Arquivo do mês: março 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 511)


Uma Trova de Ademar

Todo amigo verdadeiro
tem sempre a mão estendida
para livrar seu parceiro
dos escorregões da vida!…
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

A minha grande alvorada
será eterna … Eu suponho!
Se um sonho não der em nada …
Eu troco por outro sonho!
–DILVA MORAES/RJ–

Uma Trova Potiguar

Só uma prisão eu respeito,
quando rendo-me à paixão…
Qualquer castigo eu aceito,
se a cela é o teu coração!
–FRANCISCO MACEDO/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

A desgraça no mais forte
mais robustece a esperança;
nunca descreias da sorte;
quem espera sempre alcança.
–SOARES BULCÃO/CE–

Uma Trova Premiada

2010 – Ribeirão Preto/SP
Tema – VIAGEM – M/H

De viagem, vem o vento
e beija a flor quando passa…
É um amor só de momento
como tantos que há na praça.
–MARINA BRUNA/SP–

Simplesmente Poesia

Feridas
–ELISA ALDERANI/SP–

Abri a gaveta das lembranças
Tirei tudo o que dentro estava.
Fechei todas as portas e janelas,
Não queria que elas saíssem por ai,
Para espalhar minha historia.
O mundo está cheio
De palavras inúteis.
Não enobrecem a vida.
Preciso agora descobrir
Os segredos da alma:
Curar, ungir, suturar feridas…
Sutis, apodrecidas.
Dobras doentes
Procurando refrigério,
Procurando alento,
Na simples caricia
Do toque do vento…
Depois, com carinho, guardo-as novamente,
Na última gaveta da minha mente.

Estrofe do Dia

Morre a noite, nasce a aurora
com seu brilho radiante
e nesse preciso instante
em que as trevas vão embora
surge no céu, sem demora,
para cumprir seu afã,
com sua mão tecelã,
o Sol, rendeiro celeste,
e, com véu dourado, veste
os seios nus da manhã!
–JURACI SIQUEIRA/PA–

Soneto do Dia

Inspiração.
–THALMA TAVARES/SP–

Encantada senhora de meus passos
que em tudo pões a flor da poesia,
que me acorrentas em teus meigos braços
quando te fazes minha estrela guia.

Teu servo sou, sem peias nem cansaços,
– escravo desse fogo que alumia
meu dia, minha noite, meus espaços
num misto de prazer e de agonia.

Não te peço alforria. Em minha senda
a tua luz uma outra luz desvenda
e põe um facho em minha escuridão.

És fenômeno antigo e sempre raro.
Não vale a vida sem o teu amparo
nem vale o verso sem o teu clarão.

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Paulo Leminski (Uma carta uma brasa através)

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31 de março de 2012 · 02:28

José Feldman (Almanaque O Voo da Gralha Azul n.9 e Homenagem a Francisco N. de Macedo)


Caro/a Leitor/a

Após um tempo sem internet devido a minha mudança de endereço (novo endereço está no Almanaque), além de todas confusões para efetuar a mudança e entrega de casa, volto a atividade. Já havia recebido reclamação de meu afastamento.
Portanto, VOLTEI!

Mas, neste meio tempo, não estacionei, fui elaborando o Almanaque O Voo da Gralha Azul, número 9, jan/fev/mar 2012, com 233 páginas, faça o download AQUI. Além de um suplemento especial (24 páginas) em homenagem ao grande poeta potiguar recentemente falecido, Francisco Neves de Macedo, irmão de nosso querido Ademar Macedo. Faça o download do suplemento, AQUI.

Alguns dos textos incluídos para atiçar a curiosidade do leitor:

O Poema das sete faces, de Carlos Drummond e a análise dele.
O conto Trio em Lá menor, de Machado de Assis, e análise do conto.

Artigos como
Uma “redescoberta” da Literatura Africana no Brasil, por ADELTO GONÇALVES
A Identidade da Mulher Indígena na Escrita de Zitkala-Ša e Eliane Potiguara, por ALBA KRISHNA TOPAN FELDMAN
A poesia epigramática do Amin Nordine ou a Babalaze do Atirador das Verdades, por AMOSSE MUCAVELE
Outra Época e um Poeta Inesquecível, por IALMAR PIO SCHNEIDER
A Importância dos Contos de Fadas no Desenvolvimento da Imaginação, por JULIANA BOEIRA DA RESSURREIÇÃO

Contos/Crônicas
ABÍLIO PACHECO: Cheiro de café
AMOSSE MUCAVELE: Carta do aniversariante no dia em que não se fará a festa
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA: A canção que tocou no meio da noite ; Caminho sem Volta
CAROLINA RAMOS: Como de Costume…
CLÁUDIO DE CÁPUA : Galo Doidão
DALTON TREVISAN : Em Busca da Curitiba Perdida
OLIVALDO JÚNIOR : Fim de Linha
RACHEL DE QUEIROZ : Os Dois Bonitos e os Dois Feios
VICÊNCIA JAGUARIBE : A Decisão ; Por uma nota de dez reais

FOLCLORE
LENDAS INDÍGENAS
Lenda de Iaraguaçu, por LUIZ EDUARDO CAMINHA
PARLENDAS

HAICAIS

ACADEMIA RIBEIRAOPRETANA DE POESIA, HAICAIS, 1996
AFRÂNIO PEIXOTO
JOÃO JUSTINIANO DA FONSECA
NILTON MANOEL

Mensagens Poéticas, por ADEMAR MACEDO

POESIAS

AMÉRICO FACÓ
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG
CECIM CALIXTO
EDMAR JAPIASSÚ MAIA
EFIGÊNIA COUTINHO
HÉRON PATRÍCIO
IALMAR PIO SCHNEIDER
INOEMA NUNES JAHNKE
NILTO MACIEL
PEDRO DU BOIS
PROF.GARCIA
ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE
SILVIAH CARVALHO
SOLANO TRINDADE
entre outros

TROVAS

CLÁUDIO DE CÁPUA
CORNÉLIO PIRES
DODORA GALINARI
MILTON LOUREIRO
PARANÁ TROVADORESCO

Boa Leitura

P.S.: Breve, Minas Gerais Trovadoresco

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Concurso Literário – Prêmio “Professor Mário Clímaco” (Inscrições abertas)


ACADEMIA DE LETRAS, CIÊNCIAS E ARTES DE PONTE NOVA – ALEPON

1º) – A Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova – ALEPON, fará realizar o VII CONCURSO LITERARIO – Prêmio “Prof. Mário Clímaco”, que constará de duas categorias – Poesia e Crônica, de âmbito nacional.

2°) – Podem concorrer pessoas de ambos os sexos, com a idade mínima de 15 anos completos até a data do encerramento das inscrições.

3º) – As inscrições, gratuitas, estarão abertas a partir de 1º / 03 / 2012 e se encerrarão em 10 / 08 / 2012, valendo o carimbo do correio. Os membros da ALEPON não podem concorrer.

4º) – Nas duas categorias os trabalhos, com TEMA LIVRE, deverão ser de até 2 (duas páginas), em papel A4, fonte 12, Times New Roman ou Arial.

5º) – Para inscrever-se, basta que o concorrente envie até três trabalhos inéditos, de sua autoria, em cinco vias, datilografados ou impressos em computador (não serão aceitos manuscritos), além de CD contendo os trabalhos, para a Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova – ALEPON, Rua Cantidio Drumond, 92 – sala 1 – 35430-001 – Ponte Nova (MG).

6º) – Será usado o sistema de envelopes: o maior, com o endereço da ALEPON e do remetente, conterá os trabalhos, com o pseudônimo do autor (o mesmo para cada trabalho) e o envelope menor, devidamente lacrado; o menor guardará a identidade do concorrente: nome, RG, CPF, endereço completo, telefone e data do nascimento (ou a declaração:“Tenho mais de quinze anos de idade”), além de data e assinatura.

7º) – Os vencedores receberão medalhas e diplomas. A critério da comissão julgadora poderão ser concedidas até 3 (três) menções honrosas. São irrecorríveis as decisões dos julgadores.

8º) – Os 10 (dez) primeiros classificados poderão ter seus trabalhos publicados no Informativo ALEPON, publicação autorizada, automaticamente, com o ato da inscrição, sem direitos autorais, assim como os demais participantes.

9º) – Os membros da Comissão Julgadora serão designados pelo Presidente da ALEPON, anunciados somente na data da divulgação dos resultados do concurso, uma vez que seus nomes ficarão em sigilo.

10º) – O resultado do Concurso será divulgado na Sessão Solene comemorativa do aniversário de Ponte Nova, no dia 26 de outubro de 2010.

OBS. – Outras informações poderão ser obtidas pelos telefones 3881.1697 -3881.3455 e 38812663.

Fonte:
Wilma Maria Quintiliano

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 510)

Uma Trova de Ademar

Nos arquivos da memória
guardei minha juventude;
quis reviver minha história…
Deu uma pane, não pude!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Tenho, por certo, em verdade,
bem vivo e, embora, poungente,
que a mais pungente saudade
é aquela de alguém. . . presente!
–MAURÍCIO N. FRIEDRICH/PR–

Uma Trova Potiguar

Se todos fossem honestos,
ninguém veria, na praça,
mendigos comendo restos
do pão que a miséria amassa!
–CLARINDO BATISTA/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

No portão, os namorados,
são como os barcos no cais:
pelos beijos amarrados,
querem ir…e ficam mais…
–CLEONICE RAINHO/MG–

Uma Trova Premiada

2011 – CTS-Caicó/RN
Tema – PEGADA – 7º Lugar

Ela chega e me incendeia,
mas é ventura fugaz,
como pegadas na areia
que a onda vem e desfaz.
–JOÃO COSTA/RJ–

Simplesmente Poesia

Cidade Grande.
–WELTON MELO/PE–

Cidade grande de ilusões e sonhos
cheguei em busca de oportunidade
mas vi que aqui a desigualdade
é um fantasma que se faz presente.
Em cada esquina ver-se uma criança
cheirando cola sem ter esperança
sentindo a falta de uma mãe ausente,
cidade grande, quanta e quanta gente
abandonou o seu torrão natal
e veio em busca de melhores dias
no colo duro desta capital.
Mas no tumulto da grande cidade
seu sonho veio a morrer prematuro
e estando em meio a desigualdade
viu que a paz e que a felicidade
estão distantes deste solo impuro.

Estrofe do Dia

Amor è um carpinteiro
que ri com ar de matreiro,
cerrando forte e ligeiro
na tenda do coração..
Põe pregos de resistência,
ferrolhos na consciência,
tranca as portas da razão.
–ADELAIDE DE CASTRO ALVES/BA–

Soneto do Dia

E n l e v o.
–DOROTHY JANSSON MORETI/SP–

Às vezes, quando a insônia bate à porta,
envolvo a mente em requintados véus,
e nela deixo apenas o que importa
para elevar meu pensamento aos céus.

Afasto a lógica indistinta e torta
que quer ligar-me ao jugo dos incréus,
e imersa na Poesia, que conforta,
de olhos cerrados “vejo” os meus troféus.

Cada um deles revela , em minha história,
o momento fugaz de alguma glória
que conquistei ao dom que Deus me deu.

A insônia vai fugindo lentamente…
E em canção de ninar macia e quente,
me entrego inteira aos braços… de Morfeu

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Antonio Brás Constante (O Homem Atrás do Escritor, o Escritor Atrás do Homem)

O que são estas entrevistas?
Visando um meio de aproximar o público do escritor, de modo a que não enxerguem como tal , mas o homem que existe atrás dos livros, estou criando entrevistas selecionadas, enviadas a diversos escritores, que mostrará ao público leitor que atrás de seus livros, é um ser humano com sentimentos, opiniões, lutas, vitórias e derrotas.

São perguntas exclusivamente de cultura literária, não havendo envolvimento político, futebolistico, e qualquer outro ico. Caso tenha “bronca” de alguém em alguma pergunta, por favor, dê um nome geral, sem mencionar nomes. Por exemplo: O Lula está “ferrando” com a literatura. Então usemos, o Governo Federal não tem aplicado nenhum recurso a favor da literatura.

As perguntas procuram seguir uma ordem conforme os tópicos maiúsculos negritados. A intenção é que o colega escritor se sinta a vontade em responder aquelas que se sinta a vontade para falar. As de importância para nossa entrevista virtual estão negritadas, em itálico e sublinhadas.

Não há uma data para envio, deixando para que respondam dentro de seu tempo disponível.

NOTA DO AUTOR ENTREVISTADO: Antes de iniciar, gostaria de frisar aos que forem continuar lendo esta singela entrevista, que sou um escritor meio fora dos padrões convencionais ao termo (por isso mesmo definido como eterno aprendiz de escritor), por isso lhes peço, não me desejem mal…

INFANCIA E PRIMEIROS LIVROS

• Conte um pouco de sua trajetória de vida, onde nasceu, onde cresceu, o que estudou.

Parafraseando o Analista de Bagé, posso dizer que minha infância foi normal, o que não aprendi no galpão, aprendi atrás do galpão. Nasci em Porto Alegre e me perdi por Canoas, onde cresci. Me formei em Ciência da Computação, mas daí me apaixonei perdidamente pela escrita, e passei a ser seu escravo, transcrevendo os delirios que esta Diva sussura em minha mente.

Como era a formação de um jovem naquele tempo? E a disciplina, como era?

Não existiam computadores, algo que pode parecer meio pré-histórico para essa gurizada hi-tech, mas não vejo tanta diferença para os dias de hoje (também não sou tão velho assim), no fim tudo se resume a querer aprender, pois no nosso mundo ou você aprende enquanto é novo ou alguém te prende depois.

Recebeu estímulo na casa da sua infância?

Sim, meu maior estímulo foi ser péssimo em futebol, algo que me deu bastante tempo livre para me dedicar aos livros.

Qual o seu primeiro livro e do que falava?

Meu primeiro e único livro chama-se: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE” e trata-se de um livro de crônicas que considero genérico aos livros do L.F. Verissímo, pois dispõe do mesmo princípio ativo: O Humor.

P.S: se a pergunta foi qual o primeiro livro que eu li, sinceramente não lembro…

Quais livros foram marcantes antes de começar a escrever.

Foram muitos, mas a série “para gostar de ler” foi bem importante para mim nessa época.

O ESCRITOR

• Fale um pouco sobre sua trajetória literária. Como começou a vida de escritor?

Minha vida literária se dividiu em duas partes. Na primeira etapa (fase adolescente) escrevi alguns textos na época do segundo grau (era assim chamado naqueles tempos), buscando melhorar minhas notas nas aulas de português, acabei gostando muito de escrever, mas tão logo concluí os estudos parei, adormecendo o escritor que dentro de mim existia. Somente ao final da faculdade voltei a escrever (quase quinze anos depois), graças ao empurrão de um grande amigo chamado Zé Gadis, que era chargista. A coisa começou como uma brincadeira, ele desenhava caricaturas dos colegas de empresa e eu fazia as mensagens para os cartões de aniversário. Aos poucos fui me viciando no ato de escrever, e não parei mais.

• Como foi dar esse salto de leitor pra escritor?

Foi estranho, tanto que até hoje me defino como um eterno aprendiz de escritor. Não me intitulo como escritor profissional, porque acho que isso acarreta uma responsabilidade muito grande, e não gosto de sentir este tipo de obrigação nas costas, como um fardo. Por isso prefiro ser um aprendiz, poder ousar, errar, viajar, tratando a arte de escrever como uma deliciosa brincadeira.

• Teve a influência de alguém para começar a escrever?

Além do meu amigo Gadis, do qual já citei antes, também tive as influências literárias de escritores como: L. F. Verissímo, Barão de Itararé e Douglas Adams.

• Tem Home Page própria (não são consideradas outras que simplesmente tenham trabalhos seus)?

Sim, todos os meus textos publicados estão disponíveis no site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

• Você encontra muitas dificuldades em viver de literatura em um país que está bem longe de ser um apreciador de livros?

Viver de literatura?? Rsrsrs… isso existe?? Rsrss. Falando sério, na verdade eu tento dar vida a literatura, mas não sobrevivo dela. Algo que me chama a atenção neste País é que muitos leitores tem preconceito com a literatura nacional. São pessoas que consomem tudo que vem de fora, mas torcem o nariz para o que é produzido aqui.

Como foi que você chegou à poesia?

Para mim a poesia é como um arrepio de frio, um bocejo, um tropeção em uma pedra, chega sem aviso e se vai sem explicação. Para não perder a viagem acabo escrevendo o que senti naquele momento, mas não sou exatamente um poeta.

SEUS LIVROS E PREMIOS

• Como começou a tomar gosto pela escrita?

Quando comecei a rir do que escrevia, acho que o primeiro ponto para alguém se tornar escritor é gostar daquilo que escreve.

• Em que você se inspirou em seus livros?

No cotidiano, temperando situações do dia-a-dia com pitadas de humor.

Como definiria seu estilo literário?

Posso dizer que meu estilo literário ainda encontra-se em construção…

• Dentre os livros escritos por você, qual te chamou mais atenção? E por quê?

Foi o livro “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE” que por ter sido o único até o momento, me chamou a atenção por total falta de opções.

• Que acha de sua obra?

Fiz um livro que eu gostaria de ler se fosse outra pessoa, e olhando a obra desta forma posso dizer que considero este livro, como um filho textual. É um livro que apesar de não seguir o mesmo estilo literário dos livros da Bruna Surfistinha, também é cheio de gozação.

• Qual a sua opinião a respeito da Internet? A seu ver, ela tem contribuído para a difusão do seu trabalho?

Posso dizer sem sombra de dúvidas, que se não fosse a internet, meu trabalho como escritor praticamente não existiria.

• Tem prêmios literários?

Sim, fui vencedor do oitavo concurso de poesias, contos e crônicas, na categoria crônicas. Prêmio oferecido pela fundação cultural de Canoas. Também ganhei uma mochila cheia de chocolates BIS em uma promoção de frases da Nestlé.

CRIAÇÃO LITERÁRIA

• Você precisa ter uma situação psicologicamente muito definida ou já chegou num ponto em que é só fazer um “clic” e a musa pinta de lá de dentro? Para se inspirar literariamente, precisa de algum ambiente especial ?

Na realidade, para me inspirar a situação ideal seria poder relaxar em uma sauna com aproximadamente umas cinco beldades seminuas ao meu redor, mas como minha esposa desencoraja este tipo de “ambiente” para mim, argumentando silenciosamente com seu rolo de macarrão em punho, venho me contentando com um tempinho livre em qualquer lugar mesmo, onde possa rabiscar ideias para depois colocá-las no micro.

• Você projeta os seus romances? Ou seja, você projeta a ação, você projeta o esquema narrativo antes? Como é que você concebe os romances?

Não escrevo romances, mas as ideias sobre novos textos vem em golfadas dentro da minha cabeça, depois coloco tudo no papel (entenda-se “papel” o editor de texto) e vou aprimorando o texto até ficar de um jeito que acho interessante.

• Você acredita que para ser escritor basta somente exercitar a escrita ou vocação é essencial?

Acho que sem vocação, não haveria prazer em escrever e consequentemente a pessoa não seguiria por este caminho, ou se seguisse, não seria por muito tempo.

• Como surge o momento de escrever um livro?

O momento certo para se escrever um livro é quando uma editora cai do céu e se propõe a publica-lo. Se isto não acontecer, tente conseguir alguma verba para pagar a editora, e o resultado será o mesmo.

• Quanto tempo você leva escrevendo um livro?

Deixe-me ver… Escrevo um novo texto a cada semana, meus livros tem em média 28 textos, ou seja, levo em torno de sete meses para ter material suficiente para um novo livro.

• Como foi o processo de pesquisa para a escrita de seus livros?

Alguns textos realmente precisam de pesquisa, algo que poderia ser feito em várias bibliotecas ou utilizando o Google. Considero a pesquisa essencial para dar profundidade ao texto e para não escrever minhas “pérolas textuais” de forma equivocada.

• No processo de formação do escritor é preciso que ele leia porcaria?

Tudo depende do que a pessoa vai querer escrever. Eu, por exemplo, adoro ler gibis (considerados por muitos como porcarias), sou fã de tirinhas de jornal, e sempre que tenho tempo dou uma olhadinha no Big Brother Brasil.

O ESCRITOR E A LITERATURA

• Mas existe uma constelação de escritores que nos é desconhecida. Para nós, a quem chega apenas o que a mídia divulga, que autores são importantes descobrir?

Sou um curioso nato, gosto de sempre que possível experimentar coisas novas, comidas diferentes, autores diferentes, lugares diferentes. Vou aproveitar este espaço para divulgar o trabalho de um mestre-poeta que conheci ao acaso no mundo virtual, o Dário Banas (http://estranhamobilia.blogspot.com). Suas poesias são fantásticas.

• Na sua opinião, que livro ou livros da literatura da língua portuguesa deveriam ser leitura obrigatória?

É dificil opinar sobre o que seriam livros “obrigatórios”, já que sou adepto da leitura espontanea. Acho que se um autor consegue cativar um leitor, sua leitura já deveria ser desejada e incentivada, pois teria o seu mérito.

• Qual o papel do escritor na sociedade?

Com certeza seria um papel escrito. Rsrsrs. O escritor é aquele sujeito que cutuca o outro, chamando sua atenção para uma outra realidade. É função do escritor abrir as janelas da imaginação para que as pessoas possam olhar o mundo e viajar por ele.

• Há lugar para a poesia em nossos tempos?

Claro que há, sempre tem alguma gaveta vazia em algum lugar. Mas o melhor lugar para se guardar a boa poesia é dentro dos compartimentos de nossas mentes. A poesia não é um almoço que se come religiosamente todo santo dia, mas uma fruta suculenta que é sorvida, e escorre seu néctar pela boca, deliciosamente, saciando nossa fome poética.

A PESSOA POR TRÁS DO ESCRITOR

• O que o choca hoje em dia?

Quando percebo que a insensibilidade anda tomando conta do mundo, de tal forma que nada mais parece chocar, confesso que fico chocado.

• O que lê hoje?

Além das tradicionais bulas de remédio, cuja leitura é indispensável para uma vida saudável, leio o que me cai nas mãos, terminei há pouco de ler o livro “Ensaio sobre a cegueira” do Saramago. Por enquanto, estou apenas na companhia das revistas e suas reportagens criativas.

• Você possui algum projeto que pretende ainda desenvolver?

Atualmente ando respondendo um questionário sobre literatura da melhor forma possível, e confesso que estou adorando. Fico na torcida para que meu amigo virtual, José Feldman, publique estas minhas respostas espontâneas em seu portal. Não possuo outros projetos.

• De que forma você vê a cultura popular nos tempos atuais de globalização?

Toda raiz cultural começou através de uma veia popular, a cultura nasce no seio da população, enriquece e muitas vezes acaba elitista. Acho que a globalização é um bom instrumento de fomentar e divulgar a cultura, de termos contato com outras culturas.

CONSELHOS PARA OS ESCRITORES

• Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever ?

Querer se consagrar como escritor é o mesmo que se lançar ao oceano buscando chegar a uma ilha repleta de tesouros, voce nada, nada e muitas vezes não acontece nada. Se desistir, ou se afoga, ou a maré te leva de volta para o anonimato de onde saiu. Por isso quero dizer para quem quiser começar a escrever, que escreva por prazer, sem querer visualizar um horizonte. Escreva pelo mesmo motivo que respira, para viver. A melhor recompensa para quem escreve é gravar para eternidade seus pensamentos, suas ideias, suas loucuras. O resto é pura consequencia.

• O que é preciso para ser um bom poeta?

Entendo que a poesia é uma forma de dança onde as frases ocupam o lugar dos movimentos. Não se escreve uma poesia para que ela seja “bonitinha”, a poesia é a essência dos sentimentos, derramados no papel de um jeito ritmado.

Gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Outros trabalhos culturais, opiniões, crítica, etc.

Estou distribuindo meu livro em PDF gratuitamente para quem quiser conhecer a obra, basta me enviar um e-mail para : abrasc@terra.com.br e pedir uma cópia.

E para encerrar a entrevista

Quero agradecer a iniciativa do Feldman em ceder este espaço para que os escritores possam falar um pouco sobre suas obras e divulgá-las. Deixo aqui registrado meu muito obrigado.

• Se Deus parasse na tua frente e lhe concedesse três desejos, quais seriam?

PRIMEIRO pediria que ele aumentasse a dose de humanidade nos seres que se definem como humanos.

SEGUNDO Pediria a ele que largasse este bico de gênio realizador de desejos e voltasse a trabalhar em prol do mundo, já que depois do sexto dia (ele parou para descansar no sétimo) as coisas andaram piorando bastante por aqui.

TERCEIRO pediria para ele sair um pouco para o lado (já que ele estaria parado na minha frente) para que eu pudesse terminar de ver na televisão a sua maior obra, o seriado de “Os Simpsons”.


Gostaria de agradecer este momento em que você divide o escritor e a pessoa atrás do escritor com os leitores do blog. Cada escritor segue um caminho diferente, tem pensamentos diferentes, mas uma coisa eles tem em comum, dividir seus textos com o público. Já são lguns anos que Constante é colaborador do blog, enviando mensalmente seus textos. Mas, paremos por aqui, afinal Hoje é seu aniversário? Prepare-se.

Fonte:
José Feldman por e-mail com Antonio Brás Constante

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Arquivado em Entrevista, O Escritor em Xeque, Rio Grande do Sul

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 509)

Aniversário do Poeta Zé Lucas em Março
Uma Trova de Ademar

Qual um Profeta eficaz,
digo, por querer-te bem:
Tu vais viver muito mais
que viveu Matusalém…
ADEMAR MACEDO/RN– (Para Zé Lucas)

Uma Trova Nacional

Zé Lucas não viveria
em alegria completa,
sem o sertão e a poesia
dando mais vida ao poeta.
–WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ/PR–

Uma Trova Potiguar

Contra o ente que fingisse
nutrir por nós, amizade,
bom seria que existisse
detector de falsidade.
–PEDRO GRILO/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Chega a noite… Fecho as portas,
nosso amor cresce, querida,
e a calma das horas mortas
nos abre as portas da vida!…
–ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE–

Uma Trova Premiada

2009 – Niterói/RJ
Tema – PRÊMIO – Venc.

Meu prêmio dentro da vida
foi fazer, na minha história,
de toda ilusão perdida
sempre mais uma vitória!…
–LARISSA LORETTI/RJ–

Simplesmente Poesia

Poemeto…
–HUGO ARAUJO/PE–

se a vida é uma pintura
o meu quadro é de revolta
pois dei várias pinceladas
numa natureza morta

… mas depois analisei
quão errado eu estou
a tinta da nossa vida
foi jesus que fabricou

aproveite então e pinte
colorindo uma tela
agradecendo ao divino
e pintando uma aquarela

Estrofe do Dia

Com a inspiração que navega
nas ondas da sua mente,
Zé Lucas sempre carrega
um mar de versos pra gente;
e quem ler sua poesia
sente uma doce magia
que só o seu verso traz;
e com rimas sempre novas,
ninguém no mundo faz trovas
como as Trovas que Ele faz!…
–ADEMAR MACEDO/RN– (Para Zé Lucas)

Soneto do Dia

José Lucas de Barros…
–DELCY CANALLES/RS–

Doze de março. Como eu gostaria
de poder abraçar-te, meu amigo,
de chegar em Natal, bem no teu dia!
Mas é sonho! Em verdade, não consigo!

E, com teus acadêmicos, queria
junto com Rose e, também, contigo,
poder falar de trova e de poesia
e deste afeto que trago comigo!

Aqui, no Sul, rodeada de coxilhas,
lembrarei nossa troca de sextilhas
e de trovas nascidas da afeição!

Tu sabes que eu te estimo de verdade,
que existe, entre nós, tanta amizade,
que não há mais distâncias, meu irmão!

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J. G. de Araújo Jorge (Verão, Compromisso com a Felicidade)


Uma vez um amigo meu estranhou que “chovesse tanto” em minha poesia. A chuva -disse-me ele – é uma constante em vários poemas, e em todos os seus livros. Curioso com a observação passei os olhos por minha obra. Mas se constatei, realmente, que escrevi muitos poemas sugeridos pelos dias de chuva, nem por isso, homem que sou dos trópicos, escapei às influencias poderosas do sol, do verão.

Confesso até meu “estranho remorso” num poema de “Eterno Motivo”:

“Às vezes, quando escrevo feliz uma poesia,
me assalta um estranho remorso, incompreensível,
que não sei de onde vem:
Quem sabe? Pode ser que esse meu canto de alegria
faça mal a alguém…
meu irmão triste, meu irmão doente,
perdoem-me a cantiga frívola e contente,
que me fugiu dos lábios na manhã alvissareira
de verão…
Ela brotou sem querer na minha felicidade!
É que eu trago uma cigarra cantadeira
e imprudente/ dentro do coração!”.

Um dos sonetos meus mais difundidos é justamente aquele “Bom dia Amigo Sol!” que está no mesmo livro. Lembram-se?

Bom dia amigo Sol! A casa é tua!
As bandas da janela abre e escancara!
Deixa que entre a manhã sonora e clara
que anda lá fora alegre pela rua!

Entra! Vem surpreende-la quase nua,
doura-lhe as formas de beleza rara,
na intimidade que a deixei, repara
que a sua carne é branca como a lua!

Bom dia, amigo Sol! É esse o meu ninho…
Que não repares no seu desalinho
nem no ar, cheio de sombras, de cansaços…

Entra! Só tu possuis esse direito
de surpreende-la, quente dos meus braços,
no aconchego feliz do nosso leito…

Ainda no mesmo livro, além do “Desejos na Manhã de Sol”, há uma verdadeira declaração de amor à manhã, vale dizer ao dia, ao sol: “A manhã é a minha namorada.” “Ela entrou no meu quarto trêfega e contente/ e com seus dedos de sol tocou nos vidros e metais/ mexeu em tudo que viu/ e espiou para os lençóis da minha cama desfeita…/ Depois, fugiu…/ Lá se foi pelo caminho com as mãos cheias de pássaros/ levada pela aragem numa doida correria,/ rasgando seu vestido/ de galho em galho…/ e as contas do seu colar espatifando-se no espaço/ eram gotas de orvalho…”/.

Sim, mas terei de confessar que a noite é a minha companheira, e com ela as madrugadas. Sou um nostálgico do silêncio das sombras. A luz grita, o sol atordoa. O verão é um desafio constante. Parece jogar-nos na cara todos os instantes: “Vê se consegues ser claramente feliz como eu!”

Um dia de verão é um compromisso com a felicidade. E ai dos que não podem sintonizar o coração com a harmonia e a luminosidade do mundo ao redor. São esmagados. Por isso escrevi aquele “Manhã para se Ser Feliz” que está em “Espera”.

Esta é uma manhã para se ser feliz
em algum lugar, de algum modo
– é uma manhã para se ser feliz…

Esta é uma manhã para dois, para dois juntos
abraçados e tontos num remoinho,
não como nós, eu aqui, diante do sol, das árvores, de tudo
envergonhado porque estou sozinho…

Esta é uma manhã que me fala de ti
na transparência do ar,
neste azul do céu, imaculado,
na beleza das coisas tocadas de sonho
e imaterialidade…

Uma manhã de festa
para se ser feliz de verdade!
Esta é uma manhã
para te ter ao meu lado…
Quando Deus fez uma manhã como esta
estava com certeza apaixonado!”

E eis a razão das fugas constantes para os dias de chuva, dias que parecem feitos para a solidão; quando mesmo sozinho, não sabe tão funda a tristeza. Ficou-me na alma e no ouvido, além do mais, aquele rumor da chuva nos telhados de zinco da minha infância, no Acre. Daí, entre tantos, aquele poema em forma de oração, do “Cantiga do Só”:

Irmã chuva, com teu manto cor de cinza
teus olhos embaciados
teus gestos mansos,
solidária com as nossas fadigas
que acaricias nosso tédio com teus dedos molhados
e embalas nosso coração sussurrando baixinho doces cantigas…

Irmã chuva, que sempre vens quando ficamos doentes
de sol
ou de alegrias,
exaustos de verão e de calor,
e que, com teus gestos suaves e compressas frias
acalmas nossa fronte ardente
e adormeces nosso amor…

Irmã chuva… Que bom teres chegado assim, tão calma…
Pareces que adivinhas a aflição da minha alma…
Ainda bem, que mansamente
E inesperadamente,
Vieste me ver…

Irmã chuva, que aconchegas o coração da gente,
para a gente adormecer…

Fonte:
JG de Araujo Jorge. “No Mundo da Poesia ” Edição do Autor -1969

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 508)

Lual em João Pessoa/PB
Uma Trova de Ademar

Almoço e janto poesia.
E, neste meu universo,
mastigo um pão todo dia
amanteigado de verso!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Partes, levando a metade
da metade que eu já sou,
deixando inteira a saudade
na metade que restou…
–DIVENEI BOSELI/SP–

Uma Trova Potiguar

Pelas manhãs vou buscando
minha esperança perdida.
Há sempre um sonho vagando
nas alvoradas da vida!
–PROF. GARCIA/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

A mulher sempre é mais pura,
mais bonita e mais completa,
quando a ponho na moldura
dos meus olhos de poeta.
–ORLANDO BRITO/MA–

Uma Trova Premiada

2009 – Nova Friburgo/RJ
Tema – SAUDADE – M/H

Partiu, deixando o seu traço
no meu caminho dos sós…
– A saudade é esse espaço
que existe sempre entre nós.
JOSÉ VALDEZ C. MOURA/SP–

Simplesmente Poesia

As Duas Flores
–CASTRO ALVES/BA–

São duas flores unidas
são duas rosas nascidas
talvez do mesmo arrebol,
vivendo, no mesmo galho,
da mesma gota de orvalho,
do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
de um passarinho do céu..
como um casal de rolinhas,
como a tribo de andorinhas
da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
que em parelha descem tantos
das profundezas do olhar…
como o suspiro e o desgosto,
como as covinhas do rosto,
como as estrelas do mar.

Unidas… Ai quem pudera
numa eterna primavera
viver, qual vive esta flor.
juntar as rosas da vida
na rama verde e florida,
na verde rama do amor!

Estrofe do Dia

Se você é pessimista
orgulhoso e prepotente,
aprenda a vergar a alma
se quiser viver contente;
ouça a paz que lhe convida,
toda reforma da vida
começa dentro da gente.
–GERALDO AMANCIO/CE–

Soneto do Dia

Amigo! Um irmão que a gente escolhe…
FRANCISCO NEVES MACEDO

Fazer escolhas, nesta minha vida,
é o dia a dia que se faz dever,
e quando eu erro vem todo um sofrer,
mas, se a escolha é banal, fica esquecida.

Um carro, um disco, um anel, uma bebida,
uma mulher, um livro para ler,
a nossa fé, time para torcer,
uma viagem, um som, uma comida.

Fiz tantas vezes essa escolha errada,
usei o livre-arbítrio para nada!
mas, quem está na chuva, que se molhe…

Há uma escolha que é definitiva,
e eu me baseio nesta afirmativa:
Amigo é aquele irmão que agente escolhe.

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José Feldman (Até Mais, meu Irmão) – Dedicado a Chico Macedo

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30 de março de 2012 · 03:04

Trova Triste – Francisco Neves de Macedo (RN)

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30 de março de 2012 · 02:58

Paulo Leminski ("Minha mãe dizia")

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30 de março de 2012 · 02:56

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 507)


Uma Trova de Ademar

Tem homem com maus intentos,
que, por maldade ou desdém,
às vezes, gasta quinhentos
para o outro não ganhar cem…
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Se a vida é a maior graça,
que do bom Deus recebemos,
ergamos a nossa taça
enquanto vida nós temos.
–ZÉ REINALDO/AL–

Uma Trova Potiguar

Meu olhar ficou defronte,
ao seu olhar, de repente…
E este encontro se fez ponte
entre os corações da gente.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Faço versos se estou triste,
faço versos de alegria,
a minha alma não resiste
aos apelos da poesia.
–CORA LAYDNER/RS–

Uma Trova Premiada

2004 – Nova Friburgo/RN
Tema – REFÚGIO – 1º Lugar

Baú velho, tampo torto,
Cartas e fotos mofando…
– refúgio de um sonho morto
Que eu vivo ressuscitando!…
–JOSÉ OUVERNEY/SP–

Simplesmente Poesia

Libertação
–DOMITILLA BORGES BELTRAME/SP–

Cortei as amarras,
soltei o meu barco,
tracei nova rota…
Disse adeus ao velho cais,
e, qual errante arrais
navego outros mares…
Quero ancorar em ignoradas margens,
desbravar uma diferente terra,
encontrar novas paisagens,
descobrir o segredo do outro lado da serra…
Correr leve e solta
pelas brancas areias de novo sonho
já não mais tristonho,
e, quem sabe, olhos nos olhos,
mãos nas mãos,
viver um amor inesperado,
entregar os beijos que não dei
escrever os versos que guardei!…

Estrofe do Dia

Minha vida tem sido uma peleja,
quando venço um problema outro aparece,
quando alguém me ajuda outro me esquece,
toda mão que eu encontro me apedreja;
procurei um vigário na igreja
disse: padre eu só vim me confessar,
disse o padre você tem que pagar
uma conta que deve a natureza;
minha vida é um filme de tristeza
que eu deixei de assistir pra não chorar.
–BIU SALVINO/PB–

Soneto do Dia

O Ideal
–LUIZ OTÁVIO/RJ–

Esculpe com primor, em pedra rara,
o teu sonho ideal de puro artista !
Escolhe, com cuidado, de carrara
um mármore que aos séculos resista !

Trabalha com fervor, de forma avara !
Que sejas no teu sonho um grande egoísta !
Sofre e luta com fé, pois ela ampara
a tua alma, o teu corpo em tal conquista !

Mas, quando vires, tonto e deslumbrado,
que teu labor esplêndido e risonho
ficará dentro em breve terminado,

pede a Deus que destrua esse teu sonho,
pois nada é tão vazio e tão medonho
como um velho ideal já conquistado ! …

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J. G. de Araújo Jorge ("Vamos Voltar Pra Casa ?")


Uma hora “sagrada” para mim é a hora da volta. A hora de voltar para casa. Acredito que seja uma “hora sagrada” para quase todos os homens.

Ao fim do dia de trabalho, de preocupações, de luta, atirado ao mundo ilimitado de interesses e ambições, aquela expectativa de paz, de aconchego, do seu pequeno mundo entre quatro paredes.

Os ingleses tem uma doce palavra que define esse porto de volta – “home”.

É o nosso lar.

Tenho uma pena infinita daqueles que não podem voltar, ou não tem para onde voltar. São como pássaros que tivessem que permanecer em vôo, sem o embalo de um ramo, ou a quentura de um ninho.

Na pressa do retorno, no fim da jornada, quando procuro os meios de condução, vez por outra surpreendo na ruas, nos bancos das praças, os vultos indigentes dos que não voltam, dos que terão de ficar, dos que vêem chegar a noite, indiferentes ao estranho burburinho humano que lembra o dos pardais, nas árvores da cidade.

Então, não consigo evitar que um pensamento amargo turve o meu apressado egoísmo. E uma tristeza inevitável esvoaça por momentos como uma borboleta negra que entrasse por uma janela aberta.

Todos nós, diariamente, ao entardecer, somos como marinheiros de nós mesmos; navios que se avizinham do porto de origem. ansiamos por avistar a paisagem do coração, por encontrar os que nos são caros, os que justificam as partidas de todo dia, o cotidiano exílio do trabalho.

Em muitos trechos de minha poesia tenho fixado as emoções que essa hora me suscita. Sou um homem que acha que, até mesmo nas viagens de puro prazer, a grande alegria é a volta. Quase se poderia dizer que a gente parte antegozando hora de retornar., transformar as uvas colhidas no vinho doce das lembranças, servido entre amigos.

Tal como se diz dos namorados: que brigam pelo prazer de fazer as pazes. Uma viagem é uma “briga de namorados” com a vida. A gente larga o que gosta, para sentir saudades, e voltar mais apaixonado ainda.

Gostaria de citar para vocês os muitos poemas que escrevi, cantando a alegria de voltar. Sim, bem sei que tenho muitos outros poemas falando do desejo de partir, de perder-me em dionisíacos descaminhos. Mas, no fundo mesmo, o que prevalece é o sentido das raízes que prende o homem ao seu chão, que lhe permite, nos momentos de pausa, crescer e encher-se de flores, frutos e pássaros.

Na exígua moldura desta página, eis duas faces de um mesmo canto.

Tiro primeiro, de “Harpa Submersa” um trecho de :

COLÓQUIO PROSAICO

Porque as coisas que me cercam se impregnam de poesia,
porque lhes transmito minha convivência
é que posso amá-las e senti-las com a perspectiva
da minha emoção.
Oh, felizes são aqueles que encontram os objetos amados
nos seus lugares, ao seu redor,
e possuem o Dom de transubstanciar-se em seu próprio mundo
cercado por uma imensa família
mesmo em solidão.

Seres de nosso mundo
os jarros, os quadros, os livros, as cortinas,
a janela, a cama, a mesa,
são velhos companheiros – formas estáticas de pensamentos-
são velhos confidentes, testemunhas silenciosas
de nossos conflitos,
estátuas de mil figuras e personagens
representando-nos em mil instantes diversos…

Cada um, é um momento múltiplo, onde se agrupam tantas idéias
tantas conjeturas e solilóquios,
fazem parte de nossa vida e se encontram nela, vivos
como a cena no personagem.

Depois, de “a Outra Face” este monólogo lírico que intitulei:

Meu Mundo

Toda tarde digo para mim mesmo:
afinal, eis o meu mundo.

O mesmo beijo, o mesmo quarto claro, com seu assoalho brilhando
refletindo o meu passo;
as mesmas paredes brancas me envolvendo com afáveis gestos de paz;
o mesmo rádio silencioso, entre livros empilhados, a mesma estante fechada
que a um gesto meu descobre tesouros como velha mala de pirata.

Afinal, eis o meu mundo.
A mesma insubstituível companhia, a mesma presença até quando longe dos olhos,
a mesma voz perguntando, a mesma voz respondendo,
o mesmo odor suave da janta, do tempero cozinhando,
a mesma impressão de quem chega de ombros nus e veste ajudado
um macio agasalho.

Afinal, eis o meu mundo.
Como o pescador solitário, diante do primeiro ramo:
– afinal, eis a terra!

E por isso é que acho que defini a felicidade naqueles dois versos de um poemeto de “A Sós”:

Gostaria de poder de repente te dizer:
– vamos voltar pra casa!

Fonte:
JG de Araujo Jorge. “No Mundo da Poesia ” Edição do Autor -1969

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 506)


Uma Trova de Ademar

Nesta gravura se encerra
uma verdade de fato:
se acaso esse mouse emperra
o gato não pega o rato!…
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Tendo a plástica da Estela
pele “daquele lugar”…
vira e mexe a cara dela
tem vontade de sentar…
–CÉSAR AUGUSTO DEFILIPO/MG–

Uma Trova Potiguar

De tanto ver a Maroca,
todo dia na janela,
cheio de ciúme, o Joca,
botou o ferrolho nela…
–FRANCISCO BEZERRA/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Toda mulher que é gorducha
tem um recurso só seu:
Ao vestir-se, grita: “Puxa…
como esse troço encolheu!”
–MAGDALENA LEA/RJ–

Uma Trova Premiada

2009 – Nova Friburgo/RJ
Tema – CINQUENTÃO – 5º Lugar

Tentando aparentar trinta,
o cinquentão se “ferrou”.
Comprou um estoque de tinta,
mas… o cabelo acabou.
–WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ/PR–

Simplesmente Poesia

M O T E:
Não posso vencer a morte,
mas irei de má vontade.

G L O S A:
Mesmo que eu pareça forte
como um touro premiado,
serei um dia enterrado,
Não posso vencer a morte,
do Rio Grande do Norte
levarei muita saudade…
Promessas de eternidade
me fazem crer noutra luz.
Eu sei que é pra ver Jesus,
mas irei de má vontade.
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Estrofe do Dia

Na vida de Michael Jackson
Eu sei o que aconteceu:
Não tinha fama, arranjou
Era pobre, enriqueceu
Era preto, ficou branco
Mudou de cor e morreu!
–GERALDO AMÂNCIO/CE–

Soneto do Dia

Só a Morte…
–MEDEIROS E ALBUQUERQUE/PE–

“Se me desdenhas, sinto que faleço,
De nada mais pode servir-me a vida;
De ti e só de ti me vem, querida,
Todo o alento vital de que careço.

Só a morte é possível, se perdida
Eu vir tua afeição. Nenhum apreço
Darei a tudo mais, se o que mereço
É teu desprezo, em paga à minha lida.”

Ela não respondeu… Por fim, notando
Que contra a sorte é inútil que se teime
Resolvi não morrer. E tão tranquilos

Foram os meus dias, que eu me rio quando
Penso no que ontem vi: ontem pesei-me
E achei, num mês, que eu engordei três quilos!

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Paulo Leminski (Já me matei faz muito tempo)

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28 de março de 2012 · 19:42

Marina Colasanti (Que Escritor Seria Eu Se Não Tivesse Lido? )


George Dawson tinha 98 anos quando aprendeu a ler. E tinha 102 quando, em maio deste ano, publicou seu primeiro livro. Dawson é descendente de escravos do Texas, e sem Ter lido nada antes, sem Ter qualquer bagagem literária, escreveu a história da sua vida nos anos 20 e 30. Escreveu, sem que nenhum livro lhe ensinasse a fazê-lo, a história mis complexa que existe, a de uma vida humana.

Li sobre a façanha de Dawson no jornal e me perguntei: o ele teria escrito se tivesse começado a ler na infância? E também me perguntei: tivesse sido leitor contumaz desde menino, teria igualmente se tornado escritor?

É provável que não. A leitura não nos conduz fatalmente à escrita- o que, convenhamos, é ótimo, porque ninguém agüentaria tantos escritores -. A leitura, como uma agência de publicidade, desdobra à nossa frente “depliants” de mundo maravilhosos, e nos conclama, e os estimula, e deserta nossos desejos. As possibilidades de escolhas se multiplicam. Vocações que sem ela dormitariam, para sempre ignoradas, despertam. E partimos, graças às asas da literatura, para as mais diversas profissões. Às vezes, até para a de escritor.

Eu não me tornei escritora porque era leitora. Eu me tornei escritora porque comecei a escrever.

A leitura, que habitou minha vida desde cedo quando consigo lembrar, não medisse, vai Marina ser isso ou aquilo. Mas a pessoa que eu era aos 15 anos, barro cozido e assado por tantas pequena chama literárias, queria ser pintora.

E pintora fui, durante bons anos. Dedicada, apaixonada, feliz com meu fazer, segura da minha escolha. Até que cheguei aos 23. Continuava achando que tinha uma vocação e estava até me dando bem na vida com ela. Mas decidi que precisava ganhar dinheiro. E fui trabalhar em jornal.

Não seria questão de abandonar a vocação. Tratava-se de abrir uma porta, deixado a pintura pendurada atrás dela, à espera.

Entrei na redação levando apenas uma bolsa pendurada no ombro, e óculos guardados na bolsa. Uma ‘foca”, sem bola no nariz. Um jovem principiante que havia feito um curso acelerado de datilografia para não passar vexame de catar milho. Assim me apresentei, e assim me viram. Eu não ouvi, nem meus colegas, mas depois que soube comigo haviam entrado o menino Tom e o índio que o perseguia, os acordes do órgão do Capitão Nemo, o silêncio na cabeça de Ulisses enquanto via as sereias cantarem, os rebanhos de carneiros descendo em transumância na Provença de Giono, o vento nas pás do moinho de Quixote, uma galinha perseguida num Domingo pela mão de Clarice, uma pedra no meio do caminho, uma “madeleine’ , um gato de botas.

Comecei a escrever porque puseram uma Olivetti na minha frente, um monte de papel, e me mandaram fazer a matéria. Isso ainda não era escrever, evidentemente. Mas empoleirados no alto das divisórias de vidro lateado daquela redação, Pinocchio, Raskolnikov, Ricardo Coração de Leão, Gregório Samsa, D’Artagnan e Mr Gatsby esfregaram as mãos. Estava na hora de começarem a empurrar.

E assim fez-se, ou abriu-se, em mim outra vocação.

Como para George Dawson, também me pergunto: eu teria sido escritora se não tivesse sido leitora? Mas é uma pergunta que não procede porque equivale a por em questão toda uma vida. Então seria que perguntar: eu teria sido escritora se não tivesse saído da África onde nasci? E se não tivesse saído da Itália, onde me criei, e não tivesse vindo para o Brasil, onde comecei a escrever? É quase como perguntar, sabendo de antemão que não encontrarei resposta: que escritora teria sido eu se não tivesse sido leitora?

A leitura me ensinou, antes de mais nada, a gostar de papale, a amar papel escrito, a perseguir tipologias. Ne ensinou a precisar da presença física dos lvros. Não fosse isso, e a viade escritora seria uma condenação, com oslivros que se multiplicam incessantemente, enchendo a casa, empilhando-se sobre as mesas, as cadeiras, o chão, e os papéis, os papéis que contrariamente ao que se alardeou no início da era da informática não desapareceram mas parecem cada ida mais abundantes.

A leitura me ensinou a viver com a leitura. Me viciou em leitura, me fez procurar a vida nos livros com a mesma intensidade com que a procurava fora deles.

Se eu não tivesse sido leitora precisaria de um talento infinitamente maior, para escrever. Não tendo afiado o ouvido às palavras, que trabalhoso seria apertar sozinha, uma por uma, todas as cravelhas.

Mas as palavras escritas- que não são as mesmas palavras da fala, embora irmãs, porque criadas para andarem juntas naquela exata ordem e não em outra, já eu ó naquela ordem o valor de uma contamina a outra- as palavras escritas, eu dizia, infiltraram-se em mim junto com os outros aprendizados, quando eu ainda não sabia ler. Minha mãe lia para mim. E a música da voz da minha mãe fundia-se com a música das palavras que ela lia.

Talvez justamente isso, o fato da minha ler em vez de contar, tenha marcado a minha escrita. Pois nunca me senti levada a escrever de forma oralizante; pelo contrário, o inusitado que mantendo o texto perfeitamente compreensível e familar confere um frescor de coisa nova e uma intonação poética, sempre foi a minha busca. O texto não é para mim ferramenta para contar uma história. Mais justo seria dizer que a história é pretexto para construir o texto.

Hoje leio como se fizesse trialto. Acordo e perco no mínimo um hora lendo os jornais. Depois vou para o escritório e começo a ler o material de trabalho. Na hora do almoço, se estiver sozinha, encosto um livro no copo cheio d’água, que não bebo para não perder o suporte. E dia afora vou lendo e escrevendo. Ma sou atleta indisciplinada, capaz de perder um tempo enorme com leituras inúteis, deixar cada mínima consulta de pesquisa alongar-se indefinidamente porque não consigo me ater somente ao que procurava, e gastar em leituras menores o tempo que deveria reservar para ler ou reler os clássicos. E, o que é pior, tenho a impressão- prefiro não dizer a certeza- de esqueço a maioria do que leio.

Quando menina, e mesmo depois quando jovem, lia como se descesse as corredeiras num bote. Deixava-me levar, jogada de um lado a outro pela narrativa, transportada, na espera ansiosa da cachoeira que a qualquer momento despencaria comigo assombrando meu coração.

Eu usava lápis, jamais teria ousado riscar um livro, por meu que fosse. E por isso, não pela sacralidade do livro, mas porque não me passava pela cabeça eu me fosse permitido, que me fosse devido interagir diretamente junto ao texto- a palavra interagir sequer se usava-. A idéia de que a minha opinião pudesse Ter lugar, e valor, ao lado daquilo que que havia sido escrito pelo autor não me aflorava.

Quando passei a usar o lápis, tornei-me outra leitora. Ou melhor, quando me tornei outra leitora, passei a usar o lápis. Não desço mais, entregue, nas corredeiras. Sou seu vigilante. Analiso a força das águas, sua direção, a profundidade. Meço a transparência, procuro o que nela se move. Vou sim com ela, e me encanto, e me deixo molhar pelas espumas. Mas a qualquer remanso indevido, a qualquer turvação, minhas orelhas se erguem atenta, meu lápis se apoia na margem. Anoto, controlo. Por um instante não estou sendo levada, botei um pé para fora do bote.

Tornei-me interlocutora do autor. As margens às vezes são estreitas demais para as conversas que tenho com ele. E me acontece fazer uma crítica, ir a diante, ver que a crítica não se justifica, voltar atrás apagar o que eu havia anotado. Como se pedisse desculpas ao autor pela falta de confiança. Não estou mais lendo sozinha como lia. estou lendo por cima do ombro dele.

A leitura atravessou minha juventude em blocos. Como se um trem me varasse a cada vez com seus vagões. Eram comboios de paixão. Um autor entreva na minha vida, eu me enamorava e, depois do outro , ia lendo todos os seus livros.

Foi assim desde menina. Bem pequena ainda, devorei Salgari inteiro e imitando suas histórias brinquei de pirata e de índio americano, Sole Ridente era o meu nome na tribo. Lá pelos onze anos me banqueteei com Verne. Depois fui indo. que furacão na minha alma quando encontrei Dostoievski! Eu ansiava o dia inteiro pelos momentos que iria encontrar com ele. Foram meses e meses de neve, sofrimento e nomes cheios de vogais. Depois os americanos; a sedução daquele trem que parecia interminável, os vagões de Hemingway, dos Passos, Steinbeck trazendo-me um mundo novo, seco de frases curtas, um mundo sem volutas, especialmente revelador para mim, italiana encharcada e barroco. Amei Giono, ocupei com ele toda a prateleira da estante. E pouco antes de esbarrar com a minha própria escrita, esbarrei com Proust. Foi um fecho glorioso para minhas leituras de juventude.

Mas também fui leviana, traindo meus grandes amores com amores passageiros, “ficando” com um livro ou outro, só pelo prazer de uma noite. Sim, cometi pecados de juventude, gostei de M. Dely, e acreditei que “To et Moi” de Paul Geraldy fosse bela poesia. Chorei com Ayn Rand. E li muito Mistério Magazine de Ellery Queen, embora o mesmo tempo economizasse dinheiro da mesada para comprar a revista “ Senhor” e ler os contos de Clarice.

Hoje os trens são mais raros , e não percorro todos os vagões. Se gosto de um autor, leio primeiro um livro, atravesso em diagonal um ou dois livros mais, para certificar-me e para Ter uma idéia de conjunto, dispenso os outros. Não tenho mais paixões. Tenho apreço, admiração. Leio, reconheço a qualidade, me entusiasmo. Mas entusiasmo não é a mesma coisa que paixão, entusiasmo é uma categoria profissional. A escrita roubou-me o arrebatamento da leitura.

Houve um tempo em que cada livro que me chegava era um Cavalo de Tróia, de cuja barriga sairiam, na solidão do meu quarto, invasores bem vindos. Depois aprendi a desventrar a barriga do cavalo ainda na livrara, de pé, percorrendo o índice e vendo o que continha. Já não levo nenhum mistério para o quarto, os habitantes do livro/cavalo são gentis convidados, quando não reféns que manterei comigo só quando me interessarem. Nenhum me invadirá.

E se ler escondido depois da hora de dormir, na clássica cena da lanterna acesa debaixo das cobertas, era duplo prazer, de leitura e transgressão, ler tornou-se com o tempo dupla culpa, pois me sinto culpada se, escrevendo, deixo de ler, tendo tantos livros à minha espera.

Com freqüência me perguntam quais as marcas dessas leituras na minha escrita. E eu própria me surpreendo com a sensação de que não existem, pelo menos não claramente identificáveis. Me parece impossível que se possa dizer olha a patinha de fulano ali, olha o focinho de fulana aqui. Pois eu não usei patas ou focinhos alheios para compor minha linguagem, embora os usasse para despertas a emoção que, mais tarde, viria a servir de base para a construção dessa linguagem.

Nunca quis escrever como alguém, por mais que gostasse da sua escrita. Talvez pensasse inconscientemente que não seria capaz, que aquilo não estava em mim.

Embora tivesse tantos romances e livros de aventura, nunca quis escrever nem uma coisa nem outra; meu desejo de escrita sempre esteve centrado na ourivesaria do texto curto.

E nenhum dos meus queridos realistas despertou em mim o desejo de imitá-los. Poe, que li menos que Verne, deixou em minha juventude uma marca mais funda, introduzindo-me no mundo fantástico. Um mundo que eu já havia freqüentado através os contos de fadas na voz de minha mãe. E que, adulta, reencontraria em Borges, em Cortazar, em Calvino, em Buzzati.

Pode parecer ingratidão, mas não tenho e nunca tive ídolo. À medida que avançava nas leituras e na profissão, porém, percebi que pertencia a uma família. Sou parente daqueles escritores que deram um passo além do real, e ali fundaram sua realidade. Sou irmã dos que reencontraram seu mundo somente no inconsciente, ou no papel impresso.

Fonte:
Simpósio Internacional Transdisciplinar de Leitura/ 2000. Leia Brasil
http://www.leiabrasil.org.br/old/simposio/escritor_lido.htm

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Carlos Lúcio Gontijo (O Obscuro Fogaréu das Vaidades)


Não me perguntem aonde ir para encontrar leitores, pois nunca soube. As bibliotecas estão sempre vazias, as livrarias repletas de autores estrangeiros e livros de autoajuda, enquanto a literatura brasileira sobrevive com a simples e costumeira citação de grandes autores, que verdadeiramente também são muito pouco lidos. Não entendo também de busca de recursos para se editarem livros, porque nunca obtive sucesso nessa empreitada, consciente de que a política cultural brasileira só favorece aos que se acham sob os holofotes da mídia, o que determina fluxo volumoso de recursos para as mesmíssimas celebridades e famosos de sempre. Todavia, em torno desse assunto, as discussões se prendem mais ao calor obscurantista do fogaréu das vaidades que à luz da real busca de soluções.

Houve um tempo em que concursos literários lançavam novos talentos, mas hoje eles só servem para propiciar alguma pequena edição ao ganhador, o que representa significativa glória num país em que as editores não investem nem apostam em novos autores (digo isso no tocante ao ato de se fazer conhecido, uma vez que existe gente com idade avançada e sem qualquer trabalho editado), obrigando aos que pretendem tirar a sua obra da gaveta, em tempo de democrática ditadura de intensa propagação do grotesco ou, no mínimo, de valor cultural duvidoso, que por sua vez leva adultos, adolescentes e crianças a dançarem na boquinha da garrafa. Infelizmente, entre nós, o esmero tecnológico da imagem digital chegou às ?nossas? televisões antes de as mesmas implantarem qualidade em sua rede de programação.

Se eu fosse tangido pela busca de fama e sucesso não estaria me movendo para editar o meu 14º livro nem disposto a investir quantia, para mim volumosa, em meu site, que agora em junho próximo, neste ano de 2012, completará sete anos. Uma vez que, hoje, o que determina notoriedade são a inventiva e o comportamento esdrúxulo ou completamente anômalo e contrário aos chamados bons costumes, tratados como desnecessários ditames ultrapassados.

A dilapidação promovida ao senso comum que norteia a convivência em sociedade vem exatamente dos órgãos que deveriam atuar em sua defesa. Os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário se consideram (e se põem) acima da nação brasileira, que sabiamente os julga pelo produto final que a ela é apresentado. Vem daí a generalização da reclamação popular, pois quando uma prestação de serviço não é satisfatória o consumidor recorre ao PROCON contra a loja vendedora ou a fábrica produtora, não lhe sendo exigida a indicação de nomes ? ao produtor da mercadoria defeituosa cabe, se assim o desejar, a descoberta do funcionário responsável pela ocorrência!

Ou seja, a má prestação de serviço advinda da ação dos Três Poderes é problema relativo a todos aqueles que o integram. Cabe a cada um deles e mais especificamente aos que se nos apresentam como a parte boa, reclamando da constante acusação generalizada, agirem em prol da devida apuração. Afinal, não se trata de seres inanimados; não são maçãs sadias enfiadas, involuntariamente, em saco de aniagem em meio a frutos putrefatos…

Em ambiente assim perverso, no qual os que deveriam dar o exemplo insistem em não dá-lo, assisto ao cotidiano crescimento da cultura do levar vantagem em tudo, que vai levando a tudo de roldão. Para onde olho eu vejo podridão: é político com dinheiro na cueca, na meia, no porta-malas, no banco do carro; são favorecimentos e desvios de recursos públicos em montante inimaginável, mas que pode ser dimensionado pela paisagem de abissais carências sociais que nos rodeia.

Quem sou eu, pequeno escriba, para perder o fio da meada, abandonar a literatura menor que realizo (mas que é a minha vida) à beira do caminho, depois de tão longa caminhada. Só me resta mesmo impor-me alguns sacrifícios em nome do invisível, do que não se vê: a energia imaterial do halo da alegria de efetivar o exercício de um dom, ainda que as palavras me pareçam jogadas ao léu. E é exatamente sob esse sentimento que lançarei meu novo trabalho literário, o romance ?Quando a vez é do mar? (um livro de 400 páginas), no dia 27 de abril, às 19:30, na Associação Mineira de Imprensa, à Rua da Bahia, 1.450, em Belo Horizonte.

Enfim, sou brasileiro comum. Faço parte desse povo que, apesar dos governantes e dos poderes, consegue sobreviver e driblar as pedras atiradas em seu caminho. Termino então repetindo reflexão de Sigmund Freud, grande explorador da alma humana: “Mas posso me dar por satisfeito. O trabalho é minha fortuna.”

http://www.carlosluciogontijo.jor.br

Fonte:
Texto enviado pelo autor

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Eliana Ruiz Jimenez (Trova-Legenda até 29/03/2012 : PARTICIPE!!!!)


Mande uma trova inspirada na imagem para elianarjz@gmail.com

blog: http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br

Prazo para recebimento: 29/03/2012

Publicação: 30/03/2012

Fonte:
Eliana Ruiz Jimenez

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Arquivado em participação, trova-legenda

Eliana Ruiz Jimenez (Trova-Legenda: Correndo atrás do Trem)

Grande saudade dos filhos,
somente quem sente, chora!
Eu comparo aos velhos trilhos,
Por onde o trem foi embora!
Francisco Macedo – Natal /RN

A vida nem sempre é encanto;
para alguns é injusta e inglória…
– Quanta gente corre tanto,
porém perde o trem da história!
A. A. de Assis – Maringá/PR

Vou seguir o meu destino,
quer seja a pé ou de trem;
pode ser um desatino,
mas é o que me convém.
Adamo Pasquarelli – São José dos Campos/SP

Deixa que o trem vá embora.
Não é preciso correr!
Sempre haverá outra hora
de outro trem aparecer.
Alberto Paco – Maringá/PR

Desespera mi maleta
y mi sombrero reclama…
es que en el tren va Violeta
que con el alma me llama.
Alicia Borgogno – Santa Fe/Argentina

Voy corriendo tras de ti
ansioso por ti afligido,
te vas huyendo de mi
en ese tren del olvido.
Ángela Desirée Palacios – Venezuela

Não sou mais celibatário
e vou encontrar meu bem,
nem que seja necessário
eu correr atrás do trem!
Angelica Villela Santos – Taubaté/SP

Nos longos trilhos da Vida,
o Tempo passa a correr
qual trem em louca investida
que não tem tempo a perder!
Antonio Juraci Siqueira – Belém/PA

Um trem bonito fazia
a rota da minha mente:
quando partia eu perdia,
mas era sonho somente.
Ari Santos de Campos – Itajaí/SC

Tem a ventura, o estupendo
poder de nos fascinar.
e a gente a segue sabendo
que nunca vai encontrar!
Arlindo Tadeu Hagen – Belo Horizonte/MG

Lá se foi festivo o trem,
fazendo o que a vida faz:
levando consigo alguém
que esqueceu alguém atrás…
Bruno P. Torres – Niterói/RJ

Não chores o trem perdido,
chorar, por isso, é bobagem,
que esse trem fique esquecido,
não era a “tua” viagem!
Carolina Ramos – Santos/SP

Os trilhos podem provar
meu desespero no atraso;
o trem jamais vai voltar,
jamais estarás no acaso.
Cida Vilhena – João Pessoa/PB

Vá meu filho em trilho certo
e siga a estrada do bem,
aproveita…o céu é perto,
da janela desse trem!
Clenir Neves Ribeiro – Nova Friburgo/RJ

Não desista ante empecilhos
que o segredo é acreditar;
quem corre a favor dos trilhos,
cedo ou tarde há de chegar!
Dáguima Verônica – Santa Juliana/MG

Ao deixar a plataforma,
o trem frustra o meu anseio:
– A desilusão me informa
que esperei por quem não veio…
Darly O. Barros – São Paulo/SP

Vai correndo pela linha,
tentando pegar o trem…
– Sempre atrasado caminha
quem dorme pesado e bem!
Diamantino Ferreira – Campos/RJ

Criador de empecilhos,
forcei sua abdicação…
e ele correu entre os trilhos,
de mala e chapéu na mão!…
Dilva Moraes – Nova Friburgo/RJ

Nunca mais o trem passou,
mas ainda lhe ouço o apito;
o silêncio eternizou
a saudade do seu grito.
Dorothy Jansson Moretti – Sorocaba/SP

Hesitei, o trem passou,
e, ao correr pelo seu trilho,
só a poeira me restou
e a lembrança do seu brilho.
Eliana Jimenez – Balneário Camboriú/SC

Para que desesperar
quando uma chance é perdida,
se outras, sei, hão de chegar
pelos trilhos dessa vida!
Francisco José Pessoa – Fortaleza/CE

Pra viagem convidado,
chegou depois da partida.
Convém tomar mais cuidado:
se não, perde o trem da vida.
Haroldo Lyra/CE

O trem da minha saudade
está lotado e feliz,
carrega a realidade
de um momento e seu matiz!
Gislaine Canales – Balneário Camboriú/SC

O verde a cercar o trilho,
Nesta longa caminhada,
Faz de mim um andarilho
a combater a queimada!
João Batista Xavier Oliveira – Bauru/SP

Foi-se o trem… perdi a hora!
Foi por quê…tão cedo assim?!
Mas… não! não tá indo embora!…
Tá é vindo contra mim!…
Jaime Pina da Silveira – São Paulo/SP

Os abraços eram tantos,
o trem pôs-se em movimento;
se o seguravam os prantos,
as pernas viraram vento.
José Marins – Curitiba/PR

Corre um homem pelos trilhos,
atrás do trem que passava,
sem ânimo, sem os brilhos,
que no sonho acalentava!…
Lora Saliba – São José dos Campos/SP

Aquele trem eu perdi
por cochilar na estação.
Desesperado corri
atrás dele… mas, em vão.
Maria Conceição de Paula (Conceitita)/SP

Perdí el tren por un minuto,
inútil corro tras él.
Me siento tan diminuto
en la vastedad del riel.
Maria Cristina Fervier – Argentina

Não vale a pena correr
atrás do amor ou de um trem,
quem já não ouviu dizer,
quando um se vai, outro vem!
Marina Valente – Bragança Paulista/SP

Ao saber que partirias,
pus meus sonhos na bagagem;
fui atrás dos nossos dias,
nosso amor, doce miragem…
Mário A. J. Zamataro – Curitiba/PR

Não gosto de andar na linha
mas corri atrás do trem;
fui em busca da estrelinha,
da vida que me convém.
Mifori – São José dos Campos/SP

Andar na linha, que brega!
Isso nunca fica bem,
pois quando o trem não nos pega
a gente não pega o trem…
Milton Souza – Porto Alegre/RS

Vivemos sempre correndo
atrás de um trem pela estrada…
correndo, vamos perdendo
todo o esplendor da alvorada!
Myrthes Masiero – Atibaia/SP

Foi num dia de alegria,
com mala e chapéu na mão,
tomar o trem gostaria…
Mas, fiquei correndo em vão!…
Nadir Giovanelli – São José dos Campos /SP

Vou correndo atrás do trem
com a bagagem na mão…
Aceno num vai e vem
para alcançar o vagão.
Neiva de Souza Fernandes – Campos/RJ

Correndo, desesperado,
de mala e chapéu na mão,
o passageiro, coitado,
perdeu o trem… e a razão!
Nemésio Prata – Fortaleza/CE

Partiu o trem, me deixando
com mala e chapéu na mão;
meu amor se foi, levando
minha alma e meu coração.
Olympio Coutinho – Belo Horizonte/MG

Vai meu trem, na madrugada,
na busca de um sonho meu,
vai levando, em longa estrada,
meu coração todo teu…
Olga Maria Dias Ferreira – Pelotas/RS

Foste embora… E eu castigado,
o meu destino é de quem…
Corre atrás do bonde errado,
até na linha do trem!
Prof. Garcia – Caicó/RN

Tendo nas mãos a bagagem,
entre os trilhos da lembrança,
não vou perder a viagem
para a estação da esperança!
Rodolpho Abbud – Nova Friburgo/RJ

Assim como sonhos vão,
pelos trilhos do infinito…
outros mais devolverão
paz ao coração aflito…
Vanda Alves da Silva – Curitiba/PR

Parte o trem, seguindo viagem,
leva gente em quantidade,
mas me deixou a bagagem
que pesa mais: a saudade.
Vanda Fagundes Queiroz – Curitiba/PR

– Perdeste o trem, rapazote?…
Tu não és de Minas, não!…
Mineiro dispõe de um dote:
espera o trem na estação.
Wagner Marques Lopes – Pedro Leopoldo/MG

Fonte:
Eliana Ruiz Jimenez. http://poesiaemtrovas.blogfspot.com.br

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J. G. de Araújo Jorge (Universo à Vista)


Estamos nos limites de uma época – momento grave da entrega do bastão, na maratona da História

Fim de etapa, começo de outra. Dialeticamente chegamos a uma nova síntese. O homem se encontra, não apenas em face de um mundo novo, mas de “novos mundos”, tal como a civilização medieval na era dos grandes descobrimentos marítimos. Não foi sem razão, portanto, que chamaram os astronautas da Apolo-8 de “Colombos do espaço”. Do mesmo modo que os Colombos, os Magalhães, dilataram o mundinho mediterrâneo, o fechado “maré nostrum” romano, e deram ao Atlas terrestre suas proporções atuais, os recentes feitos da Astronáutica subverteram as dimensões da nossa acanhada geografia.

-Universo à vista!

O Gênesis tem que ser reescrito. “No princípio Deus criou os céus…” e as terras. Muitas terras gravitando em imensos vazios, mas com certeza habitadas por outros seres, parecidos ou não com os Adões e Evas do perdido Éden.

Subitamente somos passado e futuro. Decolamos de nós mesmos, do que “éramos”, como um foguete rompendo a área gravitacional da Terra, e investindo o desconhecido. Olhamo-nos no espelho, e não nos reconhecemos em corpo e alma. Nossas idéias terão que ser reestruturadas em função deste deslocamento físico, das alterações de nossa visão cultural; da imprevista realidade descortinada; do homem inédito em que nos sentimos. Saímos da casca, como o pinto, e devemos encarar tal fato como uma projeção natural do nosso eu ante as espantosas conquistas da ciência moderna.

Todos nós crescemos, e vivemos, sabendo que a Terra é redonda, que gira em torno de si mesma, e entorno do Sol. Está nos compêndios que compulsamos desde o curso primário, no globo terrestre que a professora tinha em cima da mesa. Mas, no fundo, todos nós esperávamos pela “prova real” dessa velha lição. Como S. Tomé: “Ver para crer”. Já ouvi um garoto perguntar ao pai, como é que o japonês podia andar de cabeça para baixo, do outro lado do mundo? E da ingênua conjetura de um companheiro: por que um avião “parado” no ar, não fazia a volta à Terra em 24 horas, se ela completa seu giro nesse tempo?

As explicações da lei de Newton nos deixavam incrédulos, a pensar neste estranho mundo redondo, a rodar nos céus, com todas as coisas presas no chão, sem que as imensas massas líquidas dos oceanos não se soltassem, e com elas, algas, peixes, baleias, tubarões, a voarem como pássaros!

Os garotos de agora não terão motivos de dúvida. Viram, como eu vi, na televisão, os filmes tirados por Borman, Lovel e Anders, quando a mais de 400 mil quilômetros de nosso planeta, circunavegavam a Lua (Três meses depois de escrita esta crônica, a 20 de julho de 1969, Armstrong, Aldrin e Collina, os três astronautas norte-americanos chegaram a lua, tendo os dois primeiros descido na superfície lunar). E todos compreendemos, então, que o homem deixou de ser um simples habitante terreno. Seu “espaço” ampliou-se. Até agora, víamos tudo, do chão, colados, como as serpentes. De repente, ultrapassamos as próprias aves – somos aves de infinito vôo, – e é como se descobríssemos a Terra – habitantes de outro planeta – livres das milenares raízes que nos agarram ao solo. Einstein se imaginou numa estrela, Arturus, para, livre da lei da gravidade, descobrir a sua “teoria da relatividade”.

Borman e seus companheiros se encontram realmente na situação imaginada pelo gênio de Einstein, e devem ter descoberto uma teoria mais simples: a da humanidade. Paradoxalmente foi preciso que se afastassem da Terra para se “humanizarem”, no sentido de compreenderem ao mesmo tempo a insignificância e a grandeza do homem. O Universo, apenas palavra, poesia – tem agora um sentido tão próximo, palpável, como praia, mulher, edifício, sorvete.

Lovel declarou, vendo a Terra à distância, como uma bola iluminada, que, naquele momento, duvidou que ela pudesse ser habitada.

Assistindo o filme, e a nos repetirmos a cada instante: inacreditável! – também perguntamos: será que há seres naquela “lua grande”? E Lovel concluiu:

“O mundo pareceu-me então, realmente um mundo só”.

Positivamente, como se falar em guerras por palmos (palmos, mesmo) de terra, diante dessa imagem extraordinária? Eu, por mim, não pude conter a irritação, quando, logo após o locutor se referia à disputa entre árabes e judeus, por nesgas de deserto, de areal, na península do Sinai. Tudo me pareceu de proporções liliputianas! Que tacanha a mentalidade de nossos estadistas! Se eu fosse Borman, a primeira coisa que teria proposto ao meu governo ao sair da cápsula, na volta seria:

“Que seja criado um governo Universal!”

Não somos mais que um átomo a girar nos espaços. É estúpido que permaneçamos a usar um sistema métrico mental ultrapassado; que insistamos em nos autodestruir e a nos entre devorar.

Tal apelo, hoje, não saberia mais a utopia. Se Borman o fizesse, teria completado a sua oração, ao ler, no Cosmo, um capítulo do Gênesis. Sim, o Gênesis terá que ser reescrito. Esta é a hora de revisarmos valores, idéias, e até palavras. Fronteiras, pátrias, religiões, formas arcaicas de uma civilização para trás, devem e terão que ser necessariamente reconceituadas. As ONUS, OEAS, UNESCOS, meras siglas sem significado real, não funcionarão enquanto o nosso mundo subdividido continuar sujeito à espoliação dos fracos pelos fortes, às competições desleais entre ricos e nobres, com uma infra-estrutura anterior à era da energia atômica, da astronáutica, dos transplantes, da eletrônica.

Há um mundo novo pela frente. Um mundo que deverá se organizar à base das necessidades fundamentais do homem, físicas e culturais, despojando as sociedades de inúteis e anacrônicos aparatos bélicos. As fardas, para os museus.

As fronteiras não estão mais na terra. As pátrias têm novo sentido. As religiões serão reinventadas, para que permaneçam arrimo e esperança. A Bíblia, velha colcha de retalhos, remendada pelos hebreus, será relegada à sua condição de mitologia lendária do Oriente.

A Igreja não considera mais a Terra o “centro do Universo”, renegou Ptolomeu, admite outros mundos habitados. Concordou afinal com Galileu, e quem sabe? -com Renan. Re-estudar a natureza mística de Cristo não será mais heresia. De quantos Cristos precisaria Deus para redimir incontáveis “humanidades”?

As fronteiras são rabiscos de giz, num quadro-negro, que as gerações apagam com facilidade espantosa. O nacionalismo, já o definia Goethe, como “sarampo dos povos”, doença primária, e passageira. As pátrias, armadas, mais que amadas, caducaram. Absurdo que se justifiquem genocídios brutais, à base de conceitos artificialmente alimentados ao som de bandas de música e de discursos políticos. O homem é um só. O Universo, o seu mundo. E é diante desta visão, desta realidade nova, que deveremos reconstruir-nos para conquistar os caminhos que Deus projetou à nossa frente. À maneira dos velhos marinheiros, do alto dos mastros das caravelas, agora podemos gritar:

– Universo à vista!

Fonte:
JG de Araujo Jorge. “No Mundo da Poesia ” Edição do Autor -1969

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Arquivado em Acre, O Escritor com a Palavra

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 505)

Praia dos Ingleses – Florianópolis/SC
Uma Trova de Ademar

Meu momento mais sofrido
retirei da minha história,
mas vive ainda escondido
nas gavetas da memória.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Na beleza da alvorada
quando o sol desperta o dia,
no clarão da madrugada,
minha alma canta em poesia!
–SÔNIA SOBREIRA/RJ–

Uma Trova Potiguar

Vida: caminho que alcança
na esquina a sua metade;
de um lado, vive a esperança,
do outro, dorme a saudade.
–MARA MELINNI GARCIA/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Na mão esquerda lembranças
refletem fidelidade:
são as duas alianças
cravejadas de saudade!
–EDMILSON FERREIRA MACEDO/MG–

Uma Trova Premiada

2011 – Nova Friburgo/RJ
Tema – RECADO – M/E

Guardo ainda o teu recado,
mesmo com tristes lembranças…
Pedaço de meu passado
alimentando esperanças…
–IVONE PRADO/MG–

Simplesmente Poesia

Calçadão de Minha Rua…
–CAROLINA RAMOS/SP–

Alvinegra passarela
em mosaicos definida…
sempre que passo por ela,
a repassar me convida.

Calçadão de minha rua,
a imitar ondas do mar…
à luz do sol ou da lua,
aonde irás me levar?!

Meu destino, irrelevante,
me fez boa caminheira
e assim vou seguindo adiante,
até quando Deus o queira!

Calçadão de minha rua,
talvez que em dia já breve,
minha vida, que se estua,
não te pise… nem de leve!

E, então, guardarás silente,
nos mosaicos desgastados,
passos meus… passos de ausente
… marcas de passos passados..

Estrofe do Dia

Ó bom Deus, eu vos peço piedade,
para que minha dor não cresça tanto
conservai no meu peito esta saudade
não deixeis meu senhor que vire pranto;
se eu chegar a sentir dentro de mim
toda minha saudade levar fim
como um cacho de espuma na procela,
persistir em viver seria o cúmulo
dois vencidos iriam para o túmulo
minha saudade comigo e eu com ela.
–DINIZ VITORINO/PB–

Soneto do Dia

Mulher, Verbo Amar…
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Mulher, obra-prima do Pai Criador,
Mulher, já nasceu – criação preferida,
mulher, mãe, amante, alicerce da vida,
mulher, sobretudo, um exemplo de amor…

Maria, mulher, foi por Deus, escolhida,
seu ventre tão puro, cedeu ao senhor,
gerou o seu filho do próprio calor,
mulher e rainha… A missão foi cumprida.

Mulher soberana, também sofredora,
rainha do lar, mas, também professora,
matérias diversas, nasceu pra ensinar.

O verbo divino, em seu ventre habitou,
e em todos os tempos, porque consagrou,
de todos os verbos, o seu verbo é amar!…

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I Concurso de Contos ‘Machado de Assis’ – Grupo Coesão Poética (Até 30 de Abril)


Informações:
a) Concurso de contos
b) Inscrição por e-mail

Premiação:
I) Troféus para os 3 primeiros colocados e a menção honrosa

Prazo: 30 de Abril de 2012

Organização:
Grupo Coesão Poética, CNPJ – 09.341.085/0001-46, Sorocaba/SP

Regulamento:

O Grupo Coesão Poética, CNPJ – 09.341.085/0001-46, com sede nesta cidade de Sorocaba, Estado de São Paulo, visando incentivar escritores, experientes ou não, ao prazer da escrita e também da leitura, resolve instituir o I CONCURSO DE CONTOS “MACHADO DE ASSIS”, cujas normas para participação seguem abaixo.

01. O concurso destina-se a todos os interessados, com a idade mínima de 18 anos, sendo brasileiro ou não. No caso de candidatos estrangeiros, será exigido apenas que a obra apresentada seja escrita em língua portuguesa.

02. As inscrições estarão abertas até o dia 30 de abril de 2012. Quaisquer dúvidas poderão ser dirimidas através do nosso e-mail coesaopoetica2011@gmail.com.

03. Os trabalhos, com tema livre, deverão ser inéditos, não tendo, portanto, sido premiados em outros concursos nem publicados em livros do próprio autor, coletâneas, jornais, sites da internet e revistas.

04. Cada candidato poderá apresentar até 3 (três) trabalhos e estes deverão ser digitados em língua portuguesa, com fonte Arial, corpo 12 e espaçamento entrelinhas de 1,5, com um total máximo de 3 (três) laudas.

05. Os trabalhos deverão ser enviados, como anexos, para o e-mail coesãopoetica2011@gmail.com e assinados apenas com pseudônimo. Em anexo à parte, o candidato deverá registrar seu nome completo, seu pseudônimo, número do RG, grau de instrução, endereço completo e número de telefone para contato.

06. A comissão julgadora será formada por 3 (três) pessoas ligadas ao mundo das letras, idôneas e de reconhecido valor intelectual. A decisão da comissão julgadora será soberana, não cabendo recurso quanto ao que for por ela decidido.

07. Serão sumariamente eliminados quaisquer trabalhos em que a comissão julgadora perceber sinais de plágio.

08. Aos três primeiros colocados e ao que for premiado com menção honrosa serão outorgados prêmios constituídos de troféus confeccionados pela poetisa e artista plástica Ana Maria Duarte.

09. As eliminatórias, em número de 3 (três) ocorrerão no mês de maio, 2012, em datas e local a serem determinados pela comissão organizadora.

10. Nas duas primeiras eliminatórias serão classificados 6 (seis) contos em cada uma, totalizando 12 (doze) trabalhos que participarão da etapa final.

11. Serão lidos apenas 3 (três) trabalhos do montante classificado em cada eliminatória, mediante sorteio, uma vez que não será possível ler todos os trabalhos numa única tarde.

12. Todos os contatos necessários, referentes a este concurso, serão efetuados através de correio eletrônico, conforme endereço acima citado.

13. Os casos omissos serão analisados e decididos pelo corpo de jurados do presente concurso.

Fonte:
Texto enviados por Concursos Literários. http://concursos-literarios.blogspot.com/

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 504)


Uma Trova de Ademar

É a natureza sentindo
a dor no pulmão da terra,
e as matas, tristes, ouvindo
o ronco da motosserra!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Numa volúpia de amante,
estuante de emoção,
o colibri cintilante
beijava a flor em botão.
–ADAMO PASQUARELLI/SP–

Uma Trova Potiguar

Depois de muitas andanças,
e tanta ilusão perdida,
vejo lindas esperanças
orvalhando minha vida.
–REINALDO AGUIAR/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Da vida, no grande coro,
eis nosso destino atroz:
seguirmos de choro em choro,
até chorarem por nós!
–TASSO DA SILVEIRA/PR–

Uma Trova Premiada

2011 – Nova Friburgo/RJ
Tema – RECADO – M/E

Nas armadilhas da vida
às vezes, o amor mais lindo,
dá seu recado, e em seguida,
manda um outro, desmentindo.
–ALBA CRISTINA C. NETO/SP–

Simplesmente Poesia

Poemeto.
–ORACY DORNELLES/RN–

Voar
Voar em V
como ponta de flecha

Voar em V
como o vento
mítico

Voar em verso
e voltar
oracícaro.

Estrofe do Dia

Eu peço a Deus, todo dia,
numa prece comovida:
se eu merecer um castigo,
tire-me a própria comida,
mas não me tire a alegria
do convívio da poesia,
que é o sonho melhor da vida!
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Soneto do Dia

Meus Conflitos
–OLGA MARIA DIAS FERREIRA/RS–

Amargo pranto escorre em minha face,
enorme dor sufoca este meu peito,
saudade imensa, já, não mais desfaz-se,
nem abandona as sombras do meu leito..

A nuvem negra deste desenlace,
mostra-me a cor de nosso lar desfeito,
e luto intenso em minha alma faz-se,
na falta deste amor… quase perfeito..

Ah, meus conflitos já cristalizados,
revelam mágoas, dores e pecados,
numa constância e impertinência louca…

Pelos momentos, já, ultrapassados,
por tantos sonhos por nós dois sonhados,
nesta saudade… beijo a tua boca!

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Concurso Internacional de Microcontos ‘Conto Minguante’- Quaderni Ibero Americani (até 15 de Junho)


Informações:

a) Concurso de microcontos (entre 5 e 40 linhas)
b) Voltado aos jovens entre 10 e 33 anos
c) Tema relacionado a cultura e a viagem
d) Até 3 microcontos por participante

Se, de acordo com Samuel Beckett, “as palavras são tudo o que temos”, a antiga revista italiana Quaderni Ibero Americani, dedicada aos estudos da Ibero-América, convida a todos os jovens entre e 10 e 33 anos a compartilhar suas inquietudes literárias num concurso internacional que pretende fazer autor e leitor refletirem sobre a importância da cultura e da viagem. Nesse concurso, são dois os objetivos principais: em primeiro lugar, potencializar e repensar a importância da língua de Camões em suas componentes globais e internacionais, e, em segundo lugar, fomentar a criatividade dos futuros leitores.

Todo microconto é um desafio intelectual e criativo: um olhar aberto, com escrita direta, partindo de reflexão profunda. A intenção é chamar a atenção do leitor e deixá-lo refletir, a partir de uma introspecção própria, pessoal e impactante. Buscamos narrativas que usem uma linguagem viva, que desenhem com palavras e fujam dos lugares-comuns. Originalidade e criatividade serão os aspectos mais valorizados na escolha e classificação dos textos.

Uma aventura no Amazonas, um personagem perdido pelas ruas de de São Paulo ou do Recife, um estudante europeu viajando de carro por Portugal, um encontro inesperado no leste dos Estados Unidos, uma viagem pela cultura baiana: qualquer aspecto cultural será válido no concurso. O importante é pensar no argumento, nos personagens, nos cenários, e por a mão na massa. Por se tratar de microcontos, os textos devem ter de 5 a 40 linhas. O estilo e a estrutura serão elementos primordiais de avaliação, e a narrativa deverá nos conduzir ao universo da cultura de língua portuguesa.

A revista Quaderni Ibero Americani foi fundada em 1946 pelo hispanista Giovanni Maria Bertini, pai do ibero-americanismo italiano. Ela se dedica ao estudo da cultura e da literatura dos países de língua espanhola e portuguesa. Há décadas, vem-se constituindo como um instrumento de pesquisa literária e de percursos interculturais, dedicada ao versátil mundo do iberismo, tanto de língua espanhola quanto portuguesa, na Península Ibérica ou na América Latina. O I Concurso Internacional de Microcontos dos Quaderni Ibero Americani segue essa perspectiva intercultural. Com a iniciativa, pretende-se desenvolver, potencializar e expandir a criatividade nos jovens interessados pela cultura dos países de língua portuguesa e espanhola e na temática da viagem. Por este motivo, nesta primeira convocatoria, as criações literárias giram em torno de temas relacionados à Cultura e à Viagem.

Numa era em que a comunicação é imediata, parar para pensar cuidadosamente em uma ideia e expressá-la de maneira breve, elegante e emocionante por meio de uma narrativa curta é um exercício que pode resultar na emergência de novos artistas. Pensando nisso, esperamos sua a participação no I Concurso Internacional de Microcontos e no blog do concurso: http://microcontosqiapor.blogspot.com/

Para informações detalhadas, leia os tópicos abaixo.

Esperamos sua participação!

Fabiana Carelli
Universidade de São Paulo
Microcontos – Quaderni Ibero Americani em Língua Portuguesa
E-mail: microcontosqiapor@gmail.com

Premiação:

I) 1º lugar: 300 euros; 2º lugar: 200 euros; e 3º lugar: 100 euros II) Publicação dos melhores textos na revista Quaderni Ibero Americani

Prazo: 15 de Junho de 2012

Organização:
Revista Quaderni Ibero Americani
E-mail: qia@libero.it / microcontosqiapor@gmail.com

Regulamento:

1. PRÊMIOS:
Primeiro prêmio – 300 euros
Segundo prêmio – 200 euros
Terceiro prêmio – 100 euros

Os melhores textos serão publicados na revista Quaderni Ibero Americani
(email: qia@libero.it)

Todos os microcontos serão publicados no blog do concurso: http://microcontosqiapor.blogspot.com/

2. PARTICIPANTES:

Por ser um concurso internacional, poderão participar todos os jovens (entre 10 e 33 anos) de qualquer nacionalidade, desde que escrevam em português (como língua materna ou estrangeira).

3. CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS:

O tema abordado poderá ter qualquer aspecto relacionado à Cultura e à Viagem.

Para maiores informações, entrar em contato pelo e-mail: microcontosqiapor@gmail.com.

A narrativa inscrita deverá ser original e inédita e não poderá ter sido premiada em nenhum outro concurso.

Os textos devem ser enviados em arquivos, nos formatos pdf ou doc.

Os textos não poderão ter mais de 40 ou menos de 5 linhas.

Cada participante do concurso poderá enviar, no máximo, três textos.

4. PRAZO E MODO DE ENTREGA:

Os textos devem ser enviados para o e-mail da direção: microcontosqiapor@gmail.com.

Devem ser entregues dois anexos: o primeiro conterá o microconto, com um título e um pseudônimo; o segundo, os dados pessoais do autor (nome e sobrenome, endereço, data de nascimento, nacionalidade, e-mail e telefone para contato), incluindo também o título da obra enviada.

Caso o candidato queira enviar mais de um microconto, deverá fazê-lo em e-mails separados, lembrando que poderão ser enviados até três microcontos(divididos em três e-mails, com dois anexos cada).

A data final para a entrega dos microcontos é 15 de junho de 2012, até a meia-noite.

5. RESULTADO DO CONCURSO:

O resultado do concurso será divulgado no dia 30 de julho de 2012.

Fonte:
Texto enviados por Concursos Literários. http://concursos-literarios.blogspot.com/

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 503)


Uma Trova de Ademar

No outono, o comportamento
da folha, nos irradia,
pois, mesmo atirada ao vento
não perde a sua magia…
ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Doce trova, companheira:
criatura e criação,
chega de toda maneira
e aporta em meu coração!
–CARMEN PIO/RS–

Uma Trova Potiguar

Onde há fé, nada termina…
Jesus Cristo, o Redentor,
lá do céu, abre a cortina
enchendo o mundo de amor!
–EVA GARCIA/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

À primeira claridade,
da manhã fresca e bonita,
a nossa bela cidade
desperta alegre e se agita
–SERAFIM FRANÇA/PR–

Uma Trova Premiada

2010 – Brag. Paulista/SP
Tema – CAMINHADA – Venc.

Nesta ambígua caminhada
há mistério e não me iludo:
-“Não sinto medo de nada,
mas tenho medo de tudo!!!”
–ANTONIO COLAVITE FILHO/SP–

Simplesmente Poesia

M O T E :
Eu fumando o cigarro da saudade
e a fumaça escrevendo o nome dela.
HUGO ARAUJO/PE–

G L O S A :

–GILSON MAIA/RJ–
Parece-me que a sorte, por maldade,
sempre quis perturbar a minha vida.
Minha amada zanzando na avenida
Eu fumando o cigarro da saudade
Mudarei, bem depressa, da cidade,
pra tentar esquecer essa mazela.
Ai que sina madrasta, chorumela!
Ergo os olhos aos céus, mas que ironia,
continuo fumando, noite e dia,
e a fumaça escrevendo o nome dela.

Estrofe do Dia

A maior pena da vida
para todos é uma só;
seja pobre, seja rico
a vida termina em pó;
e apenas a morte, apenas,
é quem aplica tais penas
e aplica sem pena e dó!
–LUIZ DUTRA/RN–

Soneto do Dia

Coisificadas
–HAROLDO LYRA/CE–

Hoje é comum mulher tirar a roupa
pra revelar nas bancas de jornal,
despudoradamente o colossal
segredo da virtude, já tão pouca.

Desnuda-se, aos apelos do mural;
na crapulosa folha a pose louca
que a revista conduz de boca em boca
e faz dessa mulher coisa venal,

que assim exposta nua à sordidez;
dependurada à espreita do freguês,
nem percebe aonde e como vai chegar.

Mas chega ao pai, os sonhos carcomidos,
por ver da filha os garbos preteridos,
e oferecida a quem puder pagar.

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X Jogos Florais de Avis (Inscrições até 5 de Abril)


Os JOGOS FLORAIS DE AVIS comemoram a sua 10ª edição, facto de que muito se orgulha a Amigos do Concelho Aviz – Associação Cultural, (ACA-AC).

Sendo subordinados a um tema, a CRISE, tão actual quanto exigente, e sem esquecer que o objectivo de todos nós é vencê-la, ainda assim, pode ser motivo de inspiração!

Inspire-se e participe nos X JOGOS FLORAIS DE AVIS, pois será uma honra para a ACA- AC saber que aceitou o nosso convite.

REGULAMENTO

1 – Os X Jogos Florais de Avis são uma iniciativa da AMIGOS DO CONCELHO DE AVIZ – ASSOCIAÇÃO CULTURAL, a que podem concorrer todos os cidadãos abrangidos pelo que se dispõe no presente regulamento.

2 – Só são admitidos a concurso trabalhos inéditos, redigidos em Português e nas seguintes modalidades:

POESIA

A – QUADRA POPULAR – Tema

Tema: “A CRISE”

Em redondilha maior, de rima ABAB, uma quadra em cada folha.

B – POESIA OBRIGADA A MOTE

Mote

Quem a crise provocou
Está fora e sabe bem,
Que muito o pobre pagou
Na conta dele também
(João Velez Venâncio/Benavila – Avis)

Nota: não descurando outras formas de glosar o mote, daremos especial atenção ao tratamento em décimas.

C – POESIA LIVRE

Subordinada ao tema: “A CRISE”

PROSA

CONTO subordinado ao tema: “A CRISE”
(Máximo de 3 páginas, escritas em tamanho 12, a espaço e meio de entrelinhamento).

3 – De cada trabalho serão enviados três exemplares, dactilografados (à máquina ou em computador) em papel formato A4, de um só lado com caracteres de tamanho 12, sendo que apenas no conto o espaço entre linhas deverá ser de espaço e meio. Os trabalhos não poderão ser adornados com moldura ou qualquer outro adorno.

4 – Todos os trabalhos deverão trazer na primeira página a modalidade a que concorrem, terão que ser subscritos por um pseudónimo, devendo os respectivos autores, enviar anexo a cada trabalho, um envelope fechado com o pseudónimo dactilografado no rosto, e dentro, o nome, morada e número de telefone do Autor.

5 – Cada concorrente poderá apresentar dois trabalhos por modalidade, com excepção da QUADRA onde poderão ser apresentados três trabalhos a concurso, pelo que cada um será subscrito com pseudónimo diferente. Serão desclassificados os trabalhos que não sejam inéditos, isto é, que já tenham sido apresentados noutros concursos.

6 – O prazo de remessa dos originais (data de carimbo dos correios) termina em 05 de ABRIL de 2012 e deverão ser enviados, para:

X Jogos Florais de AVIS
Amigos do Concelho de Aviz – Associação Cultural
Praça Serpa Pinto, Nº11
7480 – 122 AVIS

7 – O não cumprimento do estipulado no presente regulamento, anula a apreciação dos trabalhos pelo júri, de cujas decisões não cabe recurso.

8 – As classificações serão tornadas públicas em 2 de Maio de 2012, sendo os concorrentes avisados por escrito.

9 – Haverá três prémios por modalidade, bem como as menções honrosas que o júri entender por bem conceder. Poderá, no entanto, deliberar a não atribuição de qualquer prémio, numa ou mais modalidades, se considerar que a qualidade dos trabalhos apresentados não é consentânea com a projecção que se pretende para esta iniciativa.

10 – A entrega de prémios aos galardoados terá lugar no dia 19 de Maio de 2012, em Avis, no Auditório Municipal Ary dos Santos, a partir das 14H30’.

11 – Estes Jogos Florais ficam interditos aos elementos do Júri e demais pessoas envolvidas na organização dos mesmos.

12 – Ao Júri cabe a resolução de qualquer ocorrência que não seja abrangida pelo presente regulamento.

Nota: regulamento aprovado em reunião de Direcção da ACA-AC em 22 de Dezembro de 2011.

Com o apoio de:
Câmara Municipal de Avis
Junta de Freguesia de Avis

Fonte:
Regulamento enviado por Diamantino Ferreira

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 502)


Uma Trova de Ademar

É na Fé que eu me doutrino;
diferente dos ateus…
Minha vida e meu destino
entrego nas mãos de Deus!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Ao contemplar teu sorriso,
fruto de nossa amizade,
meu peito toca seu guizo,
de pura felicidade!
–NEMÉSIO PRATA/CE–

Uma Trova Potiguar

Após, intensa jornada
e como que, por crendice,
a mocidade exultada,
sede lugar a velhice.
–FABIANO WANDERLEY/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Jamais será diferente
minha atitude contigo,
que a amizade é permanente:
só trai quem não era amigo.
–ELTON CARVALHO/RJ–

Uma Trova Premiada

2010 – Brag. Paulista/SP
Tema – CAMINHADA – Venc.

Sem conter as mãos ousadas,
por meu corpo te aventuras
em noturnas caminhadas
de prazeres e loucuras…
–EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ–

Simplesmente Poesia

Todo Dia
–JUSSARA GABIN/PR–

Todo dia,
no mesmo compasso,
toco minha vida.
Curo as feridas
e busco um espaço.
Não guardo rancor,
nem mágoa de amor,
tristeza ou cansaço.
Tenho na algibeira
pedrinhas preciosas,
nas mãos, um rosa,
colhida no jardim.
Sou peça importante
neste mundo inconstante
que escolheram pra mim.

Estrofe do Dia

O mundo se encontra bastante avançado,
a ciência alcança progressos em soma,
na grande pesquisa que fez o genoma
todo o corpo humano já foi mapeado;
No mapeamento foi tudo contado:
Oitenta mil genes se pode contar,
A ciência que faz chover e molhar,
faz clone de ovelha, faz cópia completa;
duvido a ciência fazer um poeta
cantando galope na beira do mar…
–GERALDO AMÂNCIO/CE–

Soneto do Dia

Sonetos.
–SÍLVIO VALENTE/BA–

Amo o soneto porque é molde antigo
para dizer as cousas sempre novas;
porque depois de não sei quantas provas,
um pudor virginal guarda consigo.

O soneto é mais puro do que as trovas.
sim, Bem-Amada, eu nele apenas digo
tudo que é nobre em mim, tudo que aprovas
e é meu prêmio na vida, e é meu castigo.

É fino e breve, e tem segredos de arte;
uma pureza, enfim, tão cintilante
que, quando um dia desejei cantar-te,

os teus encantos rútilos, diversos,
pus em soneto; e desde aquele instante,
só sei rimar-te com quatorze versos.

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 501)


Uma Trova de Ademar

O carisma verdadeiro
não se compra, ele é um dom!
Bem melhor que ter dinheiro
é ter carisma… E ser bom!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

No teatro, hoje em ruínas,
tantos sonhos eu plantei,
que as lembranças peregrinas
nem percebem que parei…
–LUIZ ANTONIO CARDOSO/SP–

Uma Trova Potiguar

Este conceito traduz
um céu de muito esplendor:
– “amor é facho de luz”
– “perdão é bênção de amor!”
JOAMIR MEDEIROS/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Pôs-se fim na pagodeira,
resta a cinza, em despedida,
que o vento da Quarta feira
vai levando na avenida!
PEDRO WILSON ROCHA/CE–

Uma Trova Premiada

2010 – Brag. Paulista/SP
Tema – CAMINHADA – Venc.

Nas caminhadas que fiz
pela vida atribulada,
aprendi que ser feliz
é viver de quase nada!…
–ALMIRA GUARACY REBÊLO/MG

Simplesmente Poesia

Em Preto e Branco
–CARMEN CARDIN/RJ–

Eu aposto nas emoções praticadas
Da ternura: ela atravessa fronteiras!
Amo o sabor das coisas delicadas,
Amo o valor das coisas verdadeiras.

Em cada muito, do pouco que faço
Em cada tudo, do nada que sinto,
A surpresa de viver trai o meu traço:
Dizendo a verdade, eu minto.

No rubor da minha face me afugento
(Ás vezes têm-se o nada e este é tanto!)
O carmim dos meus lábios é sedento
A maquiagem dos meus olhos é o pranto

Não faço planos, desconheço o que é promessa:
Nada tenho, nada sou, nada sei…
Nada peço, tudo quero, tenho pressa:
O artifício do Amor é a minha lei!

Estrofe do Dia

Me sinto prisioneiro
nas rédeas do teu destino,
me tornei um peregrino
por esse amor bandoleiro;
a ausência do teu cheiro
maltrata o meu coração,
por não sentir mais paixão
fiz voto de castidade;
no cabresto da saudade
amarrei minha ilusão.
–HÉLIO CRISANTO/RN–

Soneto do Dia

Ninguém…
–JOÃO UDINE/CE–

Ninguém entende a alma de um poeta!
É um enigma sondá-la e entendê-la.
O mundo vil, em desencanto, a veta,
Só porque o bardo diz ouvir estrela…

Ninguém entende a alma de um poeta!
Ninguém entende o seu poetar divino.
Ninguém entende a sua luz e meta
A transcender no verso cristalino…

O vate canta o que o céu clareia:
O mar, o sol, a lua, a branca areia,
E o perfume oloroso de uma flor…

Ah, o poeta canta e mui delira
Ao tocar, com amor, as cordas da lira,
Do seu pequeno e desmedido amor!

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Concursos de Trovas com Inscrições Abertas)

CONCURSO DE TROVAS UBT – CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ – (até 31 de Maio)

Apenas uma trova! A palavra ”tema” tem que constar na trova. e não valem palavras cognatas.

Sistema de envelopinhos, com identificação no interior e a trova no rosto do envelope.

Prazo – Até 31 de maio de 2012.

Tema Nacional – FUTURO (Liricas/Filosóficas) – exceto residentes no RJ

Estadual – SORRISO ( Liricas/Filosóficas) – exceto Campos dos Goytacazes

Municipal – BRILHO ( Liricas/Filosóficas) – apenas para Campos dos Goytacazes

Remessa:

UBT – Concurso de Trovas 2012

Campos dos Goytacazes – RJ
a/c Neiva Fernandes
Rua Elói Ornellas, 25 – Caju
28051-205 – CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

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XVII JOGOS FLORAIS DE CURITIBA (até 10 de abril)

Nacional/Internacional

Liricas/Filosóficas – Justiça
Humorísticas – Tapa

Remete para

Centro de Letras do Paraná

Rua Fernando Moreira, 370
80410-120 – CURITIBA – PR

Máximo, 3 trovas, até 10 de abril de 2012

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JOGOS FLORAIS DE CANTAGALO – RJ – (até 1 de Junho)

Regulamento

1. Tema nacional – ESPAÇO

Tema estadual – TEMPO

2. Máximo, duas trovas – Líricas ou Filosóficas, por concorrente.

3. Sistema de envelopes.

4. Não colocar pseudônimo (A costumeira identificação dentro do envelopinho, a trova no rosto deste)

5. Enviar para Jogos Florais de Cantagalo – RJ
a/c Ruth Farah Nacif Lutterback
Rua Dr. Nagib Jorge Farah, 204
São Vicente de Paulo
28500-000 – CANTAGALO – RJ

Como remetente, o nome de Luiz Otávio e como endereço, o mesmo do destino.

Prazo: até 01 de junho de 2012

Fonte:
Diamantino Ferreira

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 500)

Uma Trova de Ademar

A mais triste solidão
que os seres humanos tem
é abrir o seu coração,
olhar… E não ver ninguém!
ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Sofre o revés mais que justo
quem da ambição não se esquece
ao tentar a todo custo
conquistas que não merece.
–CEZAR AUGUSTO DEFILIPPO/MG–

Uma Trova Potiguar

A noite cai machucada
por tantas cenas de horror,
que os olhos da madrugada
abrem vermelhos de dor!
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Não paras quase ao meu lado…!
e em cada tua partida,
eu sinto que sou roubado
num pouco da minha vida..
–LUIZ OTÁVIO/RJ–

Uma Trova Premiada

1985 – Nova Friburgo/RJ
Tema – BRINQUEDO – 1º. Lugar

Infância é um brinquedo usado
que um dia a vida resolve
tomar um pouco emprestado
e nunca mais nos devolve!
–ARLINDO TADEU HAGEN/MG–

Simplesmente Poesia

Motivo.
–CECÍLIA MEIRELES/RJ–

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.

Estrofe do Dia

Seu doutor com licença e com respeito,
sou um pobre coitado e sem ciência,
tenha um pingo se quer de consciência
e reconheça também o meu direito.
Mesmo estando sofrendo neste leito
eu imploro ao senhor, não me agrida!
Mostre a luz, o caminho e a saída,
não cometa este ato tão medonho
nem maltrate um poeta e nem seu sonho,
que um poeta sem sonho, não tem vida.
–JÚNIOR ADELINO/PB–

Soneto do Dia

Ouvir Estrelas
–OLAVO BILAC/RJ–

“Ora direis ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso”! E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
a via láctea, como um pálio aberto,
cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las:
pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas”.

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Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 499)


Uma Trova de Ademar

Sem grana até pra o café,
doeu, eu sei, mas foi fato…
Eu mandei cortar um pé
pra economizar sapato…
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Ao chegar no beleléu,
mostra, o bebum, seu espanto:
– Não tem boteco no céu?
E as pingas que eu dei pro santo ?!?
SÉRGIO FERREIRA DA SILVA/SP

Uma Trova Potiguar

Minha sogra além de feia,
é lúcifer em formato!
Que a aranha tecendo a teia
desvia do seu retrato.
–DJALMA MOTA/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Pra botar fogo na gente
é assim que a mulata faz:
em cima estufa pra frente,
em baixo estufa pra trás!
–JOUBERT DE ARAÚJO SILVA/RJ–

Uma Trova Premiada

2011-Belo Horizonte/MG
Tema: FOGO – M/E

Bem malandro é o Ademar,
de “fogo”, quase caindo,
entra de costa em seu lar
pra fingir que está saindo.
–OLYMPIO COUTINHO/MG–

Estrofe do Dia

Fiz de tudo nesta vida
só pra te fazer feliz;
dei-lhe tudo o quanto quis
dinheiro, casa e comida,
dei carinho e dei guarida
te deixei toda alinhada
e você de pá virada
dizendo que me detesta;
na boca de quem não presta
quem é bom não vale nada!
–HÉLIO CRISANTO/RN–

Soneto do Dia

Argumento de Defesa
–BASTOS TIGRE/PE–

Disse alguém, por maldade ou por intriga,
que eu de Vossa Excelência mal dissera:
que tinha amantes, que era “fácil”, que era
da virtude doméstica, inimiga.

Maldito seja o cérebro que gera
infâmias tais que em cólera maldigo!
Se eu disse tal, que tenha por castigo
o beijo de uma sogra ou de uma fera!

Senhora! pondo a mão sobre a consciência,
minha palavra, impávida, protesta
contra essa intriga da maledicência!

Indague a amigos meus; qualquer atesta
que eu acho e sempre achei Vossa Excelência
feia demais para não ser honesta…

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Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 498)

Uma Trova de Ademar

Já cansado, de voz rouca,
ao encontrá-la novamente
minha emoção não foi pouca,
Apenas… Foi diferente!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Nosso sonho deu em nada,
mas nosso amor ergue a voz,
em busca de outra alvorada
que vive dentro de nós!
–RODOLPHO ABUDD/RJ–

Uma Trova Potiguar

Sorrindo, escondo uma dor
que ela deixou em meu peito;
e o peito guarda um amor
que teima em não ser desfeito.
–TARCÍSIO FERNANDES/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Saudade – lembrança triste
de tudo que já não sou…
Passado que tanto insiste
em fingir que não passou!
–EDGAR BARCELOS/RJ–

Uma Trova Premiada

2010 – Brag. Paulista/SP
Tema: CAMINHADA – Venc.

O reencontro… a caminhada…
a lua seguindo os dois…
a chama reavivada,
e o resto… eu conto depois…
–DARLY O. BARROS/SP–

Simplesmente Poesia

Falta de Ar
–J. G. DE ARAÚJO JORGE/AC–

Há dias que posso passar sem sol, sem luz,
sem pão,
sem tudo enfim…

( Tenho até a impressão de que não preciso de nada…
… nem mesmo de mim…)

Mas há dias, amor… ( e parece mentira)
– nem eu sei explicar o porquê
de tão grande aflição –

em que não posso passar sem Você
um segundo que seja!
– de repente preciso encontrá-la, é preciso que a veja –

– Você é o ar com que respira
meu coração !

Estrofe do Dia

Fui feito sob medida
para amar e ser feliz,
mas o destino não quis
que eu fosse feliz na vida;
com minha alma enternecida
e um coração sofredor
digo com todo amargor;
ninguém amou do meu tanto…
Eu nasci para ser santo,
mas me fazem pecador!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia


Via Crucis
–MARIA NASCIMENTO CARVALHO/RJ–

Foste embora e eu, sedenta de carinhos,
tentando alimentar minha ilusão,
fingia encontrar rosas nos espinhos
com que marcaste a minha solidão…

Depois, tentei seguir outros caminhos,
mas, sem achar a tua direção,
na “VIA CRUCIS” longas dos sozinhos
deixei pedaços de alma e coração…

E, nessa andança inútil, sem destino,
provei a dor cruel do desatino
e todo o dissabor dos desenganos…

Não te encontrei. Por isso, em poucos meses,
meu coração parou milhões de vezes,
minha alma envelheceu mais de cem anos…

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Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 497)

Antigo Mosteiro em Mossoró/RN

Uma Trova de Ademar

O amigo que nos quer bem
é aquele que, sem temor,
oculta uma dor que tem
e vem sanar nossa dor…
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional

Ouço no vento o lamento
dos solitários tristonhos
que viram, da vida, o vento
amarrotar os seus sonhos!
–MARISA RODRIGUES FONTALVA/SP–

Uma Trova Potiguar

Meu cartão de identidade
está dentro de meu ser;
e, em meus olhos, a verdade
todo mundo pode ver.
–TARCÍSIO FERNANDES/RN–

…E Suas Trovas Ficaram

Quando na igreja, te fita,
tão meiga e linda rezando,
o próprio santo se agita
com medo de estar pecando.
–RENATO MARTONE JUNIOR/SP–

Uma Trova Premiada

2010 – Ribeirão Preto/SP
Tema: VIAGEM – 5º Lugar

Se a vida é apenas passagem
quero que me façam jus;
na minha última viagem
deixem que eu veja Jesus!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Simplesmente Poesia

Despedida.
–THALMA TAVARES/SP–

No aceno discreto e mudo
que entre lágrimas fizeste,
teus olhos disseram tudo
do amor que nunca disseste…
Por esse amor eu desnudo
meu coração rude e agreste,
que se transforma em veludo
ante o teu olhar celeste.
Mas assim que tu partiste
a vida se fez mais triste
e o mundo um tédio medonho.
Sempre que lembro o teu pranto,
minha alma se encolhe a um canto
e chora a morte de um sonho.

Estrofe do Dia

A pior das piores sacanagens
que se pode a um poeta praticar
é roubar-lhe o direito de narrar
em seus versos, poemas e mensagens,
a beleza bucólica das paisagens
sobre a relva orvalhada e colorida,
sem ter isso o poeta não tem vida,
fica triste abalado e bem tristonho;
quer matar um poeta, mate um sonho,
que um poeta sem sonho se liquida.
–JUNIOR ADELINO/PB–

Soneto do Dia

A Solidão
–GABRIEL BICALHO/MG–

Trago comigo, neste corpo lasso,
as marcas do que fui, meu desatino.
Se tive uma mulher em cada braço,
não tive o grande amor do meu destino.

A solidão me sobe, passo a passo,
quando subo as ladeiras do Divino
e pesa mais que fardo este cansaço,
como dobres de morte em cada sino.

Ai!, quem me dera, nesta noite fria,
qual vate ilustre que também vadia,
revê-la agora como outrora a vi!

Tamborilava os dedos na agonia
de quem morre um pouquinho todo dia,
compondo os versos que não lhe escrevi!

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