vivendo a minha vida, por aqui ou acolá,
sem morada, sem família e sem ninguém.
Sou apenas uma pluma, desgarrada de meu sabiá…

Não tenho asas, não tenho canto,
não tenho vida, só tenho encanto.
Sou suave, leve solta eu sou,
Sem presa, sem saber para onde vou.

Sou apenas uma pluma do meu sabiá,
que voava e cantava pra viver…
Mas, um dia, triste dia aconteceu:
Uma pedra, dura pedra o abateu.

E soltei-me da plumagem de seu peito,
e do sopro derradeiro, eu voei…
Sou a pluma separada do meu ser,
que morreu, sem saber do meu viver!

Minha vida se é vida, feito assim…
Pouco dela sei, pouco sei de mim.
Pois eu vivo, se o sopro me soprar,
se a brisa ou se o vento me levar.

Mas um dia, a sorte me pegou
pelo vôo de um pássaro de acolá,
carregando-me pelo bico familiar:
Era o bico da mulher do meu sabiá.

De uma vida com passado, sem futuro,
transmutada de um dia para cá…
Do nada, quase nada, virei ninho
da ninhada dos filhotes do meu sabiá!
======================
 
A LINGUAGEM DO POETA
 

Arte, Sonho, Liberdade! – a Poesia;
que o poeta,sem passagem, acredita,
pelos sonhos, perambula na magia
das palavras de sua Língua tão Bendita.

Ele voa pelas asas da alegria,
no embalo da estrela que palpita…
nos acordes do silêncio e da folia;
acelera, anda, passa, freia, grita…

Na linguagem; sinestesia ele tenta…
Escrevendo, vai suprindo sua emoção,
muitas vezes, já cansado de Sonhar…

O Poeta, com coragem, experimenta
até o fogo, que embriaga o vulcão,
acendendo seu pavio do Amar!
=================

RASCUNHO & BORRÃO

Nas linhas pautadas do velho caderno
aterrissam sonhos, que viajam em mim…
Vêm de algures, além do inverno,
ao porto seguro da pista molhada,
em versos sem fim…

Pedaços poemas, delírios sem asas,
fonemas opacos que vêm para mim;
às vezes quebrados, não chegam, não vingam,
se perdem no espaço…
e viram poeira num outro jardim.

Palavras sem forças, sem nexo,sem voz,
que risco e apago e faço borrão.
Pensamentos que fogem, se soltam no ar,
e voltam sem vida na mente cansada
de minha emoção…

Os versos que morrer no ventre da alma
são sementes estéreis jogadas no chão…
Sepulto as letras nas pautas vazias,
escritos perdidos à espera de luz,
meu lápis riscando em traços em cruz…
fechando o caderno rascunho e borrão!
================

VENTO MENINO

Acordei com a voz do vento,
Que batia na minha janela…
Pensei na hora e no tempo,
Acendi ao meu lado uma vela.

Lá fora o frio ardia,
Doíam, a relva e a flor…
O vento na janela batia;
Batendo, implorava calor.

Abri a janela e o vento…
Tremendo, em mim desmaiou;
Passei minhas mãos sobre ele,
Sorrindo, o vento acordou.

Parecendo um menino perdido
Entre as mãos espalmadas o acolhi,
Balbuciando logo em meu ouvido,
melancólico adágio eu ouvi.

Tremendo ainda o vento,
No outro ouvido cantou…
Parecendo elemento alado,
O vento pra mim sussurrou.

Não sendo menino e nem pássaro,
Que presos, ainda podem cantar…
Levei-o tão logo à janela…
E o vento se põe a voar!
===================

MÃE

MÃE é presente e eternidade
Que amarra a prole e a família
Por laços de verdade,
No mais nobre sentimento e magia.

MÃE é futuro da mulher…
Que DEUS faz no seu corpo crescer
A semente da mais bela flor,
Pelo filho que um dia há de nascer.

MÃE é passado de glória, agonia e ventura…
É esplendor e saudade pura
Num perene estado espiritual.

MÃE é um ser tão singular,
Da mais forte e fiel expressão
Dos verbos sofrer e amar!
=============

CURITIBA…
 
Índios correndo, abrindo picadas por dentre as matas….
Itupava…caminho de pedras, início de tudo.
Atuba, primeiro local, riacho tão rico, de ouro e pedras.
Cory-etuba!.
Pinheiros rodeando, pinhão florindo, é seu dia de festa!

Um pássaro azul solta seu canto,
voeja suas asas plantando a semente,
fazendo seu ninho nos braços esguios da árvore gigante.
Nasce a cidade, no largo central…
Pelourinho, futura matriz – a Catedral…

29 de março de mil e seiscentos e noventa e três…
Mateus Leme, Ébano Pereira, Baltazar Carrasco dos Reis…

Cidade Sorriso da rua das flores…
Do Ipê amarelo que traz primavera,
Dos campos, colinas, riachos, amores…
Curitiba escancara nos abraços seus,
fazendo de sua terra a miscigenação,
na riqueza dos irmãos filhos de Deus,
Que fizeram desta casa o seu rincão.

No sotaque tão aberto deixa a gente
Tão sem graça e na graça, vem o riso
quando pede o gostoso ´leite quente´…

Curitiba, de seus bosques e postais,
Ornamenta a cidade nos Natais
Curitiba dos tubos, da Boca Maldita…
Cidade que se recicla, cidade bendita.

Curitiba dos prêmios internacionais,
Capital modelo, no papel e no serviço,
Da Universidade quase centenária tem nos anais,
o irmão, o Centro de Letras de Emiliano Perneta,
Euclides Bandeira, Emilio Meneses e de tantos mais…

Curitiba, cantamos o Parabéns pra você,
Por que é a menina cativa que muito cresceu…
És a dama de sempre, e dos pinheirais
Curitiba, poema, te amamos demais!

Fontes:

Lilia Souza (organizadora). Coletânea da Academia Paranaense de Poesia. 2012

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Haicai 22 – Mario A. J. Zamataro (Curitiba/PR)

Haicai formatada sobre imagem obtida em http://jorgebichuetti.blogspot.com

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Luís Renato Pedroso (1928)

Nasceu em Foz do Iguaçu, 18 de fevereiro de 1928, emérito jurista brasileiro, tendo atuado na Magistratura, no Ministério Público e na Advocacia.

Filho de Accácio Pedroso , comerciante, autodidata, ex-prefeito do então Território Federal do Iguaçu e Inspetor Geral de Ensino, e de Sara Sottomaior Pedroso. Foi casado com Úrsula Lange Pedroso e, em segunda núpcias, com Maria Alice Nogueira Pedroso.

Após ter concluído o ensino ginasial no Liceu Rio Branco , em Curitiba, Bacharelou-se em Direito na Universidade Federal do Paraná – UFPR, em 1950, mesmo ano de sua federalização, tendo recebido o prêmio Carlos Renaux como melhor aluno em Econômica Política e Ciência das Finanças, sendo discípulo de renomados juristas como Manoel de Oliveira Franco, Ernani Guarita Cartaxo e Altino Portugal Soares Pereira, entre outros.

Iniciou suas atividades profissionais no ano de 1951 como Promotor Público Interino nas Comarcas de Mandaguari, Campo Mourão e São José dos Pinhas.

Entre 1951 e 1955, foi advogado público do Departamento de Estradas de Rodagem e do Departamento de Geografia, Terras e Colonização do Estado do Paraná, tendo sido chefe de gabinete deste último.

Em 1955 foi nomeado juiz substituto para a Seção Judiciária de Londrina, abrangendo as Comarcas de Cambé e Rolândia.

Após ter sido aprovado em primeiro lugar no concurso público para magistratura do Estado do Paraná, passou exercer o cargo de Juiz de Direito nas Comarcas de Araruva, hoje Marilândia do Sul, Astorga, Londrina e Curitiba, quando, em 1970, passou a compor o recém criado Tribunal de Alçada do Paraná.

No Tribunal de Alçada do Paraná, exerceu os cargos de Vice-presidente e de Presidente daquela corte (1977/1978), quando, então, foi nomeado desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná.

No Tribunal de Justiça do Paraná, exerceu os cargos de Corregedor da Justiça (1983/1984) e Presidente da Corte (1991/1992) , quando presidiu as Comemorações do Centenário do Tribunal de Justiça e o I Congresso de Presidentes de Tribunais de Justiça.

A efeméride das comemorações do Centenário do Tribunal de Justiça do Paraná, incorporou-se a história do Estado como episódio de realce e destaque.

Conforme a palavras da historiadora Chloris Elaine Justen de Oliveira: “o desembargador Luís Renato Pedroso, homem culto e prestigiado pelos juízes, reconhecido pelos dotes de oratória, com habilidade e competência administrativa teve marcante presença na história da magistratura paranaense” .

Dentre as inúmeras demonstrações e afeto e amizade, vale ressaltar parte da carta endereçada pelo desembargador jubilado José Wanderlei Resende, ocupante da cadeira n. 32, da Academia Paranaense de Letras , publicada na Revista do Centro de Letras do Paraná, n. 53: “digo-lhe que sou muito grato por usufruir de sua convivência, nesses longos anos de magistratura, e que são inúmeras as boas lembranças que guardo da sua pessoa, das lições que me ensinou, das demonstrações de apreço e, sobretudo, do que você representou de maior para o Poder Judiciário do Paraná e, agora, servindo com tanta maestria, a vida literária”.

No magistério, na década de 60, lecionou na escola normal Monsenhor Celso e no no Colégio Comercial de Astorga. Em 1964, foi professor de direito Civil na Faculdade de Direito de Londrina, hoje Universidade Estadual de Londrina, tendo sido paraninfo da turma de 1966.

Foi professor de direito Civil e Processo Civil na então Faculdade Católica de Direito, hoje, Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR, tendo sido paraninfo da turma de 1955, bem como, na Fundação de Estudos Sociais do Paraná, nas disciplinas de direito Administrativo e Comercial, afastando-se do magistério, em face da eleição para Corregedor Geral da Justiça em 1983.

Em 1975, foi eleito vice-presidente da Associação dos Magistrados do Paraná – AMAPAR, em chapa encabeçada pelo então desembargador Aurélio Feijó, quando, devido a uma fatalidade, teve que concluir o mandato na condição de Presidente. Após este fato, durante sete anos, e, em períodos diferentes, ocupou a presidência da referida entidade, sendo ainda, o magistrado que ocupou tal cargo pelo maior período (1975/1980 – 1985/1987) .

Sempre com brilhantismo, promoveu a frente a Amapar catorze seminários estaduais atingindo todas as regiões do Estado e, em 1978, realizou o O Congresso Estadual da Magistratura, obtendo referências elogiosas dos participantes pela dedicação e empenho dos associados .

Ainda, em 1986 e 1987, foi primeiro vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB .

Em 1996, foi um dos idealizadores e primeiro presidente da Câmara de Mediação e Arbitragem da Associação Comercial do Paraná – Arbitac, sendo que, os esforços para a materialização do projeto, iniciaram antes mesmo do advento da Lei Brasileira sobre a Arbitragem (Lei 9.307/96).

Presidiu a Arbitac de 1996 à 2001, passando a integrar, seu Conselho Superior .

De 1995 à 2003, foi membro do Conselho Estadual do Fundo Penitenciário do Paraná – FUNPEN, órgão criado Lei 4.955, de 13 de novembro de 1964 e regulamentado pelo Decreto 6420 de 11 de outubro de 2002, vinculado a Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, o qual se destina a prover recursos ao Departamento Penitenciário do Estado do Paraná, para a melhoria das condições da vida carcerária nos estabelecimentos penais e atendimento aos programas de assistência aos egressos do Sistema Penitenciário do Estado .

Pertenceu ao Rotary Clube de Astorga, onde iniciou suas atividades rotarias na década de 60, integrando depois o Rotary Club Londrina Norte e atualmente, o Rotary Clube Curitiba Norte, do qual foi presidente em 1971/1972.

Em 1996 e 1997, foi presidente da Fundação da Unidade Rotária – FUR, sempre tendo atuação relevante .

Algumas Entidades a que pertence:

Conselheiro do Paraná Clube

Academia Paranaense de Letras Jurídicas – Membro Benemérito

Academia de Cultura de Curitiba ACCUR – Membro Benemérito, tendo sido seu Presidente por seis anos consecutivos .

Academia Sul-Brasileira de Letras – Membro

Academia Literária José de Alencar – Membro

Academia Paranaense da Poesia – Membro Honorário e Assessor Jurídico

Sociedade Brasileira de Médicos Escritores Sobrames – Membro Honorário

Associação dos Serventuários da Justiça do Estado do Paraná Assejepar – Membro Honorário

Soberana Ordem do Sapo
Centro de Letras do Paraná

Presidiu o Centro de Letras do Paraná, entidade cultural fundada em 19 de dezembro de 1912, tendo por patronos os literatos Euclides Bandeira e Emiliano Perneta. Como um verdadeiro paladino da cultura, sempre procurou fomentar do desenvolvimento cultural do Estado por meio de encontros líteros-musicas realizados sempre as terças-feiras na sede da entidade, de modo que, homenageando-o, o centrista Joel Pugsley assim se manifestou na Revista do Centro de Letras n. 51: “em nossa jornada terrena, temos pessoas especiais que vêm ao nosso encontro para soluções, tornando o caminho mais aplanado. Elas deixam marcas indeléveis, motivo pelo qual lhes devemos reconhecimento e gratidão. Tenho uma dessas pessoas em nosso dileto amigo e presidente Luís Renato Pedroso” .

Algumas Publicações

A importância do perito e assistente técnico engenheiro na solução das lides judiciais .

O tribunal de alçada e o nascente direito agrário .

PEDROSO, Luís Renato. Um pouco de mim. 2006.

Co-autor da letra do Hino do Município de Astorga/PR2.

Títulos

    Cidadão Benemérito do Município de Faxinal/PR
    Cidadão Benemérito do Município de Foz do Iguaçú/PR
    Cidadão Benemérito do Estado do Paraná
    Cidadão Honorário do Município de Astorga/PR
    Cidadão Honorário do Município de Jaguapitã/PR
    Cidadão Honorário do Município de Londrina/PR
    Cidadão Honorário do Município de Colombo/PR
    Cidadão Honorário do Município de Piraquara/PR
    Cidadão Honorário do Município de Colorado/PR
    Cidadão Honorário do Município de Cantagalo/PR
    Cidadão Honorário do Município de Marechal Cândido Rondon/PR
    Cidadão Honorário do Município de Campina da Lagoa/PR
    Cidadão Honorário do Município de Fênix/PR
    Cidadão Honorário do Município de Jaguariaiva/PR
    Cidadão Honorário do Município de Paraíso do Norte/PR
    Cidadão Honorário do Município de Iretama/PR
    Cidadão Honorário do Município de Ibaiti/PR
    Cidadão Honorário do Município de Curitiba/PR
    Cidadão Honorário do Município de Wenceslau Braz/PR
    Cidadão Honorário do Município de Campo Mourão/PR
    Cidadão Honorário do Município de Medianeira/PR
    Cidadão Honorário do Município de Cruzeiro do Oeste/PR

Medalhas, diplomas e condecorações

Medalha do Mérito Judiciário – concedida pela Associação dos Magistrados Brasileiros AMB.
    Medalha Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho: Grau de Grande Oficial – concedida pelo Tribunal Superior do Trabalho TST
 Medalha Ordem do Mérito Militar – Grau de Oficial – concedida pelas Forças Armadas Brasileiras. É a mais elevada distinção honorífica do Exército Brasileiro 24 .
    Medalha Francisco Xavier dos Reis Lisboa – concedida pelo Tribunal de Justiça do Maranhão TJ-MA
    Medalha Tenente Max Wolff Filho – concedida pela Legião Paranaense do Expedicionário.
    Prêmio Pablo Neruda de Direitos Humanos – Câmara Municipal de Curitiba .
    Diploma de Mérito Judiciário Conselheiro Coelho Rodrigues – concedido pela Associação dos Magistrados Piauienses – AMAPI .
    Diploma Pergaminho de Ouro – concedido pelo Jornal do Estado.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Renato_Pedroso

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Trova 263 – Mário A. J. Zamataro (Curitiba/PR)

Trova classificada em 2º lugar no Concurso Paralelo (para trovadores de Curitiba) ao Concurso Nacional Intersedes UBT – 2013, com o tema “Refúgio”.

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Orlando Woczikosky (Príncipe dos Trovadores do Paraná)

1
A Vida é maravilhosa
e o lar, um jardim florido
quando a mulher é uma rosa
e o jardineiro, o marido.
2
A cantar, a minha vida,
eu canto em qualquer cidade,
mas minha terra querida,
eu não canto sem saudade!
3
Agora sou nau sem rumo,
Que zarpou da mocidade,
Para encalhar, eu presumo,
No banco duma saudade.
4
A mãe da gente é uma luz
que brilha, brilha e rebrilha:
dá-nos vida e nos conduz
pela mais sagrada trilha.
5
Amor que não tem saudade,
é planta que não dá flora;
amor que é amor de verdade,
na saudade é mais amor.
6
A mulher é diferente
no terreno da emoção:
– O homem diz sim e consente,
ela consente e diz não!
7
A nossa UBT querida
é meu verdadeiro amor,
faz parte da minha vida
como a um jardim, uma flor.
8
Às vezes, na multidão,
estou só sem ver ninguém,
porque a maior solidão
é estar longe do meu bem.
9
A vagar pela cidade
Hoje, bem longe de ti,
Vejo, através da saudade,
O tesouro que perdi.
10
Beba água mineral
e viva despeocupado,
porque água só faz mal
para quem morre afogado.
11
Cônscio de que nada valho,
quando te beijo, formosa,
eu sou uma gota de orvalho
que tremeluz numa rosa.
12
Convidei a minha sogra
pra passear no Butantã:
a velha mordeu a cobra,
e a cobra ficou tantã!
13
Curitiba, paraíso
Que mil encantos encerra,
Linda Cidade-Sorriso:
– Sorriso da minha terra!
 14
Dezoito anos de idade
Completei no fim da guerra,
No fim da calamidade
Que tingiu de sangue a terra.
15
Dentro de certas pessoas
há duas forças latentes:
uma que as trona tão boas,
outra que as vira serpentes.
16
Desde que cedo me acordo,
Até que à noite me deito,
Com saudade te recordo,
Meu único amor perfeito!
17
Em noites de lua cheia,
no tênue alvor que se espraia,
minha alma foge e vagueia,
perambulando na praia.
18
É nobre quem não exalta
vitória já conquistada,
pois a nobreza mais alta
é vencer sem dizer nada.
19
É nos olhos que a pimenta
quando toca nos magoa:
quem tem sogra não a aguenta,
quem não tem diz que ela é boa.
 20
Esta saudade é uma luz,
Na noite da minha vida,
O guia que me conduz
À tua imagem, querida.
21
Eu fui a tua metade
E foste a minha, porque,
Agora, só na saudade
Inteiro a gente se vê!
22
Eu não gosto de sorteio
Porque a sorte é contra mim:
Talvez porque eu seja feio,
De uma feiura sem fim.
23
Eu não troco uma jazida
De ouro puro e refinado,
Por uma hora vivida
Na saudade do passado.
24
Eu nasci pobre na vida,
no entanto sei quanto valho,
pois conheço a dor sentida
dos que tombam no trabalho.
25
Felicidade é a esperança
que está sempre em nós presente,
mas a gente não a alcança
e ela não alcança a gente!
26
Flavo sol que as flores pintas
com doce tonalidade,
empresta-me as tuas tintas,
quero pintar a saudade.
27
Minha avó, que já está morta,
queria tudo perfeito:
até fazendo uma torta,
fazia torta direito.
28
Não fosse a necessidade
De tanto, tanto te amar,
Sufocaria a saudade
Nas profundezas do mar.
29
Não me comove a riqueza,
E nem lhe adoro a conquista,
Pois, em saudade e pobreza
Também sou capitalista.
30
Não te incomodes, querida
Se o meu peito a dor invade,
Pois, são temperos da vida
A dor, o amor e a saudade.
31
Não vim para te dar um beijo,
vim pra te dar muito mais,
vim dizer que te desejo
O melhor dos teus Natais!
32
Natal é uma festa linda,
festa de luz e esplendor,
que nos rememora a vinda
De Jesus, Nosso Senhor.
33
Nesta vida de percalços
todo mundo tem defeitos,
mas entre honestos e falsos
todos se julgam perfeitos.
34
Neste ano, peça a Deus,
que a todos, como a você,
os mesmos tesouros seus,
aos seus semelhantes dê.
35
Ninguém proíbe que morras
nas tuas loucuras andanças,
mas dirigindo não corras
para não matar as crianças.
36
No dia dos namorados
fico triste, simplesmente,
por ver que há muitos coitados
sem ter a quem dar presente.
37
O amor é a coisa mais bela
deste mundo encantador!
E é você quem me revela
toda a beleza do amor!
38
O amor é igual à comida:
demais, não se dá valor;
quando falta em nossa vida,
dá-se a vida pelo amor!
39
Oh! doce mundo da infância,
todo em saudade tecido,
a recordar-te a distância,
eu choro por ter crescido.
40
Para trovar, certamente,
não bastam apenas rimas;
trovador inteligente
faz das trovas obras-primas.
41
Pela guerra não há glória:
– Perder, vencer, tanto faz!
– A verdadeira vitória,
só se alcança pela paz!
42
Por mais que hoje louve a vida
dos que fazem bem por lei,
trago n’alma a dor sentida,
dos males que pratiquei.
43
Pra me esquecer de você,
Tenho rezado à vontade!
Mas não te esqueço, porque
A minha reza é saudade.
44
Quando a trova justifica
sobejamente a valia,
– Rima pobre ou rima rica –
sempre é grande poesia.
45
Quando em meus braços te aperto,
todo o infinito sorri,
porque a vida é um céu aberto
quando estou perto de ti.
46
Quando tu fores velhinha
E eu também, da mesma idade,
Sentirás saudade minha,
Sentirei de ti saudade.
47
Quem diz que não tem saudade
e se é verdade o que diz,
não teve a felicidade
de já ter sido feliz.
48
Quem pratica a Medicina
espelhando-se em Jesus,
por certo Deus ilumina
com sua divina Luz.
49
Quem se afunda na bebida,
para afogar sua mágoa,
descobre, no fim da vida,
que a melhor bebida é água.
50
Que não valha a minha trova
por nada do que ela exiba,
senão por tudo o que prova
do valor de Curitiba.
51
Revivendo, na saudade,
a minha casa paterna,
Choro! Mas tenho vontade
que a saudade seja eterna.
52
Saudade é a lembrança viva
Daquilo que já morreu;
É fogo que inda se ativa
Das cinzas do escombro seu.
53
Saudade é coisa que nasce
À tona do pensamento,
E, por mais que o tempo passe,
Paramos nesse momento.
54
Saudade é lua que vaga
Nas sombras do sol do amor;
Quanto mais o sol se apaga,
Mais a lua traz langor.
55
Saudade é luz matutina
no crepúsculo da gente.
Sol que o passado ilumina
quando escurece o presente.
56
Se, à noite, chega o negror
E todo o meu ser invade,
Clareia-se o meu amor,
Dentro da luz da saudade.
57
Se eu de você fico ausente
e alguém os meus olhos vê,
lendo os meus olhos pressente,
no fundo deles, você!
58
Se partes, fica o desgosto
da minha alma sem a tua,
e eu pareço um rei deposto
perambulando, na rua.
59
Ser Presidente de Honra
da UBT, é, para mim,
mais do que uma simples honra,
é uma lisonja sem fim.
60
Sou feliz por te dizer,
em palavra comovida,
que minha vida é um prazer
se há prazer na tua vida.
61
Trocando sempre teus ares,
foges de mim com prazer;
mas apesar dos pesares
eu não te posso esquecer.
62
Tudo que é bom, nesta vida,
foge-nos celeremente,
somente a dor mais sentida
fica na vida da gente.
 63
Vermelho igual ao tomate,
meu coração é um bife:
quanto mais alguém lhe bate,
mais amolece o patife.

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Orlando Woczikosky (Outros Versos)

ALEGRIA BRASILEIRA

Mulata, linda mulata,
Você é um raro tesouro:
– Se outras têm brilho de prata,
Você brilha mais do que ouro.
.
Mulata, mulata linda,
Você é flor maravilhosa:
– Você é mil vezes, ainda,
Mais linda que a própria rosa.
.
Eu gosto da cor mulata
Da mulata brasileira,
Da mistura de ouro e prata
Dessa mulata faceira.
.
Quando vejo no terreiro
A mulata requebrando,
Meu coração brasileiro
Por ela bate sambando.
.
Nossa mulata querida
No samba não tem rival:
– Se há mulata na Avenida,
Tem mais vida o carnaval.
.
Salve, salve essa mulata,
Essa mulata matreira,
Que em seus requebros retrata
A alegria brasileira.
.
VÍCIO
.
O vício é mais uma das desgraças que se somam ao infortúnio dos miseráveis.
.
CIGARRO II
.
Fumar, pra fazer fumaça,
quem o faz é quase louco:
– Quem assim a vida passa,
gasta muito e vive pouco.
.
Cigarro é um troço gozado,
gozado pra mais da conta,
por ter fogo numa ponta
e um imbecil do outro lado.
.
Quem tem seu cigarro fuma,
quem não tem cheira fumaça
e eu não vi pessoa alguma
ser feliz com essa desgraça.
.
Disse o cigarro ao fumante:
– Eu sei que você me adora,
que me acende a todo instante,
mas o apago a qualquer hora.
.
Eu não sou contra quem fuma,
nem dou conselho de graça,
porque não há lei nenhuma
que proíba quem o faça.
.
Quem diz que fumar distrai,
vive apenas de ilusão:
– quem assim vivendo vai,
contrai câncer de pulmão.
.
MAL MENOR
.
Fiz tudo para ela, antigamente,
Fiz tudo pra lhe dar felicidade,
Mas ela, por repúdio, por maldade,
Fazia-me sofrer, amargamente.
.
E agora que por ela, simplesmente,
não sinto nem a falta de amizade,
Ela diz de mim sente saudade,
Pedindo-me que volte, novamente.
.
Não fui e não serei, também, ingrato,
Não volto, simplesmente, pelo fato
De ter medo querê-la mais que a quis,
.
Quando a doença não nos rouba a vida,
O melhor é evitar-se a recaída,
Cortando, assim, o mal pela raiz.

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Orlando Woczikosky

Entrevista realizada pela Revista “Falando de Trovas e de Trovadores” , do Portal CEN,  pelo trovador delegado de Pinhalão/PR,  Lairton Trovão de Andrade.

 O grande poeta e trovador Orlando Woczikosky, Príncipe dos Trovadores do Paraná, o único remanescente vivo dos fundadores da UBT-Paraná (União Brasileira de Trovadores do Paraná), e por sua vasta obra trovadoresca, faz-lhe homenagem com o título singular de “O Mais Ilustre Membro da UBT-Paraná da Atualidade”.

Lairton: Qual o seu nome completo? Onde e quando nasceu? Reside em que cidade?

Orlando: Meu nome completo é Orlando Woczikosky. Nasci no bairro Xaxim, em Curitiba, a 08 de maio de 1927, onde resido.

Lairton: Voltando aos tempos da adolescência, como era a sua cidade natal?

Orlando: Curitiba era pequena, com 110 mil habitantes.

 Lairton: Qual a sua formação profissional?

Orlando: Ginásio Industrial e Técnico Industrial, pela Escola Técnica de Curitiba; Faculdade de Educação da Universidade Federal do Paraná; C.P.O.R. de Curitiba; etc..

Lairton: O Senhor foi, com certeza, um professor bem sucedido, hoje merecidamente aposentado. Em que estabelecimentos de ensino lecionou e que boas lembranças tem das suas atividades docentes?

Orlando: Minha principal atividade foi lecionar Desenho no Senai de Curitiba, por mais de 30 anos. Na Escola Técnica de Comércio de Plácido e Silva, lecionei Desenho e Caligrafia. No Colégio Parthenon, lecionei Desenho e Educação Artística. No Ministério do trabalho, lecionei Leitura e Interpretação de Desenho no Curso de Segurança do Trabalho.

Lairton: Sabemos que é poeta e trovador de méritos inquestionáveis. Como foi seu início na arte de fazer trovas?

Orlando: Minha mãe ao se casar ficou morando com meus avós maternos, onde nasci. Minha avó, Carolina Krumann, gostava muito de quadras populares, declamando-as e me ensinando a declamá-las, nos meus primeiros anos, antes de nos mudar da casa dela.

Quando tive os primeiros contactos com a poesia, principalmente as de versos setissilábicos, notei a grande facilidade em compor meus primeiros versos, mesmo desconhecendo as regras da metrificação.

Em 06 de junho de 1948, escalando o Pico do Marumbi, na Serra do Mar, diante de tal beleza, escrevi a minha primeira poesia de algum valor: Marumbi. Dias depois, mostrando essa poesia ao meu professor de Português, Rosário Farani Mansur Guérios, quando ele me perguntou se eu havia estudado metrificação, respondi-lhe que nunca ouvi falar em metrificação. Ele, veementemente, me disse: “Ou você é mentiroso, ou nasceu Poeta!” Mandou-me procurar o livro Tratado de Versificação, de Olavo Bilac e Guimarães Passos, por meio do qual aprendi outros metros da poesia acadêmica.

Diante do que me disse o saudoso Professor Mansur Guérios, eu deduzi que não era mentiroso nem nasci poeta, escrevi pela cadência dos versos que aprendi com as quadrinhas ensinadas pela minha avó e que ficaram no meu subconsciente.

Após me casar, deixei de escrever por catorze anos.

Numa festa de fim de ano, meu colega de escola e de caçadas na Serra do Mar, o Professor Oswaldo Ormianin, a quem eu havia declamado muitas das minhas poesias do passado, solicitado a falar, declinou do convite, indicando-me para, em vez de discurso, declamar o “Marumbi”.

Para não decepcioná-lo, o fiz, para espanto de todos que não me sabiam poeta. O Diretor Regional do Senai do Paraná, Dr. Antonio Theolindo Trevizan, incumbiu o Professor Aluízio Plombon, Diretor da Escola de Curitiba, a me solicitar todas as minhas poesias para publicar um livro pelo Senai.

Como eu não escrevia há muito tempo, mas sabia muitas, ainda de cor, fui obrigado a escrever novas poesias, que foram enfeixadas no meu primeiro livro, “Crepúsculo da Minha Aurora”.

Nessa época, apresentado ao Escritor Vasco José Taborda Ribas, pelo seu primo, Dr. Apollo Taborda França, que fora meu colega na Escola Técnica e no C.P.O.R. de Curitiba, o Vasco me convidou para sócio do Grêmio Brasileiro de Trovadores, quando tive os primeiros contactos com a arte de trovar.

Lairton: Suas inspirações poéticas o levaram a escrever mais poesias ou trovas?

Orlando: No ínicio, escrevia só poesias, atualmente, com os movimentos trovadorescos surgidos no Brasil, tenho me dedicado mais às trovas.

Lairton: Muitos trovadores têm preferência sobre determinados temas. Alguns falam mais do amor; outros, do sofrimento; outros preferem motivos religiosos… E o Senhor? Qual foi o tema que mais o levou a trovar?

Orlando: Eu sempre fui saudosista, mas aconteceu um fato curioso na minha vida: Minha filha, com nove anos, na época, ouviu na Rádio Clube Paranaense, a instituição de um concurso de trovas de saudade e me pediu que participasse. Escrevi e enviei algumas trovas, despretensiosamente. Minha filha ouviu, no programa seguinte, que eu havia sido contemplado com vários gêneros alimentícios, oferecidos pelo patrocinador do programa. Quis recusar em receber tais prêmios, mas minha filha argumentou que seria indelicado não recebê-los, então eu fui. Ao receber os prêmios, o Dr. Ubiratã Lustosa, apresentador do programa de saudade e Diretor Superintendente da PRB2, Rádio Clube Paranaense, perguntou-me o nome do livro que eu havia copiado tais trovas, dizendo que conhecia a maior parte das melhores trovas de saudade do Brasil e de Portugal e nunca teria ouvido nenhuma das enviadas por mim. Ao lhe afirmar que eu mesmo as escrevi, ele me pediu que continuasse a colaborar, enviando trovas de saudade, ao que concordei em enviá-las, com a condição de não mais como concorrente, mas como mero colaborador. Tempo depois, o Dr. Ubiratã me chamou, perguntando-me quantas trovas eu já havia enviado ao seu programa. Disse-lhe que mais de duzentas. Sugeriu-me que as publicasse em livros de 100 (cem) trovas, como estavam fazendo no Rio de Janeiro, por muitos trovadores. Então, publiquei uma série de livros de trovas alternando-os em saudade e não saudade. Eis aí o porquê de escrever tantas trovas de saudade e continuar a escrevê-las ainda, embora há vinte e cinco anos não tenha mais publicado livros. O Dr. Ubiratã Lustosa, já aposentado, continua, ainda, apresentando o programa “Revivendo”, na Rádio Educativa AM 630, todos os domingos, das sete às oito horas da manhã, quando declama três trovas minhas, de saudade.

Lairton: Pelo visto, o gosto pela trova é universal. Em sua opinião, o que faz com que a trova seja tão fascinante?

Orlando: Na minha opinião, o que faz com que a trova seja tão fascinante é a sua versatilidade. A trova, pelo seu poder de sintetizar, presta-se, como nenhuma outra forma poética, para exaltar qualquer acontecimento, tais como aniversário, nascimento, formatura, pessoas, falecimento etc.. Um dos melhores exemplos do que afirmo é a “Missa em Trovas”, do grande trovador Antonio Augusto de Assis, nascido em São Fidélis, no Estado do Rio de Janeiro, residente na cidade de Maringá, no Estado do Paraná, onde, com sua brilhante inteligência, enaltece aquela cidade.

Lairton: A UBT – Paraná foi fundada numa época de grande efervescência trovadoresca, e o Senhor é um dos seus fundadores. Cite-nos os outros trovadores que participaram da fundação da UBT- Paraná.

Orlando: A União Brasileira de Trovadores, no Estado do Paraná, foi fundada a 10 de setembro de 1966, com a presença da Embaixatriz da Trova, Magdalena Léia, do Rio de Janeiro. Fomos seus fundadores: Vasco José Taborda Ribas, Vera Vargas, Orlando Woczikosky, Ermírio Barreto Coutinho da Silveira, José Augusto Gumy e Oswaldo Portugal Lobato, dos quais, somente eu ainda vivo.

Lairton: O grande valor de uma instituição encontra-se nas suas finalidades. Quando da sua fundação, quais os objetivos da UBT – Paraná?

Orlando: Um dos principais objetivos da fundação da nossa UBT é cultuar e divulgar a trova, bem como promover e formar novos trovadores, o que se comprova pelo grande número de novos trovadores nas escolas e nas cidades do Paraná.

Lairton: Pelos memoráveis anos de duração da UBT- Paraná, sem dúvida, a Entidade obteve sucessos. Que sucessos foram esses?

Orlando: Um dos maiores sucessos, como disse na resposta anterior, foi o grande número de novos trovadores, de novas seções e novas delegacias. Outros grandes sucessos foram os vários concursos, os jogos florais, em várias cidades, como por exemplo, os Jogos Florais de Curitiba, que neste ano realizou a XIV festa dos seus Jogos Florais.

Lairton: O seu primeiro livro editado de poesia tem o título de “Crepúsculo da Minha Aurora”. Onde encontrou inspiração para este título de excelente sugestão poética?

Orlando: Foi numa tarde, quando vi um maravilhoso pôr-do-sol, aliei esse quadro ao alvorecer e formei essa antítese para nominar o meu primeiro livro.

Lairton: O seu repertório trovadoresco é extenso e consistente. Quantos livros de trovas editou? Pretende editar outros?

Orlando: Dez livros de trovas somente minhas e duas Antologias de Trovadores do Paraná. Uma com 10 trovadores e 100 (cem) trovas e outra, com 25 trovadores com 250 (duzentas e cinqüenta) trovas, ambas em colaboração com o meu grande amigo, o Professor Vasco José Taborda. Todos os meus livros foram editados nas oficinas de Artes Gráficas do Senai, quando eu só pagava as custas do material. Publicar novos livros, já não tenho o mesmo entusiasmo nem condições financeiras para novas publicações.

Lairton: Como se pode concluir, brilhante foi sua participação no mundo da Literatura. Seus poemas e trovas foram lidos por centenas e centenas de pessoas. Fazendo uma retrospectiva, valeu a pena ter sido poeta e, principalmente, trovador?

Orlando: Valeu plenamente, porque ser poeta e trovador, principalmente no fim da vida, é muito mais
gratificantes do que possuir qualquer outro título.

Lairton: Fale-nos a respeito da sua grande descoberta sobre “quem nasceu primeiro: O ovo ou a galinha”?

Orlando: O Vasco Taborda me fez aquela pergunta clássica: “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?” Respondi-lhe de imediato: “Nenhum dos dois! Foi o galo!”

Eu deduzi que não descende o maior do menor e, como analogia, se Deus fez por primeiro o homem, certamente, fez por primeiro o galo.

Alguns dias depois, entreguei ao Vasco minha PROVA CONVINCENTE.

Gente sábia ou adivinha,
me responda bem ligeiro:
Quem foi que nasceu primeiro,
foi o ovo ou foi a galinha?

– Deixa comigo que eu falo:
Pela experiência minha,
não foi ovo nem galinha,
Deus fez por primeiro o galo.

Ao ver o galo sem tanga
botando no mundo a goela,
tirou dele uma costela
fazendo dela uma franga.

Depois de uma conversinha
e de uma boa “cantada”
que o galo deu na coitada,
a franga virou galinha.

Assim o casal distinto
caiu na boca do povo:
nascendo o primeiro ovo
e, do ovo, o primeiro pinto.

Esclareci num repente,
essa polêmica antiga.
Quem não gostou que me diga
se há prova mais convincente!

Lairton: Para finalizar, agradecemos ao Prof. Orlando a honra que nos proporcionou. Esta entrevista será divulgada, através do Portal CEN (Cá Estamos nós), para mais de 23.000 endereços eletrônicos de países do mundo que falam a Língua Portuguesa. O Portal CEN, cujo presidente é o grande escritor português Carlos Leite Ribeiro, representa eficiente ponte literária e cultural entre o Brasil e Portugal, prestando indescritível benefício à nossa Literatura. Diante disso, poderia dizer algumas palavras de apreço ao nosso querido PORTAL CEN?

Orlando:

Não tenho computador,
mas pelo valor que tem,
minha nota ao Portal CEN
é nota cem: Com louvor!

 

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Varal de Trovas n. 48 – Elton Carvalho (RJ) e Apollo Taborda França (PR)

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A. A. de Assis (Poeminhas à moda de haicais) Parte 2, final

51.
Tão miudinha a avenca.
Ao lado um coqueiro enorme
súbito despenca.

52.
Fácil se define:
lá distante uma araponga
tine… tine… tine…

53.
Petit à petit,
pombinhos tecem seus ninhos.
Em Paris e aqui.

54.
Vós que, sobrevivos,
a mais que os demais amais,
uni-vos, uni-vos.

55.
Repicam os sinos.
Os mesmos de nós meninos,
na velha matriz.

56.
Colibri esvoaça.
Tem rosa nova, solteira,
no jardim da praça.

57.
Voa, voa, voa,
faz a cera, faz o mel,
abelhinha boa.

58.
Um cisco no chão.
Ah, não era cisco não.
Era uma esperança.

59.
Menino de rua.
Protege-o, Dindinha Lua,
dá-lhe colo, dá!

60.
Pião da saudade.
De uma era em que era franca
a felicidade.

61.
Um vaso de avenca.
Minimíssima floresta.
Mas é verde, é festa.

62
Chocados os ovos,
há o choque dos seres novos.
E a vida prossegue.

63.
Levantar cedinho.
Mens sana in corpore sano.
Ouvir passarinho.

64.
Curvam-se as roseiras.
Jogam as rosas, felizes,
beijos às raízes.

65.
Rola a Lua, rola.
Os mísseis zumbindo ao lado
e ela nem dá bola.

66.
De amor são seus uis.
As lágrimas que ela chora
devem ser azuis.

67.
Lua na montanha.
Me faz um favor, me faz:
sobe lá e apanha.

68.
Crianças na praça
cantando canções de roda.
Volta a paz à moda.

69.
Leio no jardim.
Idéias há e azaléias
em redor de mim.

70.
É um impasse e tanto:
trabalho, o canto atrapalho.
Nesse caso, canto.

71.
Olá, senhor Sol.
Bem-vindo ao nosso domingo.
Praia e futebol.

72.
Ah, havia o espaço.
Ave havia e havia ação.
Ave… avi…ão.

73.
Contam casos… súbito,
Negrinho do Pastoreio
passa bem no meio.

74.
Onda e sol… Floripa.
Tem lugar para mais a um.
Pega a prancha e… tchum!

75.
Trenzinho da serra…
Pa… Pa-ra-ná… Pa-ra-ná…
pra Paranaguá.

76.
De perder a voz.
Água, água, água, água.
Cataratas – Foz.

77.
Presépio do Sul.
Curitiba dos pinheiros
e da gralha azul.

78.
É chegar e amar.
Ri o Rio o ano inteiro.
Samba, sol e mar.

79.
Dim-dim-dão… dim-dão…
Os sinos de San-del-Rey
sempre em oração.

80
Bahia das festas.
De todos os sábios – tantos.
De todos os santos.

81
Aguinha de coco.
Areia, arara, caju.
Ah… é Aracaju.

82
Jangada ao luar.
Lagosta ao vinho depois.
Fortaleza a dois.

83.
Blem… Belém… blem-blem…
No Círio de Nazaré,
os sinos da fé.

84.
O tempo e a distância.
A festa de São Fidélis.
Transfusão de infância.

85
Armas e barões
muito além da Taprobana
ecoam Camões.

86.
Tela brasileira.
Um sabiá na palmeira
de Gonçalves Dias.

87.
Rosa, Rosa, Rosa,
ó Rosa das rosas ledas!
Dos sertões: veredas.

88.
Releio Pessoa.
Finjo tão completamente,
que a tristeza voa.

89.
Leoni, o poeta
da Petrópolis azul.
Alma azul. Raul.

90.
Luar no sertão.
Ah que falta faz Catulo
com seu violão!

91.
Bem-te-vi, Cecília,
nos ramos da madrugada.
Cantando, encantada.

92.
Mais do que Bandeira,
sobretudo Manuel.
Ou mais: man well.

93.
To you, tuiuiú.
Parabéns para você.
Happy bird are you.

94.
New York, New York,
make love, not work.
Ah, I love you!

95.
Passa a teoria
por debaixo do arco-íris.
Vira poesia.

96.
Pilhas de currículos.
Vencedor: o sabiá.
Sabia cantar.

97.
O sorriso é um dom.
Sorrindo você faz lindo
o seu lado bom.

98.
Aplainai as trilhas,
forrai-as de relva e flor.
Vai chegar o Amor.

99.
Brinquemos, irmãos.
Vamos dar as nossas mãos.
Brinquemos de paz.

100.
De braços abertos,
sobe o pinheiro. Subindo,
deixa o céu
m
a
i
s
l
i
n
d
o

Fonte:
A. A. de Assis. Poeminhas (à moda de haicais). Marinha Grande/Portugal: Biblioteca Virtual “Cá Estamos Nós”. Outubro de 2004

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A. A. de Assis (Poeminhas à moda de haicais) Parte 1

01.
O haicai o que é?
Três passinhos de balé.
Leve, leve, leve.

02.
Repousa a lagoa.
Atira-lhe um beijo a Lua.
O poeta voa.

03.
Já não posso vê-la.
Some a gaivota no céu.
Foi virar estrela.

04.
Aguinha da bica.
Pousa o melro, beberica.
Louva a vida – canta.

05.
Florzinha caipira.
Até o girassol, tão nobre,
ao vê-la suspira.

06.
Pombinha no fio.
Horas e horas, de graça,
vigiando a praça.

07.
Lançada a semente,
tem sequência a permanente
criação do mundo.

08.
Se tivesse apoio,
quem sabe algum dia o joio
fosse pão também.

09.
A pombinha desce
numa imagem de Jesus.
Pousa a paz na luz.

10.
Mão de jardineiro.
Num leve toque de amor,
faz do esterco a flor.

11.
Beija o beija-flor.
Beija inteirinho o jardim.
Por ele e por mim.

12.
Tão miudinha a fonte.
E desce, e quanto mais desce,
mais serve e mais cresce.

13.
Velhinhos na grama
jogando conversa fora.
Também jogam dama.

14.
A pomba e a rolinha.
Uma é grande, outra é pequena.
Mas de paz é a cena.

15.
Cheirosa manhã.
Já de longe se adivinha.
Safra da maçã.

16.
Palmeiras solenes.
Guardais nas velhas cidades
saudades perenes.

17.
Ilhazinha branca.
A paineira na floresta
em traje de festa.

18.
Me desperta a neta:
– Olha, vô… é a do poeta.
Borboleta azul.

19.
Toda prosa e airosa,
brinca de vitória-régia
numa poça a rosa.

20.
Um ato de fé.
Lavrador, olhando o céu,
abana o café.

21.
No meu sonho vives.
Na pracinha um cavaquinho
trina o Autumn leaves.

22.
Um pingo… dois pingos…
não parou mais de pingar.
E se fez o mar.

23.
Acorda a esperança.
Nos quintais da vizinhança
dá a notícia o galo.

24.
Pari passu venho.
Paro. Com ternura abraço
o meu par e passo.

25.
Sujaram meu rio.
Ele, que lavava as gentes,
não lavou as mentes.

26.
Um pulo, medalha.
Milhões de cabeças boas
tão longe das loas.

27.
Livros à mão-cheia.
Saúde, alegria e pão.
Que revolução!

28.
Apress

a-se o mar.
No capricho, porque a noite
será de luar.

29.
Gostosa estação.
Teu beijo, fondue de queijo,
pipoca, pinhão.

30.
Cerração na serra.
Súbito some no espaço
o planeta Terra.

31.
La nieve en la noche.
Vino tinto, un viejo tango.
Sueño em Bariloche.

32.
O orvalho, na relva,
Nem nota que o rio enorme
vai rasgando a selva.

33.
A roda-gigante
roda, roda, roda, roda.
Me refaz infante.

34.
A Lua passeia
boêmia no cio e cheia.
Namorando o mar.

35.
Sempre assim supus.
Pirilampo ou vaga-lume,
tanto faz: é luz.

36.
Relampeja e… trooom!,
ronca forte a trovoada.
Estoura a boiada.

37.
A sibipiruna
seus fartos cachos derrama.
Deixa o asfalto em chama.

38.
Um pingo de chuva
brincando em cima da uva.
Rola e rega o chão.

39.
O tempo se foi.
Distante passa cantante
um carro de boi.

40.
Vento sobre o trigo.
Louro oceano ondulando.
O pão madurando.

41.
Levanta o avestruz
o pescoço. Periscópio
procurando luz.

42.
A semente grá-
vida leva a vida impá-
vida para a frente.

43.
Delicadas, belas,
rosas brancas, amarelas…
Que poeta é Deus!

44.
Cai, haicai, balão.
Traz o céu, o azul, a luz:
põe na minha mão.

45.
Desce o rio a serra.
Leva as lágrimas da terra
pra fazer o mar.

46.
Chocadeira elétrica.
Fornadas de pintainhos
sem colo, tadinhos.

47.
Quero-quero-quero.
A bem-querida aparece.
O amor acontece.

48.
Lua nova e meia.
Tão crescente, logo casa,
vira lua cheia.

49.
O boi e o arado.
Joga veneno o avião
por sobre o passado.

50.
Rude perobeira.
Dá-lhe a orquídea um leve toque
de namoradeira.

Fonte:
A. A. de Assis. Poeminhas (à moda de haicais). Marinha Grande/Portugal: Biblioteca Virtual “Cá Estamos Nós”. Outubro de 2004

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Ligia Tomarchio (1955)

Ligia Scholze Borges Tomarchio nasceu em Maringá, Paraná, em 24/11/1955, mas sempre viveu em São Paulo.

Começou a escrever na adolescência como muitos e foi colecionando seus textos. Não fez curso algum relacionado à literatura, tudo que sabe, aprendeu lendo e praticando.

Lígia se considera, com toda razão, uma autodidata.

Participou de algumas Oficinas Literárias em 1989/90, na “Casa Mário de Andrade”, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Todas coordenadas por escritores e poetas de renome. Foi amadurecendo literáriamente.

Fez parte da UBTSP – União Brasileira de Trovadores de São Paulo, ativamente, por um período de um ano.

Sua formação é de nível superior, é formada na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, em Licenciatura em Educação Artística para 1º Grau e nunca lecionou.

Ela gosta mesmo é de escrever e com seu ingresso na Internet conseguiu se realizar como poeta. Publicou poesias em vários sites de amigos, recebeu muitos prêmios de outros sites e publicou alguns livros virtuais e impressos.

Tem um livro impresso, publicado em 2004, intitulado “Retendo Imagens”, lançado na Bienal do Livro de São Paulo.

Participou de várias antologias poéticas, uma publicada em Portugal, sem contar na publicação dos seus textos em vários e-books e sites de amigos.

Fonte:
http://www.ligia.poeta.ws/
http://artculturalbrasilreinodapoesia.blogspot.com.br/2009/03/ligia-tomarchio.html

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Varal de Trovas n 40 – Clevane Pessoa (Belo Horizonte/MG) e José Feldman (Maringá/PR)

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Isabel Furini (Rosas)

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24 de agosto de 2013 · 02:36

Varal de Trovas n 37 – Amália Max (Ponta Grossa/PR) e Wanda de Paula Mourthé (Belo Horizonte/MG)

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Varal de Trovas n 35 – Cyroba Ritzman (Curitiba/PR) e Maria Eliana Palma (Maringá/PR)

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Varal de Trovas n 33 – Wandira Fagundes Queiroz (Curitiba/PR) e Francisco José Pessoa (Fortaleza/CE)

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Varal de Trovas n 31 – Gislaine Canales (Balneário Camboriú/SC) e Vânia Ennes (Curitiba/PR)

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Varal de Trovas n 30 – Alba Krishna Topan Feldman (Maringá/PR) e Silvia Moreira (Uberaba/MG)

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Varal de Trovas n 29 – Helena Kolody (Curitiba/ PR) e Soares da Cunha (Governador Valadares/ MG)

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Varal de Trovas n 27 – Alberto Paco (Maringá/PR) e Ademar Macedo (Natal/RN)

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Varal de Trovas n 26 – Wilma Mello Cavalheiro (Pelotas/ RS) e Luiza Pontes Rosa (Curitiba/ PR)

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Varal de Trovas n 24 – Carolina Ramos (Santos/ SP) e Nei Garcez (Curitiba/ PR)

 

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Lenda do Negrinho do Pastoreio

Era o tempo da escravidão e um menino negrinho, pretinho que nem carvão, humilde e raquítico era escravo de um fazendeiro muito rico, mas por demais avarento. Se alguém necessitasse de um favor, não se podia contar com este homem. Não dava um níquel a ninguém e seu coração era a morada de uma pedra, não nutria qualquer sentimento por ninguém, a não ser por seu filho, um menino tão malvado quanto seu pai, pois afinal, a fruta nunca cai muito longe da árvore. Este dois eram extremamente perversos e maltratavam o menino-escravo desde do raiar do dia, sem lhe dar trégua. Este jovenzinho não tinha nome, porque ninguém se deu sequer o trabalho de pensar algum para ele, assim respondia pelo apelido de “negrinho”.

Seus afazeres não eram condizentes com seu porte físico, não parava o dia inteiro. O Sol nascia e lá já estava ele ocupado com seus afazeres e mesmo ao se por, ainda se encontrava o negrinho trabalhando. Sua principal ocupação era pastorear. Depois de encerrar seu laborioso dia, juntava os trapos que lhe serviam de cama e recebia um mísero prato de comida, que não eram suficientes para repor as energias perdidas pelo sacrificado trabalho.

Mesmo sendo tão útil, considerado mestre do laço e o melhor peão-cavaleiro de toda a região, o menino era inúmeras vezes castigado sem piedade.

Certa vez, o estanceiro atou uma carreira com um vizinho que gabava-se de possuir um cavalo mais veloz que seu baio. Foi marcada a data da corrida e o negrinho ficou encarregado de treinar e montar o famoso baio, pois sabia seu patrão, não haver ninguém mais capaz que ele para tal tarefa.

Chegando o grande dia, todos os habitantes da cidade, vestindo suas roupas domingueiras, se alojaram na cancha da carreira. Palpites discutidos, apostas feitas, inicia-se a corrida.

Os dois cavalos saem emparelhados. Negrinho começa a suar frio. pois sabe o que lhe espera se não ganhar. Mas, aos poucos toma a dianteira e quase não há dúvida de que seria vencedor. Mas, eis que o inesperado acontece, algo assusta o cavalo, que para, empina e quase derruba Negrinho. Foi tempo suficiente para que seu adversário o ultrapasse e ganhe a corrida.

E agora? O outro cavalo venceu. Negrinho tremia feito “vara verde” ao ver a expressão de ódio nos olhos de seu patrão. Mas o fazendeiro, sem saída, deve cobrir as apostas e põe a mão no lugar que lhe mais caro: o bolso.

Ao retornarem à fazenda, o Negrinho tem pressa para chegar a estrebaria.

– Aonde pensa que vai? pergunta-lhe o patrão.

– Guardar o cavalo sinhô! Balbuciou bem baixinho.

– Nada feito! Você deverá passar trinta dias e trinta noites com ele no pasto e cuidará também de mais 30 cavalos. Será seu castigo pelo meu prejuízo. Mas, ainda tem mais, passe aqui que vou lhe aplicar o devido corretivo.

O homem apanhou seu chicote e foi em direção ao menino:

– Trinta quadras tinha a cancha da corrida, trinta chibatadas vais levar no lombo e depois trata de pastorear a minha tropilha.

Lá vai o pequeno escravo, doído até a alma levando o baio e os outros cavalos à caminho do pastoreio. Passou dia, passou noite, choveu, ventou e o sol torrou-lhe as feridas do corpo e do coração. Nem tinha mais lágrima para chorar e então resolveu rezar para a Nossa Senhora, pois como não lhe foi dado nome, dizia-se afilhado da Virgem. E, foi a “santa solução”, pois Negrinho aquietou-se e então cansado de carregar sua cruz tão pesada, adormeceu.

As estrelas subiram aos céus e a lua já tinha andado metade de seu caminho, quando algumas corujas curiosas resolveram chegar mais perto, pairando no ar para observar o menino. O farfalhar de suas asas assustou o baio, que soltou-se e fugiu, sendo acompanhado pelos outros cavalos. Negrinho acordou assustado, mas não podia fazer mais nada, pois ainda era noite e a cerração como um lençol branco cobria tudo. E, assim, o negrinho-escravo sentou-se e chorou…

O filho do fazendeiro, que andava pelas bandas, presenciou tudo e apressou-se em contar a novidade ao seu pai. O homem mandou dois escravos buscá-lo.

O menino até tentou explicar o acontecido para o seu senhor, mas de nada adiantou. Foi amarrado no tronco e novamente é açoitado pelo patrão, que depois ordenou que ele fosse buscar os cavalos. Ai dele que não os encontrasse!

Assim, Negrinho teve que retornar ao local do pastoreio e para ficar mais fácil sua procura, acendeu um toco de vela. A cada pingo dela, deitado sobre o chão, uma luz brilhante nascia em seu lugar, até que todo lugar ficou tão claro quanto o dia e lhe foi permitido, desta forma, achar a tropilha. Amarrou o baio e gemendo de dor, jogou-se ao solo desfalecido.

Danado como ele só e, não satisfeito com já fizera ao escravo, o filho do fazendeiro, aproveitou a oportunidade de praticar mais uma maldade dispersa os cavalos. Feito isso, correu novamente até seu pai e contou-lhe que Negrinho havia encontrado os cavalos e os deixara fugir de propósito. A história se repete e dois escravos vão buscá-lo, só que desta vez seu patrão está decidido em dar cabo dele. Amarrou-o pelos pulsos e surrou-o como nunca. O chicote subia e descia, dilacerando a carne e picoteando-a como guisado. Negrinho não agüentou tanta dor e desmaiou. Achando que o havia matado, seu senhor não sabia que destino dar ao corpo. Enterrá-lo lhe daria muito trabalho e avistando um enorme formigueiro jogou-o lá. As formigas acabariam com ele em pouco tempo, pensou.

No dia seguinte, o cruel fazendeiro, curioso para ver de que jeito estaria o corpo do menino, dirigiu-se até o formigueiro. Qual sua surpresa, quando o viu em pé, sorrindo e rodeado pelos cavalos e o baio perdido. O Negrinho montou-o e partiu a galope, acompanhado pelos trinta cavalos.

O milagre tomou o rumo dos ventos e alcançou o povoado que alegrou-se com a notícia. Desde aquele dia, muitos foram os relatos de quem viu o Negrinho passeando pelos pampas, montado em seu baio e sumindo em seguida por entre nuvens douradas. Ele anda sempre a procura das coisas perdidas e quem necessitar de seu ajutório, é só acender uma vela entre as ramas de uma árvore e dizer:

Foi aqui que eu perdi
Mas Negrinho vai me ajudar
Se ele não achar
Ninguém mais conseguirá!

Esta é a mais linda e popular lenda fraternal gaúcha. Ela representa um grito de repúdio aos maus-tratos com o ser humano. Reflete a consciência de um povo (gaúchos) que deliberadamente condenou a agressão e a brutalidade da escravidão. É uma lenda sem dono, sem cara, sem raça é a lenda de todos nós, que lutamos dia-a-dia nesta terra de excluídos.

O Negrinho do Pastoreio é a formatação de um arquétipo do inconsciente coletivo e podemos vê-lo como uma manifestação de uma consciência coletiva repleta de ideologias que são transmitidas pela cultura e linguagem que nós utilizamos quando estamos sujeitos a algo.

A escravidão ainda persiste, embora incógnita e camuflada, mostra sua terrível face nas sub-habitações circunvizinhas às metrópoles. Esta questão social, tem a cada dia afastado a classe média de uma consciência do real problema e que por medo ou omissão, mantêm-se afastada e enclausurada em suas fortalezas gradeadas.

A lenda do Negrinho do Pastoreio possui versões no Uruguai e na Argentina, lugares onde praticamente a escravidão inexistiu, portanto, aqui configura-se uma verdadeira “exportação” da lenda gaúcha. A sua versão mais antiga é a de propriedade de Apolinário Porto Alegre, “O Crioulo do Pastoreio” de 1875, quando ainda existia a escravidão no país. João Simões Lopes Neto, publicou em 1913 as “Lendas do Sul”, onde concretizou algumas alterações, introduzindo o baio, as corujas e a Nossa Senhora.

No Rio Grande do Sul, o Negrinho é símbolo da Caixa Econômica Estadual. É encontrada outra homenagem à ele na sede do Governo do Estado, no Salão Nobre que leva o seu nome. Lá encontramos afrescos do famoso pintor Aldo Locatelli que reconta sua história na versão de Lopes Neto.

Inúmeros poetas e trovadores, já cantaram e escreveram sobre esta lenda, sendo que o mais famoso dos poemas pertence à Barbosa Lessa (abaixo)

Negrinho do Pastoreio
Barbosa Lessa

“Negrinho do Pastoreio
Acendo essa vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi

Negrinho do Pastoreio
Traz a mim o meu rincão
Eu te acendo essa velinha
Nela está o meu coração

Quero rever o meu pago
Coloreado de pitanga
Quero ver a gauchinha
A brincar na água da sanga

E a trotear pelas coxilhas
Respirando a liberdade
Que eu perdi naquele dia
Que me embretei na cidade”.

Fonte:
http://www.rosanevolpatto.trd.br

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Varal de Trovas n 22 – Ialmar Pio Schneider (Porto Alegre/ RS) e Jeanette De Cnop (Maringa/ PR)

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Varal de Trovas n 21 – A A de Assis (Maringá/ PR) e Nemesio Prata Crisostomo (Fortaleza/ CE)

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Varal de Trovas n 19 – Cristiane de França Borges Brotto (Curitiba/PR) e Antonio Juraci Siqueira (Belém/PA)

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Varal de Trovas n 16 – Arlene Lima (Maringá/PR) e Pedro Emilio (São Fidélis/ RJ)

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Varal de Trovas n 14 – Ialmar Pio Schneider (Porto Alegre/RS) e Cônego Benedito Vieira Telles (Maringá/PR)

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Varal de Trovas n 11 – Jose Feldman (Maringá/PR) e Mario de Sá-Carneiro (Lisboa/Portugal)

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Varal de Trovas n 10 – A. A. de Assis (PR) e Aloísio Alves da Costa (CE)

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Nota:
Aloísio Alves da Costa nasceu em 1935, em Umari/CE e faleceu em 2010, em Fortaleza/CE.

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Varal de Trovas n 8 – Cyroba Ritzman (PR) e Emilia Penalba Esteves (Portugal)

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Varal de Trovas n. 4 – A. A. de Assis (PR) e Dáguima Veronica (MG)

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Orlando Woczikosky (Livro de Trovas)

A cantar, a minha vida,
eu canto em qualquer cidade,
mas minha terra querida,
eu não canto sem saudade!

Agora sou nau sem rumo,
Que zarpou da mocidade,
Para encalhar, eu presumo,
No banco duma saudade.

A mãe da gente é uma luz
que brilha, brilha e rebrilha:
dá-nos vida e nos conduz
pela mais sagrada trilha.

Amor que não tem saudade,
é planta que não dá flora;
amor que é amor de verdade,
na saudade é mais amor.

A mulher é diferente
no terreno da emoção:
– O homem diz sim e consente,
ela consente e diz não!

A nossa UBT querida
é meu verdadeiro amor,
faz parte da minha vida
como a um jardim, uma flor.

Às vezes, na multidão,
estou só sem ver ninguém,
porque a maior solidão
é estar longe do meu bem.

A vagar pela cidade
Hoje, bem longe de ti,
Vejo, através da saudade,
O tesouro que perdi.

Beba água mineral
e viva despeocupado,
porque água só faz mal
para quem morre afogado.

Cônscio de que nada valho,
quando te beijo, formosa,
eu sou uma gota de orvalho
que tremeluz numa rosa.

Convidei a minha sogra
pra passear no Butantã:
a velha mordeu a cobra,
e a cobra ficou tantã!

Curitiba, paraíso
Que mil encantos encerra,
Linda Cidade-Sorriso:
– Sorriso da minha terra!

Dezoito anos de idade
Completei no fim da guerra,
No fim da calamidade
Que tingiu de sangue a terra.

Dentro de certas pessoas
há duas forças latentes:
uma que as trona tão boas,
outra que as vira serpentes.

Desde que cedo me acordo,
Até que à noite me deito,
Com saudade te recordo,
Meu único amor perfeito!

Em noites de lua cheia,
no tênue alvor que se espraia,
minha alma foge e vagueia,
perambulando na praia.
 
É nobre quem não exalta
vitória já conquistada,
pois a nobreza mais alta
é vencer sem dizer nada.

É nos olhos que a pimenta
quando toca nos magoa:
quem tem sogra não a aguenta,
quem não tem diz que ela é boa.

Esta saudade é uma luz,
Na noite da minha vida,
O guia que me conduz
À tua imagem, querida.

Eu fui a tua metade
E foste a minha, porque,
Agora, só na saudade
Inteiro a gente se vê!

Eu não gosto de sorteio
Porque a sorte é contra mim:
Talvez porque eu seja feio,
De uma feiura sem fim.

Eu não troco uma jazida
De ouro puro e refinado,
Por uma hora vivida
Na saudade do passado.

Eu nasci pobre na vida,
no entanto sei quanto valho,
pois conheço a dor sentida
dos que tombam no trabalho.

Felicidade é a esperança
que está sempre em nós presente,
mas a gente não a alcança
e ela não alcança a gente!

Flavo sol que as flores pintas
com doce tonalidade,
empresta-me as tuas tintas,
quero pintar a saudade.

Minha avó, que já está morta,
queria tudo perfeito:
até fazendo uma torta,
fazia torta direito.

Não fosse a necessidade
De tanto, tanto te amar,
Sufocaria a saudade
Nas profundezas do mar.

Não me comove a riqueza,
E nem lhe adoro a conquista,
Pois, em saudade e pobreza
Também sou capitalista.

Não te incomodes, querida
Se o meu peito a dor invade,
Pois, são temperos da vida
A dor, o amor e a saudade.

Não vim para te dar um beijo,
vim pra te dar muito mais,
vim dizer que te desejo
O melhor dos teus Natais!

Natal é uma festa linda,
festa de luz e esplendor,
que nos rememora a vinda
De Jesus, Nosso Senhor.
 
Nesta vida de percalços
todo mundo tem defeitos,
mas entre honestos e falsos
todos se julgam perfeitos.

Neste ano, peça a Deus,
que a todos, como a você,
os mesmos tesouros seus,
aos seus semelhantes dê.

Ninguém proíbe que morras
nas tuas loucuras andanças,
mas dirigindo não corras
para não matar as crianças.

No dia dos namorados
fico triste, simplesmente,
por ver que há muitos coitados
sem ter a quem dar presente.

O amor é a coisa mais bela
deste mundo encantador!
E é você quem me revela
toda a beleza do amor!

O amor é igual à comida:
demais, não se dá valor;
quando falta em nossa vida,
dá-se a vida pelo amor!

Oh! doce mundo da infância,
todo em saudade tecido,
a recordar-te a distância,
eu choro por ter crescido.

Para trovar, certamente,
não bastam apenas rimas;
trovador inteligente
faz das trovas obras-primas.

Pela guerra não há glória:
– Perder, vencer, tanto faz!
– A verdadeira vitória,
só se alcança pela paz!

Por mais que hoje louve a vida
dos que fazem bem por lei,
trago n’alma a dor sentida,
dos males que pratiquei.

Pra me esquecer de você,
Tenho rezado à vontade!
Mas não te esqueço, porque
A minha reza é saudade.

Quando a trova justifica
sobejamente a valia,
– Rima pobre ou rima rica –
sempre é grande poesia.

Quando em meus braços te aperto,
todo o infinito sorri,
porque a vida é um céu aberto
quando estou perto de ti.

Quando tu fores velhinha
E eu também, da mesma idade,
Sentirás saudade minha,
Sentirei de ti saudade.

Quem diz que não tem saudade
e se é verdade o que diz,
não teve a felicidade
de já ter sido feliz.

Quem pratica a Medicina
espelhando-se em Jesus,
por certo Deus ilumina
com sua divina Luz.

Quem se afunda na bebida,
para afogar sua mágoa,
descobre, no fim da vida,
que a melhor bebida é água.

Que não valha a minha trova
por nada do que ela exiba,
senão por tudo o que prova
do valor de Curitiba.

Revivendo, na saudade,
a minha casa paterna,
Choro! Mas tenho vontade
que a saudade seja eterna.

Saudade é a lembrança viva
Daquilo que já morreu;
É fogo que inda se ativa
Das cinzas do escombro seu.

Saudade é coisa que nasce
À tona do pensamento,
E, por mais que o tempo passe,
Paramos nesse momento.

Saudade é lua que vaga
Nas sombras do sol do amor;
Quanto mais o sol se apaga,
Mais a lua traz langor.

Saudade é luz matutina
no crepúsculo da gente.
Sol que o passado ilumina
quando escurece o presente.

Se, à noite, chega o negror
E todo o meu ser invade,
Clareia-se o meu amor,
Dentro da luz da saudade.

Se eu de você fico ausente
e alguém os meus olhos vê,
lendo os meus olhos pressente,
no fundo deles, você!

Se partes, fica o desgosto
da minha alma sem a tua,
e eu pareço um rei deposto
perambulando, na rua.

Ser Presidente de Honra
da UBT, é, para mim,
mais do que uma simples honra,
é uma lisonja sem fim.

Sou feliz por te dizer,
em palavra comovida,
que minha vida é um prazer
se há prazer na tua vida.

Trocando sempre teus ares,
foges de mim com prazer;
mas apesar dos pesares
eu não te posso esquecer.

Tudo que é bom, nesta vida,
foge-nos celeremente,
somente a dor mais sentida
fica na vida da gente.

Vermelho igual ao tomate,
meu coração é um bife:
quanto mais alguém lhe bate,
mais amolece o patife.

Fonte:

José Feldman (org, sel, ed.). Trova Brasil numero 10 – abril de 2013

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Trova 259 – A. A. de Assis (Maringá/PR)

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3 de abril de 2013 · 15:10

Marilda Confortin (Cristais Poéticos)

ÚLTIMO ALMOÇO

(Quem vai pagar a conta
dessa falta de fome
que nos consome?)

Não há mais nada interessante
nas paredes do restaurante.
Os velhos marujos de gesso
nos conhecem pelo avesso.
A coleção de nós de corda de navios
combina com nossos laços frios.
As teclas do piano
desafinaram com os anos.

Nada mais nos desafia,
Não nos afinamos mais.

Somos um quadro antigo,
jogado às moscas,
num restaurante falido.

Não adianta disfarçar,
falando do tempo.
Não vai chover,
nem esquentar,
nem esfriar.

Não há mais tempo.

GOTA A GOTA

Nasci.
Era um poço raso, vazio;
com cinco filtros perfeitos
e um sexto,
que às vezes fazia sentido.

Através deles,
como um dreno ao viés,
a vida me foi preenchendo: gota a gota.

Primeiro, assentou pedras, as mais pesadas,
depositadas bem no fundo da infância.
Serviram para controlar a umidade da alma
e fixar meus pés no chão.

(Nasci tão leve e líquida. Não fosse esse peso,
eu seria um pássaro ou um peixe.)

Depois, a vida pregou-me outras peças.
Encaixou-as umas sobre as outras,
deixando raros intervalos entre elas.
Por esses vãos,
circularam rios de sentimentos.

E assim,  foi fazendo seu trabalho.
Construindo-me.
Habitou-me de amigos, amores, filhos.
Ergueu paredes, dividiu-me.
Plantou jardins, porões, sótãos, teias.
Quando percebi, estava cheia.

Comecei a escavar-me.
Estou quase no  fim.
Purgando: gota a gota
Abrindo espaços dentro de mim.

SONIDOS DE NASCIMENTO E MORTE
Entrei numa fase muito sensível.
Sinto muito.
Muito mais que expresso.

Parece sem sentido, mas,
inícios e fins têm o mesmo ruído.

Fecho os olhos.
Recém nasci.
Menina.
Minha mãe me nina.

Primeiros sons:
O coração dela batendo
no mesmo compasso da velha cadeira de balanço.
(uma perna mais gasta que a outra)

Tum-tuum, Tum-tuum, Tum-tuum…

CLARÃO DA LUA
Poema de Marilda Confortin, música de Marco Guiraud

O teu clarão entra pela janela
Invade as profundezas do meu coração
Que bate forte, feito bateria
Num concerto ao vivo, cheio de emoção

Me faz lembrar o tempo em que a vida
Era curar feridas feitas pelo amor
Em que habitavas todas as esquinas
Como lamparina a me fazer cantor

Mas que saudades da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas, todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar

Das caminhadas pela noite adentro
Com tua presença a me acompanhar
Balet mais lindo, vinhas me seguindo
Um passo atrás do outro até quase alcançar

Estou sentindo aquela nostalgia
Parece magia, que me faz sair
Viola em punho, o sangue fervendo
Coração batendo, querendo explodir

Vem minha musa, sou teu seresteiro,
Vem, me toma inteiro, me faz recordar
Mais que amantes, éramos errantes
Sempre que o dia vinha nos matar

Mas que saudades, da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar

Minhas lembranças vão me absorvendo
E eu quase cedendo, acho que vou chorar
Não sei se vale, mas tô com vontade
De matar saudades de você, luar.

AH, MEU FILHO

Ah… meu filho…
Quando é que você vai crescer?
Quando vai aprender
a descascar cebolas
sem chorar por elas?

Protege esse peito do frio,
calce sapatos,
cuidado pra não se ferir
nos próprios cacos.

Quando é que você parar
de amar tanto,
deixar de ser santo
aprender a ser mau
igual àqueles que partiram,
que feriram seu coração?

Ah… Meu coração….

Quando é que vou aceitar
que você já cresceu
e não tem medo
de se machucar
feito eu?

VOLÚVEL

Tem hora, sou da paz.
Quero casa, casar,
morar num harém,
ser oásis, caça,
presa, amélia, amém.

Às vezes, creio em buraco negro,
camada de ozônio, câncer no seio,
falta de hormônio, aids, escorbuto,
mundo corrupto, degelo, desgraça,
apocalipse… Vixe!

Noutras, acho graça
do que disse.
Quero viver mais cem anos
curtir a velhice,
fazer planos,
artes plásticas,
ginástica,
poesia, música,
teatro, cinema,
amor…
Ontem te amei.
Hoje, não sei.

SEM MEDIDAS

Quem mediu o dia
não nos conhecia,
nem sabia nada
sobre nosso amor.

Se soubesse,
não se atreveria
a findar o dia
ao amanhecer.

Hoje
vai ter tantas horas
que, quem sabe, agora
já seja amanhã.
No entanto,
para nós,
é tão cedo ainda;
é ainda ontem;
ainda é dia,
nem anoiteceu.

Nosso amor ninguém mensura.
Dura enquanto o tempo para.
Para enquanto lua.
Lua enquanto há mar.

Fonte:
http://www.iscapoetica.blogspot.com.br

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José Feldman (Paraná Poético n. 4 – Helena Kolody)

Paraná Poético numero 4 com a poetisa Helena Kolody.
60 páginas com sua biografia, artigos sobre Kolody além de muitos versos de sua autoria.
Além de Helena, mais 30 páginas com poesias de poetas paranaenses, como Adélia Maria Woellner, Andréa Motta, Isabel Furini, Janske Schelenker, Jeanette DeCnop, Lúcia Constantino, Roza de Oliveira, Rubens Luiz Sartori e muitos outros.

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Mario Zamataro (Lances)

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23 de março de 2013 · 17:33

A. A.de Assis (A Trova na Imagem 9)

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23 de março de 2013 · 16:07

A. A. de Assis (A Trova na Imagem 8)

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17 de março de 2013 · 21:07

Trova 254 – José Feldman (PR)

Imagem: Libreria Fogola Pisa

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Helena Kolody (Bola de Cristal)

Montagem por José Feldman

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A. A. de Assis (A Trova na Imagem 6)

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5 de março de 2013 · 19:44

A. A. de Assis (A Trova na Imagem 5)

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3 de março de 2013 · 22:51

Trova 250 – José Feldman (Maringá/PR)

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3 de março de 2013 · 00:36

Helena Kolody (O Dom da Alegria)

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26 de fevereiro de 2013 · 14:09

A. A. de Assis (A Trova na Imagem 4)

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26 de fevereiro de 2013 · 13:57

Helena Kolody (Qual?)

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24 de fevereiro de 2013 · 21:56

A. A. de Assis (A Trova na Imagem 3)

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24 de fevereiro de 2013 · 21:39