Arquivo da categoria: Minas Gerais

Clevane Pessoa (Trovas)

A arte é a essência plástica
a cada coisa do mundo
— a criatividade é elástica
faz o que é raso, profundo

A empregada, despedida,
Sai triste, trouxa na mão…
Leva no ventre, uma vida
Que é do filho do patrão…

A gestante, carinhosa,
“leva” o bebê, comovida…
Sensação maravilhosa:
Guarda, no ventre, UMA VIDA…

A honestidade aprendi
com meu pai, honrado e forte
— igual a ele, nunca vi
ser sua filha, é uma sorte…

Ajudando a toda gente
amando sem distinção
é que ganha o presente
de ter céu com pés no chão…

Ajudar a cada irmão
Fazer tudo o que pudermos
— Pois essa é a nossa missão,
Se o crescimento quisermos…

A minha alma, em plenitude,
Cheia de luminosidade
Faz-se bela, na quietude
Do amor que se faz saudade…

Amo com tal amplitude
Que nem tempo, nem espaço
Reduzem a completude
Transmitida quando abraço

Ao bom Deus, Mariazinha
Pede para devolver
Sua Santa mamãezinha
Que morreu pr’a ela nascer…

Ao ver as meias, coitado
o vovô pensa:-“Já sei!
Essas, dei no ano passado
no retrasado, as ganhei…”

Apesar das tempestades
Meu espírito cansado
Tem reservas de amizade
Pra cada momento errado.

A primeira vez da gente
É gravada por demais!
Mas é como estrela cadente
Que ao céu não volta jamais…

As duas rosas do teu rosto
De róseas, brancas ficaram,
Para mostrar teu desgosto
— Já que os olhos não choraram…

As notas interpretando
Com os pés, pernas, mãos, braços,
A moça que está bailando
Vai “escrevendo” com seus passos…

A solidão que me embala
Canta-me tristes cantigas…
Será que o silêncio fala?
Serão as sombras, amigas?

Às vezes, o Amor, querida
Pode matar a ilusão…
O sol, que dá luz e vida
Traz desgraças ao sertão…

Às vezes, te trato mal
Por coisas tolas, banais
— E até zangada, afinal
Te quero cada vez mais…

A verdade é mole ou dura
dependendo da impressão
— ou é Bem que assim perdura
ou demonstra a escuridão

Ciúme é flor que não se cheira
Por mera premonição,
— Ainda assim, erva traiçoeira
envenena o coração

Com lucidez peculiar
Quantos “doidos” são mais certos
Que os que pensam acertar
Julgando-se muito espertos…

Com uma luz interior
que os “normais” não podem ver,
o cego tem um pendor
para “enxergar” o prazer…

Deixe o orgulho, minha gente…
Abandonem tal pecado!
— No acerto, é ficar contente!
No erro, entender o recado!…

Dentro de mim, choro tanto
— E sorri tanto, o meu rosto!
— Em riso, torno meu pranto,
Para ocultar meu desgosto…

Deus, que escuta toda prece
Atende meu jardineiro
A roseira floresce
E há gerânios, o ano inteiro…

Deve-se amar aos doidinhos
São filhos de Deus, também
Agem como os passarinhos
Não fazem mal a ninguém…

É minha mãe quem me inspira
Os versos do coração:
De seu amor, sonora lira,
Eu tiro qualquer canção…

Em vão espera um brinquedo
um menininho de rua…
Risca no chão, com um dedo,
um foguete e vai prá lua…

Eu fico presa, extasiada,
Nas folhas daquele galho,
Pois amo o que é quase nada
Como o cristal do orvalho…

Eu sou sempre adolescente
Recriando quase tudo
— Inquieta, mas resiliente:
Aço puro, com veludo…

Eu vivo há uns tantos anos
— De angústia, seculares –
Sofri tantos desenganos
Que fiquei imune aos pesares…

Fui “bruxa”, ou fada, sabendo
Com as ervas curar doentes,
Bebês à luz, vim trazendo
Fiz brotar muitas sementes…

Gato pardo e belicoso
Arqueia o corpo robusto,
Projeta as unhas, raivoso
Vira um puma no seu susto

Gatos à noite são bardos
E miam versos para a lua
Dizem que então ficam pardos
Parecem da cor da rua…

Há gente que vale nada
— Rouba ideias, trai amigos
Fazendo os outros de escada,
Ocupando seus abrigos…

Há muito “louco” no hospício
Fazendo tanto escarcéu
Por ter passe vitalício
Nos auditórios do Céu…

Há no mistério da fome
este mistério profundo:
É Cristo quem se consome
Em cada pobre do mundo…

Impossível conhecer
Mesmo o presente obscuro:
Tudo pode acontecer
Sem fantasiar o futuro

Jamais terei um presente
qual o que desejo mesmo:
a presença que está ausente
porque no céu caminha a esmo…

Jardineiro os segredos
Das rosas, tem o ceguinho
— “Eu tenho olhos nos dedos
Sei contornar cada espinho”…

Mentiste sempre, é verdade
— Nunca me amaste, afinal!…
Mas não quero a realidade
Mente mais, que não faz mal!…

Meia dúzia de gatinhos,
uns nos outros, enroscados,
são novelos bem quentinhos
parecem interligados

Meu canto é de Amor e Paz
— Sou humilde passarinho
Que trovas, num leva-e-traz
Sai espalhando, de mansinho…

Meu coração galopante
Deixa-me às vezes, sem ar
Por tudo que é discrepante
Do meu jeitinho de amar…

Meu Deus, por que sofro assim,
Pardal em boca de gato?
Se não tens pena de mim,
Como ser intimorato?…

Meu mar de amor é abissal
Insondável, pois profundo:
— Esconde-me assim do Mal
E das invejas do mundo…

Meu mar de amor se renova…
— Será que vou conseguir
Na gota de orvalho — A TROVA —
Pôr meu jeito de o sentir?…

Meu pai, menino crescido
Brinca mais que meus irmãos
— Meu coração, comovido
Vê os calos em suas mãos…

Meu pai tem vista apurada
excelente pontaria…
mas jamais matava nada,
pela sua filosofia…

Meu sobrenome é pessoa
— Uma luz a me nortear:
Ser leal, ser muito boa,
a ninguém prejudicar…

Minha mãe!… Quanta saudade
Da passagem, pela Terra,
De quem me ensinou a bondade
E o perdão – que a paz encerra…

Minha rua, que se aclara
Com a luz do sol, nascente,
À tardinha se prepara
E vai dormir com o poente…

Nada é somente difícil
Tudo, mesmo, pode ser.
— O impossível só é incrível
Até quando acontecer…

Nada pode contestar
O poder da natureza
— Nem o homem a reinventar
O que Deus fez com certeza!

Não desejo nunca o Mal,
mesmo a quem mal me trouxe
A bondade é bambuzal
de mil folhas e som doce…

Não fiquei gorda, nem chata
Ao passar para a meia-idade
Sonho sempre — e intimorata
Sigo, sem indignidade…

Não há mulher que não minta
Nos diz um velho refrão…
— Tem gordura sob a cinta
E diz “sim” quando diz “não”…

Não me atingem as palavras
De calúnia ou de desdém…
Infâmia, tu não me cravas
As invejas de ninguém…

Não tendo, medo de nada,
Vivo porém escondida,
Ocultando essa espada
Que faz-me sangrar a vida…

Na tristeza da saudade,
O coração faz queixume:
Fugiu-me a felicidade
Vai-me chegando o ciúme…

Nenhum carnaval da Terra
traz de volta os que se vão
-a saudade nos encerra
em um fechado salão…

Nesse muros, tão pixados,
Vejo os conflitos do povo
— E sinto que os desgraçados
Querem ser “homens”… De novo!

No mistério dos vitrais
Há captação da energia
Que o Cosmos, às catedrais
Manda em plena luz do dia…

Nos opostos, a atração
Forma, às vezes, completude
Mas noutras, há combustão
Ou barulho em plenitude…

Nossas máscaras do dia
nem sempre nos fazem mal
a esconder dor ou alegria
de um eterno carnaval…

Nossos erros nos apontam
Novas trilhas nos caminhos
E os acertos só despontam
Se afastamos os espinhos

Nos teus olhos, a luz que arde
Faz meu espírito brilhar…
Fui entendê-los tão tarde!
Agora não posso voltar…

No verão, canta a cigarra.
Hino à vida, sem razão,
Pois a vida a que se agarra
Finda em meio da canção

Num mundo de faz-de-conta
O insano, bem contente
Parece dançar na ponta
De uma lança incandescente

O amor materno é meu ninho
— É fogo que não se acaba
— É canto de passarinho
Mesmo se a chuva desaba…


MAIS TROVAS, POEMAS, HAICAIS, BIOGRAFIA,ENTREVISTA DE CLEVANE PODE SER OBTIDO NO E-BOOK. FAÇA O DOWNLOAD EM:

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Trovas

Clevane Pessoa (1947)

Clevane Pessoa de Araújo Lopes, nasceu em São José do Mipibu, Rio Grande do Norte, em 1947, filha de Lourival Pessoa da Silva e Terezinha do Menino Jesus da Silva.

Trabalhou ativamente na imprensa de Juiz de Fora-Mg, nos Anos de Chumbo, mantendo a página Gente, Letras & Artes e a coluna diária Clevane Comenta, entre outras- na Gazeta Comercial.

Aos dezesseis/dezessete anos, foi a redatora chefe de Voz das Mil, jornal Literário do Colégio Sagrado Coração de Jesus. Sua  primeira resenha foi publicada na Revista da Presidência, em 1964. Depois, escreveu em jornais por onde passou.

Radicou-se em Belo Horizonte ao se casar com o engenheiro civil Eduardo Lopes da Silva, que então trabalhava na Via Expressa em viadutos e passarelas.

Tendo iniciado Psicologia no CES (Centro de Ensino Superior) de Juiz de Fora, então formou-se na FUMEC desta capital (Belo Horizonte).

Acompanhou o marido a S. Luiz/MA, São Paulo/SP, depois a Belém/PA.

Retornou a Belo Horizonte em 1990.

Foi editora de Literatura e Arte do tablóide de vanguarda Urgente, entre outros, como A Voz de Rio Branco, de Visconde de Rio Branco, MG, onde mantinha “A Voz da Mulher”.

Escreveu na revista “o Lince” e em outras. Atualmente, é psicóloga, ilustradora, palestrista e oficineira de Poesia e Conto.

Até aposentar-se, trabalhou na Casa da Crinaça e do Adolescente do HJK, que fundou e coordenou (SAISCA-Serviço de Atendimento Integral ao Adolescente, seu projeto criado em S.Luiz Maranhão , encampado pelo Ministério da Saúde, tornado OS a posteriori) e levado a Belém , Pará, de 1996 a 1990, quando retornou a BH/MG).Esse projeto, alcança Poesia e Artes, crianças, adolescentes e família, além de atendimento à saúde.

Em 1993, participa intensamente, pelo HJK, com a seção de Psicologia, da organização do Congresso Internacional L’espoir sem Frontiers(Esperança Sem Fronteiras).No evento, desenvolveu uma oficina sobre família e participou de mesas.

Tem livros de poemas publicados:
Sombras Feitas de Luz ;
“Asas de Água”( pela Plurarts),
“A Indiazinha e o Natal”( Edições Haruko) ;
“Partes de Mim”( R & S Gráfica e Editora) ;
“Olhares teares,saberes”,(Edit.Popular, S,Luiz-MA);
Erotíssima (selo Catitu);

Seu livro Mulheres de Sal, Água e Afins, publicado pela Urbana Editora, RJ/Libergráfica BH.), reúne contos com protagonismo feminino.

Seu livro “O Sono das Fadas” (selo Catitu-BH) foi lançado na Bienal do Rio em 2009 e em vários espaços e cidades. Em 2011, foi relançado na Livraria Leitura do BH Shopping. Nesse ano, pela Pragmatha, do RS, publicou CENTAURA-poemas .

É verbete no Dicionário de Afrânio Coutinho e no Dicionário de Mulheres de Hilda Huber Flores(RS)

Possui capítulos em co-autoria (Homossexualidade e sexualidade do Adolescente,no compêndio “Adolescência, Aspectos Clínicos e Psicossociais”, Edit Arte Med(RS).

Em novembro de 2011, nos III Juegos Florales do aBrace, lança “Lírios sem Delírios”, com poemas e desenhos, alguma poesia em espanhol, a maioria em Português, Editora aBrace.

É consultora de teatro, revisora de textos, roteirista de peças teatrais.

No ano de 2007, completou 50 anos de Poesia, pois começou a escrever, publicar e fazer saraus aos dez .

Foi, pela” excelência da obra”, agraciada com o título de” Poeta Honoris Causa”, do Clube Brasileiro de Língua Portuguesa, para oito países lusófonos. O título foi concedido por sua Presidenta, a poeta Silvia de Araújo Motta e entregue por Conceição Piló (curadora do Palácio da Liberdade, nesta capital e diretora, em MG, da IWA), no evento “Poesia é Ouro”, em sua homenagem, que aconteceu no Centro de Cultura Belo Horizonte Março/2007), organizado por Karina Campos.

Em maio de 2009, recebe o título de Doutora Honoris Causa em Filosofia (Ph.I.), em sua posse na ALB/Mariana.

Pertence à REBRA, Rede Brasileira de Escritoras, tendo sido convidada por Joyce Cavalccante, sua presidente, para representar a REBRA em MG.

É patronesa da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, pertence à Academia Virtual Brasileira de Letras à Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, do virARTE.

Membro da IWA (Estados Unidos) .

Pertence à Rede Catitu de Cultura, é colaboradora da ONG Alô Vida. Por premiações em concursos, pertence ao CLESI(Clube dos escritores de Ipatinga);

Chanceler da Arcádia Litterária de Aracaju. , Membro Honorário de Mulheres Emergentes, Conselheira do Instituto Imersão Latina.

Estudou na SBAAT – Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras, aluna de Clério de Souza, o presidente da entidade. Ilustrava seus textos e de outros autores, em sua página na Gazeta Comercial (Juiz de Fora, MG).

Ilustrou, a bico de pena, “100 Trovas de Juiz de Fora” – Programa Contraponto.

Participou da primeira mostra de arte da FUMEC, quando concluía a faculdade de Psicologia.

Em eventos na Semana da Mulher e da criança, expôs no HJK, em Belo Horizonte, posteres e poemas ilustrados.

Fez 30 capas de pano para a edição artesanal de “Maldita Perfeição”, de Jairo Rodrigues.

Ilustrou, revisou e fez a divulgação de “Estalo, a revista”, onde escrevia .Ilustrou ainda o espetáculo “Completa Ceia”, de poesia erótica, “Brincando de representar’, de Virgilene Araújo e outros.

Fez 25 desenhos para a III Edição do “Original-Livro de Artistas”, no tema “A Forma do Pote vazio, tendo um dos desenhos apresentado no Palácio Galveias, em Lisboa, em maio de 2010.

Ilustrou seus livros “Asas de Água”, Poesias-Edit.Plurart e “Mulheres de Sal, Água e Afins”(contos-Edit.Urbana , Rio de Janeiro/Libergráfica.).

Em 2011, lançou, pela Editora aBrace – da qual é representante em Belo Horioznte-MG- “Lírios sem Delírios, de Poemas, que também traz suas ilustrações.

Desde março de 2009, a mostra Graal Feminino Plural, com seus desenhos e poemas, sobre questões do gênero feminino, circula, a partir da Galeria da Árvore (MUNAP_Parque Municipal Américo Renê Gianetti) , para os Centros Culturais de Belo Horizonte(Pref.Munic.) e Regional Oeste.

A mesma também faz parte, em 2010, do festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Tiradentes, no largo das Forras-Espaço Cultural. Banco do Brasil.

Participa de recitais, saraus com leituras e performances de textos.

Humanista, sempre lutou pela criança, família, mulher e adolescentes, sendo pioneira nas ações brasileiras pelo atendimento integral, multidisciplinar à criança e à adolescência (desde os Anos 80).

Pelo Ministério da Saúde, ministrou oficinas em vários Estados brasileiros, quando trabalhava no Hospital Júlia Kubitscheck, no Barreiro de Cima, onde coordenou e criou a Casa da Criança e do Adolescente, com equipe multidisciplinar. A pedido do MS, organizou no HJK, o I Seminário Brasileiro de Saúde Reprodutiva e Sexualidade na Adolescência, no qual foi ainda palestrista, mediadora, debatedora e oficineira de sexualidade humana..

Possui vinte e dois e-books, quatro dos quais infantis, um de memórias, um ensaio, os demais de poesias, gêneros vários ( os e-books podem ser baixados gratuitamente no Recanto das Letras, no site da AVBL e na Vila das Artes, além de Cá estamos Nós e recentemente, no ISSUUM, disponibilizou , pela Catitu, seus livros Erotissima e O sangue das Fadas.

Participa ocasionalmente ou com frequencia dos jornais e revistas virtuais zaP (São Paulo) , DESTAQUE,Revista Nota Independente, Guatá, Gaceta Literália, Isla Negra (Argentina) , aBrace, Varanda das Estrelícias (Portugal) ,Caderno Literário (Pragmatha/RS) ,entre outros.

Possui uma antologia poética em http://www.direitoepoesia.com e participa de várias coletâneas virtuais , inclusive várias de BLOCOS ON LINE, entre as quais, por três vezes, da SACIEDADE DOS POETAS VIVOS.

Seus textos e poesias estão hospedados em revistas e jornais brasileiros e no Exterior. As páginas mais recentes foram o mini-conto “O Gato”, na revista internacional ABRACE (Uruguay- Brasil), artigo sobre Cecília Meirelles ; ensaio A Casta da Dança ,entre outros.

A convite, seu artigo “A Casta da Dança”, foi publicado no no Caderno de Dança 2, da Companhia de Dança Contemporânea de Évora,em Portugal.

Colabora e é colunista virtual , inclusive possui uma escrivaninha em http://www.recantodasletras.com, onde disponibiliza seus textos. Seu site pessoal é http://www.clevanepessoa.net.blog.php

Luta pelos Direitos Autorais, pela propriedade imaterial, pelas minorias carentes, pela ecologia, e, sobretudo, pela PAZ em todos os níveis.

É Dama da Sereníssima Ordem da Lyra de Bronze, delegada de “A palavra do Século XXI, membro da SPVA(Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, do RN) , do virArte, acadêmica correspondente de várias academias e outras instituições.

Gravou 48 horas de vídeos para o Projeto Educativo” Saúde, Vida , Alegria, CECIP /Kellog”, sendo responsável por Metodologia Participativa e pelas oficinas com adolescentes de várias classes sociais, institucionalizados, feirantes, mães –meninas, moradores de favelas, classe A etc.

Participa de mais de cem antologias, por mérito em concursos , convite ou por cooperativismo entre escritores e editoras.

No início de 2007, duas mais recentes são Letras de Babel e CuentoGotas, da editora ABRACE, lançadas no VIII ENCONTRO INTERNACIONAL ABRACE (março 2007), em Montevidéu (UY), onde esteve com Ricardo Evangelista e Sueli Silva com o espetáculo “Poetas Quae será Tamen”, no qual apresentou, com os artistas, a performance “Predição”. Depois , em Roda ao Mundo 2007, Poetas do Brasil,– Antologia do Proyecto Sur (RS) – neste ano de 2009,participa das antologias aBrace, inclusive a comemorativa dos dez anos desse Movimento Cultural, tendo recebido o troféu aBrace ( pelo ano de 2008), por sua atuação pela cultura e modus vivendi.

Em 2007, comparece com vinte e cinco desenhos no “Livro dos Artistas”, projeto de Regina Mello, chamado ORIGINAL . Em 2009, realiza a mostra “Graal Feminino Plural”, de desenhos e poemas, atualmente em circuito pelos Centros Culturais de Belo Horizonte.

Em 2011 participa de coletiva do SIAPEMG_Sindicato dos Artistas Plásticos de MG, a convite da organizadora, Iara Abreu, com poemas e desenhos a bico de pena.

Premiada no Brasil e no Exterior em versos e prosa.

Entre os muitos prêmios, destacam-se:
primeiro lugar de Crônica, Troféu Dormevilly Nóbrega ;
Primeiro Lugar de Conto Livre, prêmio Ex-Aeqüo, no ALGARVE, em Portugal, XXIII Jogos Florais.
Recebeu em 2009 o Prêmio mais importante do aBrace, pelo seu trabalho cultural .
Em 2009, teve o poema “O Chão da Nossa terra” classificado em primeiro lugar no FESTINVERNO (Ouro Preto, Mariana).

Em 2010, foi a escritora convidada para o I Encontro de Escritores de Língua Portuguesa em Nartal/RN e recebeu uma placa pela sua contribuição à Língua Portuguesa (UCCLA e Capitania das Artes). A seguir, foi homenageada na Câmara Municipal de São José de Mipibu, sua cidade natal.

Em 2009, tomou posse na ALB, Mariana, na qualidade de acadêmica fundadora, Cadeira 11, Laís Corrêa de Araújo, quando recebeu o título de Filósofa Imortal, Doutora Honoris Causa, PH.I, pela ALB/CONALB. E, no mesmo ano, também tomou posse na cadeira n.5, Cecília Meirelles, na AFEMIL, (Academia Feminina de Letras-Belo Horizonte, MG), para a qual foi votada em novembro de 2008.

Integra a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, de Natal/RN e tem acervo no Memorial da Mulher, da mesma capital, tendo sido convidada para em breve tomar posse na Academia Feminina de Letras do RN.

Em 2010 tomou posse como Acadêmica Correspondente na ALTO-Teófilo Otoni-MG.

Em 2011, tomou posse nas Academias Menotti del Picchia (membro correspondente), no PEN Clube de Itapira, na academia Pré Andina de Artes, Cultura y Heráldica .

Em novembro, tomou posse na AILA, Academia Itapirense de Letras e Artes, na qualidade de Membro Correspondente Titular, cadeira 05, patronímica de Luiza da Silva Rocha Rafael

Em 2009, lançou Olhares, Teares Saberes, pela Edit.Popular, de S.Luiz, Maranhão, que foi apresentado na Bienal do Livro-Rio de Haneiro/2009.

Também lançou O Sono das Fadas (já em e-book), nesse evento, para crianças de todas as idades e Erotíssima, ambos pelo selo Catitu.

Representa a Rede Catitu, o Alô Vida, Mulheres Emergentes.

Em 2010/abril recebeu placa da UCCLA/Capitania das artes, em Natal, RN, no I Encontro de escritores de Língua Portuguesa, sendo a única mulher dos quatro autores homenageados.

Em junho 2010, foi personalidade do Ano-Taubaté/SP e em novembro, Destaque Brasil 2010.

Em novembro de 2010, recebeu a Medalha Tiradentes/FALASP/JF.

Faz parte dos Poetas pela Paz e Pela Poesia e é Consultora de Arte da AMI (Associação Mineira de Imprensa).

Em 2011, recebe a Medalha de Recompensa à Mulher-GOB-RJ, através da ALB/Mariana;

Vem participando de Poetas do Brasil do Proyecto Sur, nos números pares.Por premiação, seletiva ou cooperativismo, participa de mais de noventa antologias.

Cônsul Poeta Del Mundo,
Embaixadora Universal da Paz (Cercle Univ.de Les Ambassadeurs de la Paix-Genebra, Suiça) ;
Poeta Honoris Causa pelo CBLP,para oito países Lusófonos , Patroness da AVSPE ;
Diretora regional do inBrasCi (Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais) em Belo Horizonte ,integra a rede Catitu” na “Núcleo de Entrevistas Clevane Pessoa entre Pessoas,
Representante do Movimento Cultural aBrace (Uruguai Brasil), na capital mineira
Delegada da ALPAS XXI por MG e Bahia.
Presidiu, a convite do fundador da UBT , Luiz Otávio, a seção de Juiz de fora, MG, nos Anos 60, onde também foi empossada no NUME, Núcleo Mineiro de Escritores, após receber seu primeiro prêmio Literário (primeiro lugar de crônica, Troféu Domervilly Nóbrega, )
Pertence à Academia de Trovas do RN desde 1968
e a outras Academias Literárias , na qualidade de Membro Correspondente.

Mantém dez blogs de divulgação culturais, alguns específicos(por ex, para indígenas, para crianças, entrevistas,e tc)

Alguns Livros publicados:

Poesia:
Sombras Feitas de Luz (editora Plurarts);
Asas de Água (Editora Plurarts);
A Indiazinha e o Natal (Ed.Haruko);
Partes de Mim ( RGD Ed.)

Prosa:
Mulheres de sal, Água e Afins – de Contos, em editora do Rio de Janeiro (Urbana) e Libergráfica Editora em Belo Horizonte.
Olhares, Teares, Saberes (selo edit.Popular-S.Luiz-MA)- lançado na Bienal do Livro/Rio
Erotíssima (Selo Catitu) -lançado na Bienal do do Livro /Rio
O Sono das Fadas (Selo Catitu), para crianças até 100 anos-Lançado na Bienal do Livro do Rio.

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Wagner Marques Lopes (Esgrima da Trova Contra A Dengue)

Lata e vidro a céu aberto…
Tempo de chuva que vem:
Triste cenário!… por certo,
Algo que à dengue convém!

São criatórios – mais nada –
Donde a dengue tem partida:
Caixa  dágua destampada
E uma piscina esquecida.

Escolha o destino exato
Para os  montes de sucata;
Ou a dengue, sem recato,
Vem até nós…  e nos mata!

Aquele que sempre joga
O lixo em qualquer lugar
É o desleixado que roga:
“ – Venha, dengue, me atacar!”.

Saneando nossas casas,
Sem lixo na vizinhança,
Mosquito não cria asas,
A dengue jamais avança.

Sucata empoçando chuvas –
à dengue, bom ambiente,
onde ela cresce… E põe luvas
para atacar muita gente!

Fonte:
O Autor
Imagem =montagem por José Feldman com imagens obtidas na internet

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Pedro Leopoldo, Trovas

Folclore de Minas Gerais (Lenda da Serra do Caraça)

O cacique Ubiratã, cujo nome designava o branco lenho com que os índios fabricavam lanças, ao morrer, deixara dois intrépidos e robustos filhos — Ubajara, o canoeiro, e Tatagiba, o braço de fogo.

A viúva adoecera de desgosto pela morte de Ubiratã. Os filhos tinham ido aos pajés rogar lenitivo para a mãe doente, e não houve remédios de plantas que a curassem. E era o anjo daquela taba.

— Há um só meio de restabelecer-se — advertiu o mais velho dos pajés. Ir à região das abelhas sabarás e, nas cercanias, procurar três coisas: ouvir a árvore que tem harmonias, ver o pássaro azul que diz coisas misteriosas e trazer um pouco d’água das fontes de ouro. Têm essas águas a propriedade mágica de curar as doenças mais rebeldes. Mas cuidado ali porque há monstros que encantam a gente!

Tatagiba, o mais moço, partiu à procura do remédio aconselhado pelo pajé.

Atravessou as matas. Veio surgir onde sabia existirem as abelhas sabarás. Num recanto, sobre um arbusto que se debruçava para o rio de águas doces, descobriu Tatagiba uma araquara, o esconderijo dos papagaios. E, com surpresa, viu o papagaio azul indicado pelo ancião. Realmente, aquele pássaro conhecia a língua dos tupis.

— Deve ser esta a região maravilhosa! — exclamou Tatagiba enlevado, porque ali também via as fontes de água de ouro. De cansado sorveu um pouco daquela água. E o murmúrio do vento lhe trouxe aos ouvidos sons delicadíssimos, partidos do seio da floresta.

Acompanhou aqueles sons misteriosos, com o intuito, igualmente, de apanhar alguma caça furtiva, e de súbito sentiu-se agarrado por grande mão de monstro, que o fazia crescer, crescer desmesuradamente como outro gigante e o prostrou de costas para o chão, encantado em enorme serra cor do céu — o morro da Piedade. Montanha de ferro, porque forte como ferro ou itaúna fora a resistência de Tatagiba. Ficou resplandescendo ao longe. E mais tarde chamaram-lhe, por isso, monte do Sabarabuçu — ou grande montanha brilhante.

Ubajara notou que o irmão havia três meses não regressava à taba.

— Pajé, meu irmão desapareceu…

— Bem o previ — acudiu o velho mago. Ficou talvez transformado em montanha, como sucedeu a tantos guerreiros que para ali partiram. E tu tens coragem?

— Tenho.

— Pois bem, vou dar-te um óleo perfumado que te livrará de todo o perigo e poderá encantar o monstro mais astuto. Basta derramar uma gota e o perigo ficará inteiramente afastado.

Ubajara partiu. Muniu-se da clava, da flecha ligeira e do óleo mágico, dado pelo pajé. Chega ao local das abelhinhas sabarás. E admira-se: o lindo pássaro azul que fala em lingua tupi! Vê em frente a si onça feroz. Mas, a uma gota de óleo derramado, o jaguar escapa num relance.

— Ah! exclamou contente. Deve estar aqui perto meu irmão Tatagiba, porque vejo o pássaro azul e lhe escuto a fala misteriosa. Às praias deste rio acorrem fontes de água puríssima, de sabor inigualável.

Nota grupiaras e percebe brilhar entre os cascalhos algumas pepitas de ouro. Esta água seria, por certo, a água salvadora.

Nisto, uma voz ressoa do bosque:

— Ubajara, sou teu irmão Tatagiba. Aqui estou, encantado nesta serra enorme, depois de tornado gigante pelas mãos daquele monstro que viste deitado, na tua viagem. Costuma ficar com o rosto para o alto. Na volta, põe-lhe por cima teu óleo perfumoso, e êle ficará para sempre ali petrificado, como eu.

Ubajara chorou de saudades e não teve palavras para responder! Toma daquela água das fontes de ouro e ruma com destino à taba de seus pais. Ao transpor a montanha derrama uma gota do misterioso óleo, sobre o monstro que dormia, e o Caraça fica transformado em rocha imóvel. Parecia um grande rosto de pedra voltado para o azul.

* * *

A mãe de Ubajara conseguiu restabelecer-se com a água trazida pelo filho. E resolveu morar ao pé do Sabarabuçu, para escutar o doce marulho das águas, como ecos de saudades.

Quiseram fazer-lhe companhia duas velhas indias. Acomodaram-se nas fraldas da serra, na enseada do cruzamento dos rios. E os posteros deram àquele rio o nome de Rio das Velhas. Significaria o rio das águas de ouro, cujas margens falava misteriosamente o pássaro azul, em sons divinais da mata.

Parecia à boa mãe de Ubajara rever a Tatagiba, quando faiscavam raios de ouro sobre o dorso da serra de cor cinza, e considerava o filho, petrificado, num repouso de relvas.

Todos que dali passavam viam, naquele famoso recanto, o símbolo monumental de um coração de ouro em peito gigantesco de ferro.

Essa região devia retratar mais tarde o caráter meigo de um povo enérgico.

Fonte:
Pe. Armando Guerazzi: Lendas e Fábulas Indígenas. Revista de Cultura, Ano XII, 1938, Rio de Janeiro. In Anísio Mello (seleção). Estórias e Lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. 1962

Deixe um comentário

Arquivado em Folclore, Minas Gerais

Oswaldo Abritta (Jardim)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poemas

Oswaldo Abritta (1908-1947)

Nasceu no distrito de Cataguarino, município de Cataguases, filho de Boaventura José Abritta e Ana Lopes do Nascimento.

Fez o curso médio no Ginásio Municipal de Cataguases, hoje Escola Manuel Inácio, onde teve intensa atividade literária no Grêmio Literário Machado de Assis e publicou poemas em vários jornais da cidade.

Participou em 1927 da criação da Revista Verde, como poeta. Formou-se em Direito, exerceu a advocacia e foi juiz de direito em Guarani e Carandaí (MG).

Obra póstuma: Versos de ontem e de hoje (editado por seu filho Luiz Carlos em 2000) escrito em 1931.

Fonte:

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Luiz Carlos Abritta (Caderno de Trovas)

As tuas mãos – que brancura
 -que bonito de se ver,
 pois elas têm a ternura
 dos lírios do amanhecer.

Aos jovens dou um conselho,
 nesta vida tão incerta:
 não se olhem tanto no espelho
 pois Narciso é morte certa!

Ao teu prazer eu me entrego
 – seja lá o que quiseres –
 pois te escolhi, eu não nego,
 entre todas as mulheres.

Casaste. Triste eu sofria,
pois vestiste, bem contente,
a camisola macia
que eu te dera de presente!

Com seu amor eu me aqueço
 e sempre me recomponho;
 só por isso eu lhe ofereço
 a vigília do meu sonho.

Desde que tu foste embora,
 tua saudade é açoite
 que já começa na aurora
 e dói mais durante a noite !

Dessa forma Cristo pensa:
“maior será o perdão
quanto maior for a ofensa”.
– Que bela e sábia lição!!

De todo “não” que me deste,
 o que mais triste me fez
 foi aquele que disseste
 disfarçado num “talvez”.

Do meu verso é sempre a fonte
 essa cidade lendária
 chamada Belo Horizonte,
 a Capital centenária!

Do simples pó eu procedo,
 sei que a ele hei de voltar;
 a vida não tem segredo:
 é um eterno retornar.

Em cada nota eu receio,
 na pauta que a vida escreve,
 que transformem nosso enleio
 numa simples semibreve 

É muito estranho, meu bem,
 o relógio do destino:
 vai de manso, vai e vem,
 depois bate em desatino !

Essa vitória alcançada
 nos obriga a meditar:
 sem o povo não há nada,
 que verdade singular!

Eu bem sei que tu me esperas
 e, se te vejo, ao sol-posto,
 projeto um céu de quimeras
 na moldura do teu rosto !

Eu confesso abertamente,
 e disso não me envergonho,
 que tu foste, simplesmente,
 o amplo portal do meu sonho.

Eu sei que o belo e a verdade
 caminham juntos na vida
 e atinjo a felicidade
 se a ternura é dividida.

Eu te amo tanto, mas tanto
que já pus num pedestal
toda a glória desse encanto,
que se tornou imortal.

Eu te digo, com alegria,
e a realidade comprova
que o melhor da poesia
é a beleza de uma trova.

Eu tenho perseverança
 e à tristeza me anteponho:
 garimpeiro da esperança,
 sempre vivi do meu sonho.

Jamais eu temo o fracasso
 pois me deste o teu amor
 e a simples força do abraço
 me transforma em vencedor!

Não me queres…pouco importa.
 Só penso no amanhecer,
 pois ele sempre abre a porta
 à sedução de viver !

Na magia desse sonho,
 nessa noite calma e pura,
 a sonata que componho
 tem as notas da ternura.

Na tessitura do sonho,
 vou cortar, sem mais tardança,
 esse nó górdio que imponho
 a um amor sem esperança.

Navegador solitário,
singrando as águas do mar,
jamais pensa em numerário,
mas conjuga o verbo amar !

Nem o sofista profundo
 esta verdade falseia:
 quem se julga rei do mundo
 é um pequeno grão de areia!

Nenhum amor se constrói
 só com flores e ternura,
 pois aquele que mais dói
 certamente é o que mais dura.

Nesse exílio que me imponho,
 não senti que era miragem
 e dos pedaços de sonho
 eu recompus tua imagem.

Nosso amor já teve história
 e, por isso, eu te proponho
 seja posto na memória
 do relicário do sonho.

Novo estatuto vigora
 nas leis do amor hoje em dia:
 sei que vale mais o agora
 do que a mais bela utopia!

Numa alquimia de nume,
 à tristeza me anteponho,
 transformando teu perfume
 no perfume do meu sonho!

O açougueiro viu passando
 a mulher que é só pele e osso
 e disse, a faca afiando:
 “Isso é carne de pescoço”.

Olhando o tempo passar,
no relógio da memória,
eu senti coisa invulgar,
pois revivi nossa história!

O que conta nessa vida
não é tempo nem idade,
mas a procura renhida
da deusa felicidade.

Passa o tempo num instante
e dele jamais se esquece,
pois fica sempre o importante:
o velho amor permanece.

Quando o cãozinho e o menino
se abraçam por um segundo,
solto o canto peregrino:
– Há salvação para o mundo!

Quis esquecer-te…não pude:
 a saudade é traiçoeira
 e ela sempre nos ilude,
 pois nos prende a vida inteira !

Quis retratar um romance
 que fosse mesmo um primor,
 e fiz, com tinta e nuance,
 uma aquarela de amor.

Sempre foste minha amada
e, no doce cativeiro,
sem algema e sem mais nada,
tu me prendes por inteiro.

Se navegar é preciso
e viver nem tanto assim,
vou partir com teu sorriso,
em busca do mar sem fim!

Se todos temos defeitos,
 se o mistério vem de Deus,
 se nem os bons são perfeitos,
 o que dizer dos ateus?

Somos poeira que a vida
 sempre leva de roldão;
 em sua sanha atrevida,
 ela não vê coração

Só se louva a juventude,
porém jamais alguém disse
que só se atinge a virtude
quando se alcança a velhice

Todos querem sufocar,
 com disfarces atrevidos,
 e sordidez invulgar,
 o grito dos excluídos .

Tudo ele faz com amor
e traz o céu na bagagem;
na verdade, o trovador
de Deus na Terra é a imagem

Tu partiste… e essa magia
 que deixaste no meu peito
 vai fazer que certo dia
 tu voltes de qualquer jeito.

Vejo o mar em ondas mansas
– foto de rara beleza –
e, reforçando as lembranças,
um céu chamado Veneza !

“Veredas, grandes sertões”…
 a nossa vida é uma estrada
 toda cheia de senões,
 do início ao fim da jornada.

Vou definir a saudade
e não sei se estarei certo:
saudade é aquela vontade
de que o longe fique perto.

Fontes Principais:
http://www.ubtnacional.com.br/
http://singrandohorizontes.blogspot.com.br/
Boletins da UBT – Nacional
Boletins de vários Concursos.

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Trovas

Luiz Carlos Abritta

  

 Nasceu em Cataguases, Minas Gerais, a 24 de janeiro, filho do poeta e magistrado Oswaldo Abritta e de Yolanda Nery Abritta.
    
Procurador de Justiça aposentado.

    Foi presidente da Associação Mineira do Ministério Público. Eleito Conselheiro da OAB/MG onde permaneceu por seis anos e exerceu as funções de Presidente do Tribunal de Ética daquela entidade.

    Foi presidente e Conselheiro Nato do Instituo de Ciências Penais, membro do Conselho Penitenciário de Minas Gerais.
      
      No dia 09 de junho de 2006, o Presidente da República escolheu-o em lista tríplice e o nomeou para o cargo de Juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, categoria de jurista.
      
      Foi presidente da UBT de Belo Horizonte, e Presidente da UBT/Minas Gerais.
    
Exerceu a presidência da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais por oito anos, onde ocupa a cadeira n.150, tendo por patrono Oswaldo José Abritta.

    Abritta foi eleito o 5º Presidente Nacional da União Brasileira de Trovadores, para o biênio 2012 / 2013.

    É membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, cadeira n. 82 e seu patrono é o Senador Levindo Coelho.

    Tem dez livros publicados. Entre eles, “Críticas criticáveis”, “Entre Montanhas e Trovas”, “Tata, Tati e Tininha”, “Um Homem Plural – A vida de Oswaldo Abritta” e “Aurora Plena”.

    Participação na Antologia poética bilíngue (francês/português) de 33 escritores mineiros, lançado no Salão do Livro, em Paris, em 2012, sendo condecorado pela Academia Francesa em reconhecimento ao trabalho pela literatura.
      
      Medalhas: da Inconfidência; Santos Dumont; do Ministério Público de Minas Gerais; da Justiça Federal; do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, e da Societé Académique des Arts, Sciences et Lettres – Paris – França.
    
Casado com a escritora Conceição Parreiras Abritta, tem dois filhos: Sérgio, Procurador de Justiça e Dramaturgo, e Luís Carlos Parrreiras Abritta, Advogado e Presidente do Instituto de Ciências Penais do Estado de Minas Gerais.

Fontes:
http://www.ubtnacional.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=39
Jus Brasil. http://amp-mg.jusbrasil.com.br/noticias/3017814/luiz-carlos-abritta-participa-de-antologia-da-academia-de-paris
http://www.ihgmg.art.br/quadrosocial.htm
http://www.jornalaldrava.com.br/pag_sbpa_abritta.htm
http://www.newtonpaiva.br/acontecenanewton/Evento.aspx?id=224592

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Clevane Pessoa (em pequenos frascos)

Fonte:
http://www.mgpoetasdelmundoempoesia.blogspot.com

Deixe um comentário

Arquivado em haicais, Minas Gerais, Poemas

Raquel Ordones (Quero Guardar-te)

Clique sobre a imagem para ampliar
Fonte: http://raquelordones.blogspot.com.br

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias

Héron Patrício (Caderno de Trovas)

Adeus, meu sonho perdido,
belo, imponente, palpável!”,
disse a mulher ao marido
e ao seu “lixo reciclável”!

A família, reunida,
num projeto de futuro,
cultiva o amor, cria a vida,
põe clarões no mundo escuro!

A gente vê, de manada,
estrela…lua…e planeta…
Basta uma boa topada
numa quina de sarjeta!

A alvorada, em grande gala,
tece a rica fantasia
que faz do Sol, mestre-sala
na passarela do dia.

A minha trova sem ela
– a musa que eu sempre quis – 
é uma trova tagarela,
rima…rima.., e nada diz…

Angustiado, o olhar baço,
ele ao sono não se entrega
porque lhe falta o cansaço
que o desemprego lhe nega!

Antes de uma despedida,
que haja razões de verdade…
– Quem planta um adeus na vida,
um dia colhe saudade.

Antes um “não” que amargura,
antes um “não” que maltrata,
do que a terrível tortura
do teu silêncio – que mata!

Ao criar seu falso drama
o pessimista parece
aranha que tece a trama
e se enreda no que tece!

Ao sentir que a solidão
Vai comigo, em meu caminho,
Tenho a estranha sensação
De que nunca estou sozinho!

Apago as luzes…invento…
e faço tudo o que posso
quando a insônia é meu tormento
no quarto que já foi nosso!

“Apitando” mais que flauta,
– e com sonora potência -,
O Zé nem olha na pauta,
Vai de cor… na “flautulência”!

A quem luta com vontade,
tendo amor no coração,
Deus – a suprema bondade –
dá o problema… e a solução!

A saudade é um passarinho
em teimosa migração…
vem do passado, e faz ninho
nos beirais do coração.

As folhas, feito um tapete,
assoalhando o jardim,
são um tímido lembrete
de que a vida tem seu fim!

A tristeza é uma senhora,
minha velha conhecida,
que me rouba a luz da aurora
e põe noite em minha vida!

Botox… “sarada’… Aos setenta,
com silicone e requinte,
feito uns troféus ela ostenta
seus namorados de vinte.

Cai o luar, transparente,
sobre uma gota de orvalho
e cria um lindo pingente
que dá vida a um velho galho…
 

Cano curto. Olho cansado…
Assim, não foi por acaso
que o velho ficou molhado
quando foi regar o vaso.

Certos corações, fechados,
a bater no isolamento,
têm mais mistérios guardados
do que um cofre de avarento!

Cidadania é um perfeito
e amplo acordo natural
em que o peso do direito
tem, no dever, peso igual!

Coitadinha da infeliz,
com marido gordo, esférico,
arranjou amante, e diz:
– É meu marido… genérico!

Com a dentadura bamba,
que nem “Corega” grudava,
os dentes dançavam samba
cada vez que ele cantava!…

Com seus tons de cinza e neve
a garoa é um manto enorme
aconchegando, de leve,
a São Paulo que não dorme…
 

Desde os tempos de criança
conheço a grande verdade:
jovem vive de esperança,
velho vive da saudade!

Em nossas carícias quentes,
não pesa a idade, nem nada,
porque somos dois poentes
que explodem numa alvorada!

Em ofertório sagrado,
no altar da terceira idade,
com as rimas do passado
rezo em trovas de saudade.

Ergo um brinde… e faço a festa
aos que, honrando o seu dever,
caminham, de forma honesta,
nas vielas do poder!

Eu maldigo a madrugada
que joga luz nos espaços
e manda a rubra alvorada
tirar você dos meus braços!

Eu me recuso, tristeza,
a conviver com teu mundo:
-Vida que tem correnteza
não cria lodo no fundo!
 

Faz-se noite se te soltas
dos meus braços, indo embora..
– és meu sol! Só quando voltas
é que volta a luz da aurora!…

Foi-se a chuva… e a Lua cheia,
que no espaço azul flutua,
põe diamantes na bateia
da poça de água na rua!

Frutos de velhos fracassos,
nossos medos são um muro
limitando novos passos
nos caminhos do futuro.

Hoje, ao reler tuas cartas
com teu perfume marcadas,
vi que todas eram fartas
de mentiras perfumadas!

“Infiéis, os meus cabelos !”,
saudoso, o careca chora …
“Dei carinhos… tive zelos …
mas foram todos embora!”

Luar… ourives de fama
que, pela mata orvalhada,
faz o engaste, em cada rama,
de uma gota iluminada!
 

Malandro, quando elegante,
detém qualidades raras:
tendo apenas um semblante
consegue ter duas caras.

Mesmo sem assinatura
o bilhete me revela
tanta meiguice e ternura
que eu sei que o bilhete é dela!

Minha saudade é defeito
que outra saudade requer,
pois, sempre que abro o meu peito,
encontro a mesma mulher…

Minha sogra me visita…
Dou-lhe beijinhos melosos…
– Ela finge que acredita…
Que dois grandes mentirosos!

Mulher nova me apetece,
cinco ou seis… nunca é demais.
Se mais saúde eu tivesse…
mentiria muito mais!

Não há ciência que possa
dar receita mais completa:
a ternura é mel que adoça
o coração do poeta!
 

Não ponham fogo na cana
– peço ecologicamente –
pois “cana boa” e bacana
é que põe fogo na gente!

Na sedução ninguém sabe
se há vencido ou vencedor,
que ao sedutor também cabe
ser escravo ou ser senhor!

Nas trovas de amor que eu teço
no meu tear de ilusão,
só faltam nome e endereço
de onde vem a inspiração…

Na voragem da procela
do combate interior
é que o homem se revela
se é escravo ou é senhor!

No jardim, junto ao meu quarto,
o silêncio é tão profundo
que se pode ouvir o parto
das rosas chegando ao mundo!

Nó na vida?… – Não me abalo,
desfazê-lo não me cansa,
pois consigo desatá-lo
com dois dedos de esperança!
 

Nos caminhos do Universo
eu sou caçador de estrelas,
e jogo o laço do verso
na esperança de prendê-las.

Nos momentos cruciais
em que o pranto é represado
o silencio fala mais
do que um discurso inflamado!

O balouçar da folhagem
– pequenas mãos dando adeus –
é a chuva, em sua passagem,
trazendo as bênçãos de Deus.

O cientista é poeta,
é trovador inspirado
que a pesquisa só completa
quando encontra o seu “achado”.

O forró, diz meu amigo,
me esbraseia e deixa quente:
o esfrega-esfrega de umbigo
é um perfeito antecedente.

O forró ia animado;
de briga, nenhum perigo…
– Gostoso, que só pecado:
Era umbigo contra umbigo!…
 

O forte nó da saudade
amarra o tempo num laço
e aprisiona a mocidade
nas trovas de amor que eu faço.

O meu desejo transborda,
feito um rio ardendo em chama,
quando a saudade me acorda
sem você na minha cama!

O poeta é um ser aflito,
um eterno insatisfeito,
por ter um mundo infinito
no exíguo espaço do peito!

O sol parece fornalha
queimando tudo o que existe.
O chão, seco, a fome espalha…
mas, nordestino, resiste!

O sucumbir da virtude
ante o poder, é fatal:
é furo rompendo o açude
por onde escorre a Moral.

O tempo, pastoreando
nos sertões da mocidade,
foi, pouco a pouco, juntando
meu rebanho de saudade…
 

Pela ameaça da fome,
quando a seca teima e avança,
a chuva ganha outro nome,
passa a chamar-se… esperança!

Pondo bom senso no meio
quando surge a indecisão,
o medo parece um freio
a pedir calma e atenção…

Quando a folhagem fenece,
cobrindo o verde de luto,
o outono, em troca, oferece
a recompensa do fruto

Quando foi dada a partida,
com mil gametas brigando,
eu lutei por minha vida …
e continuo lutando!

Quem casa com mulher feia,
um “bolo gordo”… um “canhão”,
anda atrás de um “pé de meia”
ou adora assombração!

Ratinho.. lobo… leão…
– mais alguns irracionais –
fazem da televisão
um reduto de… animais!
 

Se o mundo inteiro sorrisse
tão fácil como as crianças,
talvez não fosse tolice
sonhar e ter esperanças!

Sob um manto de neblina,
o sol, que o dia conduz,
aos poucos abre a cortina
e enche o seu palco de luz!

Sou poeta! O meu destino
é manter enclausurado
um coração de menino
num corpo velho e cansado!
 

Tecelã de ricas prendas,
a Lua, no seu tear,
com brilhantes tece rendas
no manto azul do luar!

Temos certeza da idade
quando as rugas do sol-posto
passeiam com a saudade
na tarde do nosso rosto.

Tempo é moinho rangendo
aos ventos da eternidade,
trigais de sonhos moendo
para o meu pão de saudade!
 

Uma estrela no infinito,
é recado que os ateus
recebem, com luz escrito,
sobre a existência de Deus!

Um coração vencedor
não perde, nunca, o combate…
– Quanto mais lhe bate o amor,
com mais amor ele… bate!

Fontes Principais:
http://www.ubtnacional.com.br/
http://singrandohorizontes.blogspot.com.br/
http://ubtrova.com.br/
Boletins da UBT – Nacional
Revista Virtual de Trovas Trovia
Boletins de vários Concursos.

Imagem obtida na internet

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Trovas

Héron Patricio (1931)

Héron Patrício, nasceu em Ouro Fino , Minas Gerais, a 17 de junho de 1931, quando foi dado de presente ao mundo pelo Sr Salvador Santos Patrício e Dona Genoveva Cadan Patrício .
 
Era uma criança muito saudável, porém magrinha. Um amigo vaticinou: vai crescer forte, inteligente, e até se tornará gordinho e Poeta… (“Mas que trem de mineiro advinhão, sô!”).
 
O comboio ía correndo entre Ouro Fino e Pouso Alegre… Estávamos na década de 30. A locomotiva espalhafatosa bufava, chiava, apitava nas curvas. E aquele garoto, deslumbrado com a viagem, e com o rosto colado à vidraça do vagão, não compreendía porque naquela terra os postes de energia elétrica, as bananeiras e todas as árvores que margeavam a linha férrea “corriam” em sentido contrário ao do trem…Mas ele “via” que corriam! E para trás foi ficando o seu doce chão onde veio ao mundo, seu mundo de brincadeiras e de folguedos inocentes…
 
A máquina chiou, bufou, deu um vasto suspiro de alívio, frenou e “solavanqueou” os passageiros. O clã do nosso amigo estava chegando na cidade que escolheria para nova residência. E Pouso Alegre foi mesmo um “pouso alegre” para todos.
 
Foi logo providenciada escola para o menino, que viria a tornar-se um ótimo aluno. Foi nessa linda cidade que Héron começou a participar do movimento poético.
 
Em 1964 mudou-se para São Paulo, mas sempre dividiu, emocionalmente, sua residência entre a capital paulista e a cidade de Pouso Alegre.
 
É casado com a Trovadora Yêdda Ramos Maia Patrício. Nasceu-lhes a filha Patrícia, que lhes deu os netos Raphael e Daniel. Patrícia é casada com Flávio dos Santos Szelbracikowski.
 
Funcionário público federal aposentado (Auditor) é Contabilista, Professor e Advogado, exercendo, atualmente, a “nobre” profissão de Poeta/Trovador.
 
Além de ter seus trabalhos publicados em Jornais e Revistas de todo País, participou de “Meus Irmãos, os Trovadores” (Luiz Otávio), “Cigarras em Desfile” (trovas), “Garimpeiros de Sonhos” (Arcádia de Pouso Alegre), “Em Prosa e Verso” (Academia Pousoalegrense de Letras), “I Antologia de Trovas” (Livro Arte-SP), etc…
 
Desde 1994 é integrante da União Brasileira de Trovadores, Seção de São Paulo, onde ocupava uma vice-presidência.
 
Ocupa a cadeira número 17  da Academia Pousoalegrense de Letras.
 
Em francês “Héron” quer dizer “garça real”, mas gostaríamos que quisesse dizer uirapuru, uai, pois quando ele “trova” nós, trovadores menores, emudecemos.
 
(Lavinio Gomes de Almeida). Biografia publicada no livro do 9º Concurso Nacional de Trovas de Barra do Piraí – 1998

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Varal de Trovas n. 47 – Dáguima Veronica (Santa Juliana/ MG) e Manoel Cavalcante (Pau dos Ferros/RN)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Trovas

Varal de Trovas n 46 – José Fabiano (Uberaba/MG) e José Machado Borges (Belo Horizonte/MG)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Trovas

Norália de Mello Castro (Mandacaru)

Sou montanhesa.

Um dia, o mandacaru entrou em minha vida.
Encontrei-o com seu desenho peculiar
a chamar todos os clamores do verde com espinhos.

Forma altiva,
singular,
soberbo
das raízes às suas pontas,
mesmo sem acalentar
qualquer galho, qualquer tronco.

Sangrei as mãos em feridas,
lambi o sangue
dos espinhos a tocar a capa das entranhas.

O mandacaru permaneceu.
Em beleza explodiu.
Joguei brancos e
matizei toda aquela planta.
Pintei.
Sintetizei o passado
no presente.
Deu uma saudade danada!
Joguei tudo ao chão.
Parti o mandacaru.
Não retirei a sua seiva.
Retirei da planta a água onde nasci.

O mandacaru esfacelado
jorra ainda a seiva do viver;
colhi de sua essência – o alimento.
***

A essência:

Mandacaru
verde,
palmilhado de branco,
ligeiros toques marrons.
Cor soberba
permanece na vitrine,
Sem perder seu frescor,
Sem perder sua mensagem,
Sem dizer uma palavra
a formar todo o texto.
***

A viagem:

Do mandacaru
às estradas dos eucaliptos:

lá onde bebem de sua seiva,
cá onde recolhem de sua lágrima,

Lá sem cheiros ou perfumes,
Cá os perfumes a embrenhar.

Lá onde o sol castiga.
Cá onde a sombra se faz.

Lá entre espinhos rasteiros.
Cá entre folhagens luzentes.

Lá onde o dia nasceu.
Cá onde a noite se fez.

Lá onde os passos foram dados.
Cá onde os sons se repetem.

Lá o sol e o fá.
Cá o carrilhão.

Entre lá e cá,
permanece a alma,
estranhamente,
a ditar: vivi,
não sonhei.
Amanheci encharcada.
***

A disciplina:

Disciplina. Disciplina.
Qualidade necessária
para desenvolver o talento.

Disciplina. Disciplina.
Receita dada por pensadores
aos jovens que querem vencer.

Disciplina. Disciplina.
Envolve ordem,
requer constância.

Disciplina. Disciplina.
Determinação.
Até virar obsessão

A obsessão deve ter módulos
até tornar dona de todos,
esgotando-se até chegar
à realização.
***

Tem-se de arrancar
os espinhos do mandacaru
com disciplina mágica,
para não se ferir as mãos,
muito menos o coração.
Sem feridas a sangrar,
descobre-se o ponto final
da disciplina disciplinada.
Cai-se na indisciplina ordenada.

É o jeito
da Dor virar prazer.
***

As travessias:

Passei pelas águas
– o rio caudaloso entornou.

Passei pelas montanhas
– aspirei junção do rio e terras.

Passei por ruas
– sombras encontrei.

Passei aqui e ali
– matutei:
Por onde andarei agora?
– a Mãe Terra me acolheu,
Assim. Aos montões:
terra e águas juntas,
terra e céu juntos.
Juntei tudo:
***
O encontro:

finalmente deixei
o coração mergulhar nas águas,
a transpor por montes.
Abri o coração do mandacaru,
Jorrei sua seiva sobre o papel.

Fonte:
Rede de Escritoras Brasileiras

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias

Clevane Pessoa (Encantamentos)

Imagem: Bia Tomaz
Tudo em torno parece feérico e extasiante:
a neblina
que desce num momento
de repente, qual um sonho de menina…
o canto da ave
que singra o espaço azul
qual se fosse bela nave
feita de imaginação…
a asa da borboleta
a fremir qual um pincel
cheio de tintas…
o riso do idoso que brincando
quer brincar ainda-e sempre…
a flor que sonolenta acorda
adulta e se abre inteira
ao beijo do sol…
a semente gorda
que sob a Mãe Terra, eclode
e vai romper seu ventre
em sinal verde…
Tudo é magia, encantamento
porque a ânsia criativa das criaturas
põe fiapos de luz
em cada nuance da Vida
e trabalhando o mundo
a cada instante,
o transmuta e recria…

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesia

Raquel Ordones (Distribuindo Pérolas)

clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias, Uberlândia

Clevane Pessoa (De Anjos e de Pássaros.)

Ergo olhar deslumbramento
vejo anjos sobre cabeças humanas
dentro da catedral;
Anjos de ferro negro,
esculturas na architectura
de formas quase profanas
a romper tradição.

Não desabe ó figura
milenar, tu que estás
bem sobre mim ,
que não rezo orações prontas
e somente sei usar
o verbo molhado em pranto
ou a metáfora cheia de luar.

(…)
Que desabem
sobre as cabeças dos poetas
os passarinhos em alarido
dentro de um mercado,
a parecer kamikasi,
suicida em massa,
ao jogar-se do teto ao chão
apenas para bicar migalhas.

São nosso retrato:
livres, sem sermos canalhas,
videntes com olhos cheios de palhas
a predizer os tempos,
cada fato envolvido
no pacote dos tesouros,
crianças e sábios a um mesmo tempo,
a chamar atenção pelos vôos inusitados.

(…)

Prefiro os pássaros vagabundos
das ruas e das igrejas,
mercados e sinais.
Não são artes singulares e belas
nem enfeites de catedrais:
os anjos passarinhos
de Brasília
estão presos a cabos
e suspensos
sobre nossas cabeças
a lembrar talvez pecados ,
talento, criatividade embora.
Já os pássaros -anjos
desde o Egito antigo
têm a missão de carregar almas
entre a vida terrena
e a morada dos deuses.

Fontes:
Recanto das Letras
Imagem = http://www.zazzle.com.br 

Deixe um comentário

Arquivado em Belo Horizonte, Minas Gerais, Poesias

Raquel Ordones (Poesia em Gotas) II


AMO-TE

 Amo-te desde sempre e além do fim
Antes da essência da estrela e do céu
Após a curva do infinito de onde vim
Em circuito inicio, meio e fim do anel.

Amo-te com a carne e de toda a alma
Na tua presença e na minha saudade
Amo-te em vendaval que me acalma
Em todo instante é minha eternidade.

Amo-te, simples assim naturalmente.
Com a emoção; sem nem um segredo.
Amo-te; amo-te, digo isso sem medo.

Amo-te desde antes do nascer do mar
Maciço é o desejo quem vem na onda
Amo-te, ininterruptamente me ronda.

ÀS VEZES UM ABRAÇO É TUDO

Sabe quando você se sente só na multidão?
Ou quer caminhar por uma estrada sem fim?
Quando uma conversa baixa é um turbilhão?
Ou não entende a diferença entre não e sim?

Sabe quando você se sente sem importância?
E tudo o que você faz em nada surpreende?
E quando o espelho a você não dá confiança?
Quando parece que o mundo não lhe entende?

Sabe quando a lágrima vem e pelo rosto corre?
E sabe aquele dia que do quarto não quer sair?
Que nem um palhaço consegue lhe fazer sorrir?

Então, esse momento sempre existe no coração
Creio que nós mesmos nos impelimos no espaço
E tudo que carecemos é do silêncio e do abraço.

SAUDADE

Saudade é apreciar um passado que não transpôs
É uma tatuagem no coração com tinta irremovível
Algo que jaze dentro gente que alguém fez ou pôs
É uma condição só nossa, uma coisa intransferível.

Saudade é dentro da essência o não desligamento
Histórico que mora mesmo com tempo decorrido
Persiste na alma o sorriso e martela pensamento
Um presente flor que o passado nos deu colorido.

Saudade é a recusa de apagar o que na alma mora
Reprise que surge em qualquer lugar sem demora.
Prática do pensamento de uma coisa que faz bem

Saudade é algo mágico que nos transporta e além
Pó de perlimpimpim quase vivo, de todas as cores
De todos os gêneros, todas as superfícies e amores!

O VALOR DE TER VINDO AO MUNDO

A minha frente balança a folha
Dança a borboleta
Da água de sabão voa a bolha!
A poeira se levanta sem escolha
Bailam as flores
O vento carrega seus olores!
Ascende a pipa: um espetáculo
A pena voa
Para o vento não há obstáculo!
Tudo se transforma em orquestra
Cabelos valsam
Com a brisa que entra pela fresta!
E tudo é vida nessa inquietude
Na constância do vento
Se resume em retrato colorido
Inda que sem ser visto é sentido
Ante esse cenário
Vale a pena ter nascido!

BORBOLETEANDO POESIA

Adejo de encontro às palavras, enfim
E sinto a fragrância que delas exalam
Letra por letra eu arquiteto um jardim
Os versos em pétalas ali se instalam.

O gosto do néctar imprime essência
Sentimento com vitamina de ternura
Torna-se a razão da minha vivência
A dedicação se aduba ruma a altura.

Se solta o casulo e vontades voejam
Nas transparências que vem da alma
Borboleteando poesia, imo se acalma.

Ventos levam e trazem, as folhas bailam
Bebida de Deuses desanda em desejo
Verso em botão se abre poesia e beijo.

CASTELO DE NÓS

Construí um castelo real com partículas de nós
Com supinos paredões edificados com respeito
Sem divisas, sem porões, sem cacos e sem pós
Com plantios de carinho de tudo quanto é jeito.

Um riacho nasceu com fluidez de cumplicidade
Flores se ergueram a sua margem e fragrância
Abissais janelas se acendem discerne a amizade
Nesse cenário existe um infinito em abundância.

Degraus de confiança, galgados um de cada vez
O acordo das portas que aos poucos se abrem
Conceito: quereres a compreender: não cabem

Há um encanto que chuvisca nos jardins, enfim
Pássaro ali pousa sem cobrança sem promessa
Castelo de nós: instante a instante sem pressa!

DAS MÁSCARAS

Indiscutível tua existência, em qualquer canto.
No festejo da vida fazem folias a todo instante
Incapaz de imaginar o quão determina o pranto
Adorável, tem lucidez dentro do jeito farsante.

Ideologia: a que veio com tão meiga aparência?
Quase chega a ter um aspecto espúrio, engana
Superficial… Isenta de toda e qualquer essência
Mas se acha com vantagens faz da alma insana.

E o que faz aqui tão bem vestida essa máscara,
Se não tem cerne, é absolutamente desconexa,
De mãos dadas à mentira tua concubina anexa?

Diverge no que fala e no que faz; é um desastre.
Em teu pensamento onírico seduz e enclausura
Torna-se precipício e sem paraquedas na altura.

DE INICIO, UM SUSTO… ENORME!
Entre o verde das folhas e o bruto galho
arrisquei colocar o meu rosto a espreitar.
Em um alfobre logo adiante vi roseiras,
tonalidades tantas de permutar a visão;
Borboletas e raios chamejantes do sol,
o vento a embalar a natureza existente
E do outro lado vi uma sombra, gigante
De inicio, um susto… Enorme, abissal!
Eu olhei para o galho e bem no seu alto
avistei um casulo sendo ninado pela brisa
projetando no chão uma corporatura viva!

Fonte:
http://raquelordonesemgotas.blogspot.com/

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias, Uberlândia

Varal de Trovas n 40 – Clevane Pessoa (Belo Horizonte/MG) e José Feldman (Maringá/PR)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Paraná, Trovas, varal de trovas

Varal de Trovas n 38 – Clevane Pessoa (Belo Horizonte/MG) e Hermoclydes Siqueira Franco (Rio de Janeiro/RJ)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Trovas, varal de trovas

Varal de Trovas n 37 – Amália Max (Ponta Grossa/PR) e Wanda de Paula Mourthé (Belo Horizonte/MG)

clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Paraná, Trovas, varal de trovas

Norália de Mello Castro

Norália de Mello Castro nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, filha de Noraldino de Mello Castro, advogado, líder, jornalista e escritor espírita, e de Magnólia Amaral de Mello Castro, prendas domésticas e ativista espírita, que esteve, por anos, à frente do Grupo beneficente das Samaritanas.

Iniciou seus estudos na escola primária da Casa d’Itália, cujo prédio foi atacado durante a II Guerra Mundial, por revolta de brasileiros contra o Eixo, o que provocou o fechamento da escola. Sua alfabetização foi completada por professores particulares, até ser novamente matriculada em escola pública. Da Casa d’Itália, resultou um despertar para as artes e carregou também, por toda a vida, o hábito de rabiscar: desenhos, letras e escritos. Ao fim da II Guerra, mudou-se com a família para um excelente bairro, onde viveu até a maturidade.

Estudou em escolas católicas e se formou na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em Ciências Sociais, tendo se aposentado no exercício desta profissão. Paralelamente às diversas ações de sua vida, escreveu. Somente na década de 80 arriscou em concursos literários e teve êxito, chegando a publicar seu primeiro livro A Rede do Pescador, prêmio Clube do Livro de São Paulo.

Vivenciou e sofreu na revolução de 64. Acompanhou todo o movimento de Woodstock, a revolução feminina dos anos 60, o grito dos jovens franceses de 68. Vivenciou e curtiu muito toda a década de 60. Fez vários cursos complementares e/ou de extensão, relacionados ao social, história, filosofia e artes. Fez cerâmica artística, bordados, tricôs, patchwork. Nunca ficou apenas no teórico; necessitava, para seu equilíbrio profissional, fazer trabalhos paralelos. No inverno, era fatal, pegava nos tricôs, coisa que aprendeu aos 5 anos de idade.
Conservou sua paixão por livros, despertada pelas idas assíduas à biblioteca paterna. Conservou também sua paixão pelos filmes, tendo frequentado cinemas desde a mais terna idade. E continuou garatujando seus papéis, o que era e é uma compulsão: uma necessidade enorme de escrever.

Sua dedicação à Literatura, como trabalho real do fazer literário, só veio a acontecer em 2009, quando se descobriu no Dicionário de Escritoras Brasileiras, de Nelly Novais, e ela se perguntou: “Como estar citada ali desde 2001 e nem sabia? Afinal o que fizera de sua literatura, tendo tanta coisa escrita? Se escrevia tanto, se lia tanto, alguma coisa teria a mostrar…” Entrou para a Rebra e passou a se dedicar realmente à Literatura. Agora, precisava continuar a escrever, pois escrever é uma necessidade visceral, compulsória mesmo. Pela Editora Scortecci, com selo Rebra, publicou, em 2010, o livro de crônicas e contos – Passos na Eternidade, premiado em 1986, no concurso Gralha Azul de Curitiba, que lhe deu uma viagem à Espanha/Portugal. Publicou também Apenas Viva, escrito em 2010. Em 2011, conheceu o Varal do Brasil e passou a mandar poesias e prosa para esta revista online, baseada em Genebra. Participou de várias antologias, inclusive Varal Antológico 2, que traria a editora Jacqueline Aisenman ao Brasil. Entusiasmada, Norália articulou junto da Prefeitura de Brumadinho, onde mora atualmente, para que ali acontecesse o lançamento desta antologia. Teve apoio substancial da Prefeitura para a realização deste evento, que foi muito significativo para o Município, que recebeu um número expressivo de escritores e poetas. Em 2011, foi agraciada com prêmios literários pela Academia Brasileira de Médicos Escritores – Abrames –RJ, com 1º lugar, com o conto Síndrome de Proteus e 2º Lugar com a poesia Teimosia. Em 2012, publicou o romance Realidade e Sonhos, pela Editora Catitu, de Belo Horizonte.

Para todo este trabalho literário de hoje, tem na sua filha, Daniela, a maior incentivadora e cooperadora, até mesmo inspiradora.

E Norália deseja continuar as sandices de seus escritos por muito tempo.

BIBLIOGRAFIA

Publicações: 

“A Rede do Pescador”, contos, 1988, prêmio do Clube do Livro de São Paulo.

“Passos na eternidade e outros contos”, l988, prêmio do I Concurso Gralha Azul, de Curitiba – PR.

“Apenas viva”- crônicas e contos, 2010.

“ Realidade e sonhos” – romance ,2012.

Antologias:

 “Novos Contistas Mineiros”, l988, com o conto “O tédio”.

“Show de talentos em prosa e verso”,  2010 com o conto Apenas passe.
 

IV antologia de poetas lusófonos, 2011 – Portugal
 
“Le grand show dês écrivaines brésiliennes”, Rebra 2011.

“Revista LUZES “ Ituiutaba- 1987, concurso, com o conto O Tédio..

“O indiscutível talento das escritoras brasileiras”, Rebra – 2011, com o conto Dardanelos.
 

“Nós da Poesia”, da AMEL-2012, com a poesia Teimosia.
 
“Varal antológico 2” – da editora Varal do Brasil- Genebra., 2012, com o conto Os reflexos.
 
“Letras de Babel”, ABRACE- Uruguai,2012, com poesias.
 
“Mil poemas para Miguel Hernandes de España”, Chile- 2012, selecionada com poesias.
 
“Mil poemas para Pablo Neruda”, Chile-2011, com poema a Neruda.
 
“Ler para Crer”, Oficina das Letras-SP, 2012, com o conto O mistério do relicário”
 
“Farol Literário”, da Literarte 2012, selecionada com o conto Na ventania.

OUTROS DESTAQUES: 

“Fios de prata ou a história do medalhão de turqueza azul”, romance, l989, menção honrosa no concurso literário Cidade de Belo Horizonte, inédito.

Publicações na revista literária VARAL DO BRASIL, em 2011, com os textos: 

E-mail libertador, 
A chuva é bela e 
Erva Divina, 
e mais com os poemas: 
Talvez, 
Reencontro e Os sinos. 
Carta de amor e Caos(poesia) 
e outros textos.

Participação do VARAL LITERÁRIO da cidade de Jundiaí, abril 2011, com o texto A chuva é bela.
 

Na década de 70, teve alguns poucos artigos publicados em jornal de BH

Fonte:
http://rebra.org/escritora/escritora_ptbr.php?assunto=biografia&id=1626

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Varal de Trovas n 30 – Alba Krishna Topan Feldman (Maringá/PR) e Silvia Moreira (Uberaba/MG)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Paraná, Trovas, varal de trovas

Varal de Trovas n 29 – Helena Kolody (Curitiba/ PR) e Soares da Cunha (Governador Valadares/ MG)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Paraná, Trovas, varal de trovas

Varal de Trovas n 28 – Geraldo Trombin (Americana/ SP) e Clevane Pessoa (Belo Horizonte/ MG)

clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, São Paulo, Trovas, varal de trovas

Varal de Trovas n 17 – Edmar Japiassu Maia (Nova Friburgo/ RJ) e Dáguima Veronica (Santa Juliana/ MG)

clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Trovas, varal de trovas

Raquel Ordones (Saudade é o que fica)

Deixe um comentário

16 de julho de 2013 · 13:30

Varal de Trovas n. 15 – Izo Goldman (São Paulo/SP) e Arlindo Tadeu Hagen (Belo Horizonte/MG)

clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, São Paulo, Trovas, varal de trovas

Varal de Trovas n 13 – Mara Melinni (Caicó/RN) e Wanda de Paula Mourthé (Belo Horizonte/MG)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Trovas, varal de trovas

Varal de Trovas n. 4 – A. A. de Assis (PR) e Dáguima Veronica (MG)

Clique sobre a imagem para ampliar

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Paraná, Trovas, varal de trovas

Raquel Ordones (Coisa de Pele)

Deixe um comentário

29 de abril de 2013 · 19:58

Raquel Ordones (Metamorfose)

Deixe um comentário

6 de abril de 2013 · 21:03

Raquel Ordones (A Vida Segue)

Fonte:
http://raquelordonesemgotas.blogspot.com

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias

Aureliano Lessa (Poesias Escolhidas)

ENTUSIASMO

Away, away
Byron.

I

Muito bem, meu ginete brioso,
Morde o freio, sacode essas crinas,
E responda teu rincho fogoso
Ao rugido feroz do canhão!
Corre, voa por essas campinas
Alastradas de tropas imigas,
Que aí ceifarei como espigas
Da seara, coa espada na mão!

II

Voa, rasga esse muro de ferro
Com teu peito de ferro mais forte,
Que ele há de tombar como um perro,
E tu hás de esmagá-lo no chão;
Minha espada é a fouce da morte,
Teu galope é veloz como o raio;
São meus golpes letais: onde caio
Teu nitrido é a voz do canhão!

III

Eia, avante! Derruba por terra
Esse bosque enfeixado de lanças,
E mil crânios e ossos enterra
De teus rápidos pés ao tocar!
Que no mesmo caminho onde avanças
Após ti vem correndo a vitória!
Oh! Tu sabes ao porto da glória
Entre nuvens de balas chegar!

IV

Tua cauda orgulhosa é açoite
Que nas faces dos vis tu resvalas;
Tua cor é mais negra que a noite,
Minha espada é mais clara que o Sol!
São teus olhos flamívomas balas,
Nosso sopro é sulfúrea fumaça!
Quem de ver-nos tiver a desgraça,
Não verá mais clarão do arrebol.

V

Oh! Não dera estes campos medonhos
Pelos reinos que existem na terra;
Não trocara por jogos risonhos
Mil perigos que vêm de tropel!
O meu reino é o campo da guerra,
Minha espada é meu cetro e tesouro,
Minha c’roa é um ramo de louro,
O meu trono este bravo corcel!

A TARDE
II

Mãe da melancolia, ó meiga tarde.
Que mágico pintor bordou teu manto
Co’as duvidosas sombras do mistério!…
— Talvez são elas encantados manes
De nossos pais, que errando pelos ares
Vêm segredar co’a nossa consciência
Dúbios emblemas de celestes frases…
— Talvez são elas pálido reflexo
De um coro d’anjos que a milhões de léguas
Sobre uma nuvem d’ouro descantando
Ante a face do sol longínquos passam…
Não sei! Há dentro d’alma tantas coisas
Que jamais proferiram lábios d’homens…
Entretanto me ecoam pelo espírito
Etéreos sons de peregrina orquestra.
Um doce peso o coração me oprime.
Meu pensamento em sonhos se evapora.
Té de mim próprio sinto um vago olvido.
Um sereno rumor, que a alma dormenta.

III

Salve, filha dos raios e das trevas.
Melancólica irmã das noites pálidas!
Quem te não ama?… A natureza toda
Murmura ao teu passar místicas vozes
Repassadas de unção: — todos os olhos
Passeiam tuas tépidas campinas
Bafejadas de nuvens — té parece
Que a terra, suspendendo o giro, escuta
O adeus que o sol te envia além dos montes.
— Limpa o suór o peregrino errante.
E arrimado ao bordão mudo contempla-te
Esquecido do pouso: — sobre o cabo
Da rude enxada recostado cisma
Nos africanos céus o pobre escravo
Que exausto de fadiga te abençoa
Do fundo d’alma em bárbara linguagem.
Mensageira de amor, tu anuncias
A hora propícia aos sôfregos amantes
Da noturna entrevista; e a donzela
Erma de amor te acolhe pensativa,
Fantasiando quadros de ventura.
Que o vazio do coração lhe supram.
— Talvez agora na floresta anosa.
Proscrito errante, o índio americano
Pára e eleva-te um cântico selvagem
Nunca ouvido dos troncos que o circundam.
— Fadem os deuses pouso ao peregrino.
Liberdade ao escravo, amor à virgem.
E tardes, como esta, ao triste bardo.

ÊXTASIS
Quando, após longa e pensativa pausa
— Eu te amo — dizem teus sonoros lábios,
Baixa do céu e pousa na minha alma
Uma nuvem de ofertas tão suaves;
Como de um sonho os mágicos eflúvios…
— Em êxtases me embebo, e nem meus lábios
Podem ao menos sussurar
— Eu te amo! —

A tua voz percorre as minhas veias,
Banha-me o coração, cerca minha alma.
Enleia-me a existência, e — teu escravo —
Sofro, gemo, desvairo, e quase expiro…

MENSAGEM

(…)
Eu inocente,
Ora voando,
Ora pousando,
Para buscar
Meu alimento,
Não tinha assento.

Eu não podia
Pousar nas flores
De mais licores
Para os chupar;
O vento dava
E me levava…

Um desgraçado,
(De certo o era!)
Disse-me: espera.
Animal lindo,
Vem adoçar
Meu pranto infindo.

Conta a Augusta
Os meus amores,
Que colhe flores
Sem suspirar:
Quanto suspiro,
Quanto deliro.

Conta que viste,
Já sem encanto,
Meu rosto pranto
Triste banhar;
Ah! dize à bela
Que a causa é ela,

Conta que sorves
Da flor a vida
E que, bebida,
Vais divagar;
Que assim sem norte
Dá-me ela a morte.

Conta-lhe quanto
És inconstante
Sem um instante
Jamais parar:
Que tal, ingrata,
Ela me mata…

Co’as asas liba o pólen da cheirosa
Rosa
Que no jasmíneo seio a donzela
Zela,
Mostra-lhe esquivo perto o mais orlado
Lado
Das franjas tuas: se ela te demanda.
Manda
Veloz adejo aonde não percorre…
Corre
Para quem pressuroso aqui te aguarda:
Guarda
Contra ferros de amor laços amenos
Menos
Que os que meu extremo aqui prepara
Para
Uma paixão feliz que não se esvai.
Vai…

 O ECO
Quando eu era pequenino
Subia alegre e traquino
Da montanha o alto pino,
Para os ecos escutar;
Supondo ser uma fada
Que me falava ocultada,
Para ouvir sua toada,
Gritava à toa no ar.

(…)

Ouvir do eco eu queria
Todo o nome que eu dizia;
Mas o eco repetia
Só das palavras o fim;
De certo, o mesmo falando
Estava o mesmo pensando;
E o eco me confirmando,
Eu ia dizendo assim:

“Se o teu amiguinho
Fiel não te enfada,
Fada,
Vem já responder-me
Com tua voz linda,
Inda
Se as coisas bonitas
Que alguns me disseram,
Eram
Verdade ou mentira.

Meu peito esta tarde
Arde
Por saber se as fadas
Um belo condão
Dão,
Que faz criar asas;
Que vai se volvendo,
Vendo
Jardins de outras terras
Cheios de cheirosas
Rosas
Ao pé de uma fonte…
Oh! isto é assim?…
Sim!
Pois, dai-me umas asas,
Quero ir na corrente
Rente,
Ter a mãe das águas
Que está no profundo
Fundo;
E ver perto a nuvem
Que no céu desliza
Liza;

E ver se as estrelas
São frias, ou quentes
Entes:
Se há anjos na lua.
Se o sol tem cabelos
Belos…

TRISTEZA

Dizes que meu amor te encanta a vida
Teus alvos dias, teus noturnos sonhos:
Mas tens a face de prazer tingida,
Teus lábios são risonhos!

Não podem florescer o amor e o riso
Nos mesmos lábios da paixão o fogo
Mata as rosas do rosto, de improviso
Gera a tristeza logo.

Olha: minh’alma é pálida e tristonha.
Minha fronte é nublada e sempre aflita.
Entretanto, uma imagem, bem risonha
Dentro em minh’alma habita.

Mas esse ermo sorrir que tenho n’alma.
Não é como da aurora o riso ardente:
É o sorrir da estrela em noite calma.
Brilhando docemente.

Ah! se me queres a teus pés prostrado.
Troca o riso por pálida beleza:
Mulher! torna-te o anjo que hei sonhado.
Um anjo de tristeza!

 Fonte:
http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Romantismo/Aureliano_Lessa.htm

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias

Trova 249 – Wagner Marques Lopes (MG) (Trova da rãzinha brincalhona)

Imagem: Juventude Esperantista da Noruega

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Pedro Leopoldo, Trovas

Cacaso (Há Uma Gota de Sangue no Cartão Postal)

eu sou manhoso eu sou brasileiro
finjo que vou mas não vou minha janela é
a moldura do luar do sertão
a verde mata nos olhos verdes da mulata

sou brasileiro e manhoso por isso dentro
da noite e de meu quarto fico cismando na beira
de um rio
na imensa solidão de latidos e araras
lívido
de medo e de amor

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias, Uberaba

Cacaso (Algumas Poesias)

A CASA
Na minha infância quando chovia
batia sobre o telhado
uma pancada macia
a noite vinha de fora
e dentro de casa caía
meu olho esquerdo dormia
enquanto o outro velava
havia portas rangendo
lá fora o vento miava
no fundo da noite a casa
parece que navegava
meu coração passeava
por uma sala sombria
por este lado se entrava
por este outro se olhava
e por nenhum se saía

Na minha infância quando chovia
batia sobre o meu peito
uma suave agonia
a noite vinha de longe
e dentro da gente caía
meu pai que sempre saía
numa viagem calada
havia vozes chamando
na boca da madrugada
no fundo da noite a casa
parece que despertava
assombração que passava
no sopro da ventania
por este lado se entrava
por este outro se olhava
e por nenhum se saía

(in Mar de Mineiro)

AS COISAS

O melão melou
A casa casou
A bola bolou
A rola rolou
O mato matou
O dia adiou
A gia giou
A pia piou
O pinto pintou
O boi boiou
O gato engatou
O pato empatou
A pomba empombou
A paca empacou
O galo galou
O ralo ralou
O calo calou
O barco embarcou
A vaca avacalhou
A banana embananou
A sombra assombrou
O raio raiou
O piru pirou

JOGOS FLORAIS I

Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.

LERO-LERO

Sou brasileiro
de estatura mediana
gosto muito de fulana
mas sicrana é quem me quer
porque no amor
quem perde quase sempre ganha
veja só que coisa estranha
saia dessa se puder

Eu sou poeta
e não nego minha raça
faço verso por pirraça
e também por precisão
de pé quebrado
verso branco rima rica
negaceio dou a dica
tenho a minha solução

Não guardo mágoa
não blasfemo não pondero
não tolero lero-lero
devo nada pra ninguém
sou esforçado
minha vida levo a muque
do batente pro batuque
faço como me convém
Sou brasileiro
tatu-peba taturana
bom de bola ruim de grana
tabuada sei de cor
4 x 7
28 noves fora
ou a onça me devora
ou no fim vou rir melhor

Não entro em rifa
não adoço não tempero
não remarco o marco zero
se falei não volto atrás
por onde passo
deixo rastro deito fama
desarrumo toda trama
desacato satanás

Diz um ditado
natural da minha terra
bom cabrito é o que mais berra
onde canta o sabiá
desacredito
no azar da minha sina
tico-tico de rapina
ninguém leva o meu fubá

(in Mar de Mineiro)
O FAZENDEIRO DO MAR

Mar de mineiro é
inho
mar de mineiro é
ão
mar de mineiro é
vinho
mar de mineiro é
vão
mar de mineiro é chão
Mar de mineiro é pinho
mar de mineiro é
pão
mar de mineiro é
ninho
mar de mineiro é não
mar de mineiro é
bão
mar de mineiro é garoa
mar de mineiro é
baião
mar de mineiro é lagoa
mar de mineiro é
balão
mar de mineiro é são
Mar de mineiro é viagem
mar de mineiro é
arte
mar de mineiro é margem

(…)

Mar de mineiro é
arroio
mar de mineiro é
zem
mar de mineiro é
aboio
mar de mineiro é nem
mar de mineiro é
em
Mar de mineiro é
aquário
mar de mineiro é
silvério
mar de mineiro é
vário
mar de mineiro é
sério
mar de mineiro é minério
Mar de mineiro é
gerais
mar de mineiro é
campinas
mar de mineiro é
Goiás
Mar de mineiro é colinas
mar de mineiro é
minas

(in Mar de Mineiro)
 POÉTICA

Alguma palavra,
este cavalo que me vestia como um cetro,
algum vômito tardio modela o verso.

Certa forma se conhece nas infinitas,
a fauna guerreira, a lua fria
encrustada na fria atenção.

Onde era nuvem
sabemos a geometria da alma, a vontade
consumida em pó e devaneio.
E recuamos sempre, petrificados,
com a metafísica
nos dentes: o feto
fixado
entre a náusea e o lençol.

Meu poema me contempla horrorizado.

EX (3)

A minha ex-namorada
inundou minha vida de coisas belas demais
evitava que eu tivesse qualquer aborrecimento
impedia que eu saísse no sereno
me conduzia pela mão ao atravessar a rua
velava enternecida pelo meu futuro

a minha ex-namorada usurpou o lugar
onde floria, exuberante, a esposa atual
de meu pai onipresente

                    De Beijo na Boca (1975)
LAR DOCE LAR

                         p/ Maurício Maestro
Minha pátria é minha infância:
Por isso vivo no exílio.

                    De Na Corda Bamba (1978)
REFÉM
Eu sempre quis requebrar
só me faltou poesia
eu nunca soube rimar
mas sempre tive ousadia
nunca joguei o destino
e nem matei a família
a minha sorte na vida
se escreve com C cedilha
Eu nunca tive ideal
nunca avancei o sinal
nem profanei minha filha
Eu me perdi muito além
sendo meu próprio refém
na solidão de uma ilha

Eu sempre quis acertar
só me faltou pontaria
eu nunca soube cantar
mas sempre tive mania
nunca brinquei carnaval
e nem saí da folia
nunca pulei a fogueira
e nem dancei a quadrilha
Eu nunca amei a ninguém
nunca devi um vintém
nem encontrei minha trilha
Eu me perdi muito além
sendo meu próprio refém
na solidão de uma ilha

(In Mar de Mineiro)
CINEMA MUDO IV

Neste retrato de noivado divulgamos
os nossos corpos solteiros.
Na hierarquia dos sexos, transparente,
                                    escorrego
para o passado.
Na falta de quem nos olhe
vamos ficando perfeitos e belos
                             tão belos e tão perfeitos
como a tarde quando pressente
as glândulas aéreas da noite.

                    De Grupo Escolar (1974)

INFÂNCIA (2)

Eu matei minha saudade mas depois
veio outra

                    De Mar de Mineiro (1982)

HAPPY END

O meu amor e eu
nascemos um para o outro

agora só falta quem nos apresente

(de “Beijo na boca”)

ESTILOS TROCADOS

Meu futuro amor passeia — literalmente — nos
píncaros daquela nuvem.

Mas na hora de levar o tombo adivinha quem cai.

(de “Beijo na boca”)

Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém

A parte perguntou para a parte qual delas
é menos parte da parte que se descarte.
Pois pasmem: a parte respondeu para a parte
que a parte que é mais — ou menos — parte
é aquela que se reparte.

(de “Beijo na boca”)
PASSEIO NO BOSQUE

o canivete na mão não deixa
marcas no tronco da goiabeira

cicatrizes não se transferem

(de “Beijo na boca”)

DESCARTES

Não há
no mundo nada
mais bem
distribuído do que a
razão: até quem não tem tem
um pouquinho

(de Inimigo Rumor 8)


Fonte:
Imagem = Libreria Fogola Pisa

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poesias

Cacaso (1944 – 1987)

Mineiro de Uberaba, o poeta Antonio Carlos Ferreira de Brito (1944-1987), conhecido como Cacaso, viveu desde os onze anos no Rio de Janeiro. Cacaso estudou filosofia e lecionou teoria literária na PUC-RJ. Foi também ensaísta e letrista de música popular. Nesse último gênero foi parceiro de compositores como Edu Lobo, Francis Hime, Sueli Costa e Maurício Tapajós.

Para os mais jovens, que talvez não saibam identificar letras de Cacaso, basta citar duas: “Face a Face” (São as trapaças da sorte / são as graças da paixão); e “Lero-Lero” (“Sou brasileiro / de estatura mediana / gosto muito de fulana / mas sicrana é quem me quer”). A primeira tem música de Sueli Costa. A outra, de Edu Lobo.

Na poesia, Cacaso estréia em 1967 com o livro A Palavra Cerzida. Nos anos 70, ele se destaca como um dos expoentes da chamada “geração mimeógrafo”, que criaria a “poesia marginal”. Os poetas “marginais” retomam alguns procedimentos do modernismo de 1922, a exemplo do coloquialismo, a crítica social e o poema-piada.

Alguns estudiosos fazem restrições à poesia marginal apontando sua falta de rigor. Eles vêem o movimento como uma imagem invertida das vanguardas originárias dos anos 50 (concretismo e afins). Enquanto estas são acusadas de formalistas, o pessoal da poesia marginal recebe a pecha de ter relaxado os procedimentos formais da poesia.

A poesia marginal ganhou especial divulgação após a publicação da coletânea 26 Poetas Hoje, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda, em 1976. Além de Cacaso, estão nessa antologia poetas como Francisco Alvim, Torquato Neto, José Carlos Capinan, Ana Cristina César e Waly Sailormoon.

Durante os anos 70, Cacaso lançou os livros Grupo Escolar (1974), Segunda Classe (1975), Beijo na Boca (1975) e Na Corda Bamba (1978). Em seguida, publicou ainda Mar de Mineiro (1982) e Beijo na Boca e Outros Poemas (1985), que reunia toda a sua produção até então. Em 2002 saiu, postumamente, sua poesia completa, que inclui todos os títulos citados aqui, mais poemas inéditos.

Um recurso muito praticado por Cacaso (e herdado do modernismo) é a paródia, com referências bem-humoradas a outros poetas. Em “Há Uma Gota de Sangue no Cartão Postal”, por exemplo, o título lembra o livro de Mário de Andrade Há uma Gota de Sangue em Cada Poema. No mesmo poema há também citações da música popular — “Luar do Sertão”, de Catulo da Paixão Cearense, e “Tropicália, de Caetano Veloso —, além da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, e ainda do poema “Amor e Medo”, de Casimiro de Abreu.

“Ex (3)” é o típico poema-piada. “Jogos Florais” esboça uma crítica ao chamado milagre econômico dos anos 70 e retorna à “Canção do Exílio”. O espírito da paródia e da gozação estão em toda a obra de Cacaso. O poema que originou o título da coletânea Mar de Mineiro — um título que, por si só, anuncia um conteúdo jocoso — chama-se “Fazendeiro do Mar”, uma óbvia brincadeira com o Fazendeiro do Ar, de Carlos Drummond de Andrade. 

Fonte:
Carlos Machado, in http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet199.htm

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Raquel Ordones (Outros Oceanos)

Imagem com soneto obtido no facebook da autora

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Sonetos, Uberlândia

Gabriel Bicalho (Poemas Escolhidos)

Soneto do Amor Traiçoeiro

 Esse amor vem mansinho feito gato,
 manhoso no seu jogo de atenção
 e busca, nesse salto sobre rato,
 conquistar o teu frágil coração.

 Quando pensas fugir desse contato,
 evitando sentir qualquer paixão,
 o amor vil muda a tática, de fato,
 e prende-te na palma da outra mão.

 Um gato sabe o quanto em lance apura
 e atento, olho por olho, ele te fura
 e o brilho do teu doce olhar apaga.

 Esse amor com mil garras te segura,
 tal um gato medonho que se afaga,
 levando-te da vida à sepultura.

“de profundis”

 dia desses falei
 que ser humano
 nunca será fácil
 e ninguém me deu ouvidos

 desci mais um degrau
 e vociferei para os irmãos:
 tanta ganância vos condena!
 ( e engoli toda a fome do mundo )

 pensam mesmo que sou deus?
 assopro a poeira dos astros
 para os olhos dos anjos

 chuto a canela do capeta
 e vou destemido para o inferno
 comandar a zorra dos pecados mortais!

porque é sábado e faz sol
 nos jardins de minha casa
 arranco este girassol
 do passado que me atrasa

 porque é sábado no atol
 de minh’alma que tem asa
 desenrosco o caracol
 sobre o coral que me abrasa

 porque é sábado e me enlevas
 caracol fujo da luz
 como o girassol das trevas

 porque é sábado e faz luz
 devo fugir da poesia
 como o demônio da cruz!

MIL LUZES

 Amar-te ao menos uma vez, amar-te,
 como se amasse tudo quanto Belo.
 Fosse uma cor da luz que se reparte
 no prisma indescritível deste anelo!

 Amar-te ao menos uma vez, amar-te,
 como se amasse a lã, que no novelo
 da vida, fosse só desenrolar-te,
 despir-te o corpo neste afã de tê-lo!

 De amor tão puro quase me deleito,
 ao ver-te delicada e sem defeito,
 estátua que meu sonho perpetua!

 E quando te conduzo para o leito,
 acende-se uma chama no meu peito
 e apagam-se mil luzes, lá, na rua!

Sete Oferendas à Musa

 eu vos oferto a poesia
 numa taça de cristal
 : escarro do baudelaire
 juste sur les fleurs du mal!

 eu vos oferto as volutas
 antes que o fumo me amaine
 nos bordéis de nossas putas
 aos poemas do verlaine!

 eu vos oferto e me espanta
 viver essa morte porca
 : rosa ou sangue na garganta
 do jovem garcia lorca!

 eu vos oferto um poema
 qualquer cousa que não cousa
 : fantasma ou latente edema
 nos pulmões do cruz e souza!

 eu vos oferto um charuto
 feito de folhas da arruda
 : pelo muito que refuto
 nos poemas do neruda!

 eu vos oferto na praça
 uma forreca e um fonfom
 : a quem pela vida passa
 lendo e relendo o drummond!

 eu vos oferto a despeito
 sob espessa névoa fria
 este punhal no meu peito
 que vós chamais de poesia!

BI (ca) LHETE  (DO TEU JUÍZO) Final

 Nenhuma inspiração na tal roseira
 ou gritos de garis abrindo o poema.
 Nenhum morto, enforcado na goteira
 de teus pingos nos “is” e que não trema.

 Quem vem de lá, mestrinho, vindo à beira,
 pondo susto no rio enquanto rema,
 afogando no texto a voz primeira,
 com esses baldes de bruma sobre o tema?

 A mão de Deus que do infinito desça,
 a espremer-me as idéias na cabeça
 ou puxar-te as orelhas, velha criança!

 Duzentos olhos baços de esperança
 e três eternidades de promessa,
 a escrever teu soneto por vingança!

És outra galáxia

  amo
 teu jeito livre
 de amar
 sim

 se a paixão não conta
 não se conte o amor
 enfim

 no fundo no fundo
 nada te prende
 amada

 nem uma rosa
 nenhuma prosa
 nada

 se estás presente
 ausente estás
 para lá do mundo

 tão nebulosa
 e distante
 assim

 és outra galáxia
 no sem-fim
 acendendo estrelas
 para mim!

Fontes:
http://www.avspe.eti.br/poesias/GabrielBicalho/Poesias.html
Poemas obtidos no facebook do poeta

Imagem = Libreria Fogola Pisa (obtido no facebook)

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Poemas

Gabriel Bicalho (1948)

“…Eu me senti atraído pela arte poética, percebi que a poesia iria ser minha âncora existencial.”  Gabriel Bicalho

Gabriel Bicalho, nome literário do poeta Gabriel José Bicalho, nascido em Santa Cruz do Escalvado, Estado de Minas Gerais em 14.01.1948.

Foi fundador e diretor cultural do Jornal “CIMALHA” em 1997 e do folheto literário “4 ou mais poetas” também em 1997.

Presidente da Associação Aldrava Letras e Artes.

Membro da Academia Marianense de Letras e da Academia Barbacenense de Letras.

Cônsul em Mariana de  Poetas del Mundo.

Delegado da União Brasileira de Trovadores – Sessão Mariana, MG

Vice-Governador do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais em Minas Gerais.
Secretário Nacional da União Brasileira dos Trovadores.

Teve sua formação cultural na vizinha cidade de Ponte Nova, onde residiu por muitos e muitos anos, desde a infância.

Como funcionário do Banco do Brasil, morou em diversos Municípios até radicar-se definitivamente na histórica cidade de Mariana – a Primaz de Minas.

Colaborou em diversos órgãos da imprensa, inclusive no “Suplemento Literário de Minas Gerais”.

Apareceu em livro pela primeira vez a antologia poética “Vôo Vetor”, da Editora do Escritor – SP em 1974, ano em que lançou seu primeiro livro individual de poesia “Criânsia”.

Obteve prêmios ou menções especiais e honrosas em numerosos concursos, sobressaindo-se a Menção Especial de Poesia que a União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, conferiu a Criânsia, no Prêmio Fernando Chinaglia II em 1972.

Participou de várias antologias poéticas e têm poemas publicados em obras didáticas, revistas culturais impressas e eletrônicas.   

Premiado no Concurso nacional de poesia – Literatura para Todos – MEC/2006, com o livro de poesia aldravista “Caravela – redescobrimentos”, entre milhares de livros, foi o único poeta selecionado de Minas Gerais para fazer parte da coleção do Ministério da Educação “PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO”.  

“Sua poesia tem um caráter singular e especial – a de aproximar o leitor do mundo da poesia, às vezes falsamente considerado difícil, mas na verdade aberto a qualquer um que queira experimentar seus prazeres. Um livro com textos densos e instigantes para prender o leitor do começo ao fim e fazê-lo raciocinar sobre o que sente ao ler cada um dos poemas escritos com apaixonada inspiração”…(Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Ministério da Educação).

Autor também de Euge, poeta! (1984),

Poemas in: Aldravismo -a literatura do sujeito (2002) apesar das nuvens (2004) e enquanto sol – senda 02 de nas sendas de Bashô (2005) e livro de poesia: Beiral antigo (setembro/2007).

Gabriel Bicalho é grande incentivador de cultura em Minas Gerais , no país e estrangeiro.

Promoveu, quando gerente da agência local do Banco do Brasil, exposições de artistas plásticos nas décadas e 80 e 90.

Incentivou e incentiva novos talentos na poesia para divulgação de literatura e aprimoramento na arte de escrever.

Criou jornais de divulgação literária em Mariana, dos quais se destaca o Jornal Aldrava Cultural que já está no seu oitavo ano de produção ininterrupta.

De sua obra, vale destacar o livro Caravela – redescobrimentos, 2006, premiado no Primeiro Prêmio Literatura para Todos, do Ministério da Educação e traz poemas que velejam muito além da pós-modernidade.

Observador, sim, mas não só espectador. Aí ele traça a diferença que lança a aldrava na poesia. Bater, bater, bater, até que alguém venha abrir a porta do sentido que se deseja. Nada ensimesmado, nada autista, nada fora de contexto como os pós-modernistas de academia. O livro de Gabriel foi premiado para ser livro de alunos recém-alfabetizados.

Fonte:
http://www.avspe.eti.br/2008avspe/bicalho/biografia.html

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Amélia Luz (Crônica: Catatau)

Amélia é de Pirapetinga/MG
______________________

(Para Paulo Leminski)

A noite era pequena para os seus sonhos eletrizantes. Caía a madrugada e ele perdido entre letras e metáforas trabalhava no seu ofício com servidão. Às vezes ele parecia calmo, outras ele parecia agitado e inquieto no seu processo de criação. Gênio, não se cansava nunca! Dedilhava com entusiasmo e arte o velho violão, companheiro fiel da sua solidão de poeta.

A palavra era a sua lâmina sangrando veias de onde escorriam mananciais de versos conferidos de polêmicas vitórias.

Sua existência não foi vã, embora incompreensível, vazou a lápide no canto imortal, cristal transparente, além da tumba…

– “Catatau”, saia debaixo do braço do autor, chegue mais perto, chegue… Permita-nos entendê-lo na sua complexidade léxica! 

Peleja criativo o poeta no seu verso universal buliçoso e alvissareiro na “Metamorfose” da vida que o fez assim, célebre escritor!

Sinaleiro de uma geração sem rumo seguiu trafegando nas veredas da contramão, ditador de um tempo, persistente que era nas suas certezas…

Vestimos hoje o colorido alegre das suas idéias (in)questionáveis.

Somos uns bandos de inocentes galopando irreverentes em suas trilhas, multiplicadores das suas verdades, sucedâneos vigilantes da sua memória. 

Sem gravatas e honrosas pompas lambuzamos nossas mãos na matéria prima que para nós deixou argila fresca com a qual construímos silêncios, vozes e manifestos transbordados em copos de essências puras.

Embebedamos a nossa consciência numa eterna alvorada, “Sintonia para pressa e presságio”.

Dos seus lábios não há mudez de morte. Há um grito poderoso a ecoar levando-nos a velar sempre pela preciosa obra literária que herdamos das suas mãos de mestre.

“Paulo, tu és pedra” Paulo,
filosofal, literária ou poética,
“sobre ti edificaremos”
nosso castelo de sabedoria… 

Fonte:
A Autora

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, prosa-poética

Trova Ecológica 87 – Wagner Marques Lopes (Pedro Leopoldo/MG)

Deixe um comentário

3 de fevereiro de 2013 · 19:40

Clevane Pessoa (Musicando)

Deixe um comentário

29 de janeiro de 2013 · 20:57

Héron Patrício (O Lar)

Montagem de trova e rosto do Héron sobre imagem obtida no facebook da Libreria Fogolla Pisa

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Soneto.

Raquel Ordones (As Sementes)

Poema formatado obtido no facebook.

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Soneto., Uberlândia

José Antonio Jacob (Sonetos Escolhidos)

SONETO PARA UMA AQUARELA
(ou a princesa e o sapo)

Na desbotada folha do papel
 Luiza vai compondo o meu destino,
 De início ela pintou um lindo céu
 Acima dos meus sonhos de menino.

 Depois foi desenhando: um carrossel,
 Uma quermesse, uma igrejinha e um sino.
 E, ao lado de um castelo pequenino,
 Uma princesa e um sapo num corcel.

 Em derredor, nos campos, se depara,
 Lírios-do-vale, margaridas, dálias.
 Uma aquarela de paisagem rara.

 Ó doce Luiza, ó flor que me ampara!
 Por que sua princesa usa sandálias
 E o feio sapo tem a minha cara?!…

DE VOLTA AOS QUINTAIS

Mesmo corrido o tempo guardo apreço
 Aos meus passos cansados, desiguais,
 Que sempre me levaram sem tropeço
 Ao refúgio da infância dos quintais.

 Nada mudou! De longe reconheço
 A confraria alegre dos pardais
 E as mesmas roupas claras nos varais:
 Nunca tirei daqui meu endereço!

 Apenas me ausentei de casa cedo,
 Qual criança que se afasta do folguedo
 Para mais tarde aconchegá-lo a si.

 Eu sou esse menino arrependido
 E quero o meu brinquedo envelhecido
 Para brincar no tempo que perdi!

ELOGIO À DOR DO DESAMOR

I

Ainda que até o amor você me roube
 (Pode roubar-me sem abrir a porta)
 Rogarei que outro amor maior me arroube,
 Pois só o amor meu coração conforta.

 Ora, que triste, a noite é quase morta!
 E o meu beijo em seus lábios nunca coube,
 Eu amo a dor e a dor não me suporta
 Porque eu já morri e você não soube.

 O meu amor que o seu amor espalma,
 Em troca de ter-me arrebatado a alma,
 Haverá de avivar as suas dores.

 Que vibre no seu peito outros amores!
 Você feriu-me a vida e dou-lhe flores…
 E morro sem você na noite calma.

  II

Que doce olhar… e a vida é tão pequena!
 O mundo é triste sem seu doce olhar…
 Para mim seu olhar é uma novena
 Que acompanho de longe sem rezar.

 Amo-a tanto e ela sabe que me amar
 É dor, tristeza, mágoa, perda e pena,
 Por isto ela não me ama e me condena
 A entrar no céu e não poder ficar.

 Que coisa triste, que desesperança!
 Ponho em seus olhos meu olhar que clama
 E ela olha-me inocente feito criança.

 Adeus! (meu breve adeus é o de quem ama)
 Deixo-lhe meu sorriso de lembrança,
 Pois tenho de ir que a minha dor me chama.

III
  
Não me diga adeus que ainda é cedo amor,
 Antes sorria para que eu não chore
 E deixe que entre nós tudo demore,
 Até a despedida e o desamor.

 Eu sei que você sabe a minha dor,
 (E haja em mim mais angústia que lhe implore)
 Essa dor que os meus olhos descolore
 Haverá de ficar se você for.

 Não faça assim amor, não me entristeça,
 Se for para você se despedir
 Tomara que amanhã não amanheça!

 Nada acontece quando Deus não quer,
 E eu peço a Deus para você não ir
 Nem me dizer adeus… Se Deus quiser!

IV

Enquanto, em seu olhar, o amor se cala,
 Se Deus quiser você verá que aqui
 No meu olhar é o coração que fala:
 – É a minha alma que nele lhe sorri!

 Eu tive tanto tempo para amá-la,
 Os dias todos em que não morri,
 E amei a solidão na minha sala
 Nos mesmos dias em que não vivi.

 Eu não a vejo na minha saudade,
 E o que os seus olhos podem me dizer
 Sua saudade ingênua não me diz.

 Que seu olhar se cale de verdade!
 Mas se a verdade é o que me faz sofrer
 Dê-me a mentira para eu ser feliz.

O VENDEDOR DE BONEQUINHOS

De manhãzinha, à beira da calçada,
 Diariamente a corda eu estendia,
 E pendurava nela uma braçada
 De bonequinhos feios que eu vendia.

 Eram polichinelos que eu fazia
 De trança de algodão, mal desfiada…
 No pano das feições não conseguia
 Puxar-lhes traços de melhor fachada.

 Ao desbotar o azul, no fim do dia,
 Quando eu os desatava dos alinhos
 Desse varal de cordeação brilhante,

 Esses desengonçados bonequinhos
 Desciam-me nas mãos com alegria
 E me davam abraços de barbante.

A DOR DO VINHO

Lembras-te tu do vinho da ilusão,
 Que, entre olhares confusos de fumaças,
 Bebemos devagar em nossas taças
 E que nos deu delírios de paixão?

 Bem me lembro dos risos nas vidraças
 E da música suave no salão,
 E que ninguém mais nos prestava graças
 Quando toquei de leve a tua mão.

 E enquanto te fiz tratos de carinho
 E amei teus olhos grandes e indecisos,
 Fitaste-me a sorrir em desvario…

 E zonzo, para o sempre, fui sozinho,
 Levando na lembrança os teus sorrisos
 E o coração no peito mais vazio…

VERSOS DE AMOR

Ó alma solitária, outrora envaidecida,
 Que dirás aos teus olhos, nesta noite morta,
 Ao veres tua vida triste e desflorida,
 Se o desespero vier te aferrolhar a porta?
  
 – Aqui jaz a pessoa que ninguém suporta!
 (Mal ouvirás o som da tua voz ferida)
 E escreverás no espelho, com a letra torta,
 A derradeira frase de repúdio à vida.
  
 Caso vieres, Senhora, sofrer a inquietação,
 Da incômoda lembrança, dos doces sinais,
 Que o passado feliz deixa no coração…
  
 Lembres que teu futuro não existe mais,
 Que estás vivendo a última recordação
 Nestes versos de amor de quem te amou demais…

Fontes:

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Sonetos

José Antonio Jacob (1950)

José Antonio de Souza Jacob, nasceu em Juiz de Fora (MG) em 11 de fevereiro de 1950 onde realizou seus primeiros estudos, ingressando em seguida no curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais “Vianna Júnior”. 

No final dos anos 70 iniciou-se no jornalismo como redator da Gazeta Comercial, tendo nessa época se aprofundado no estudo de Filosofia e Letras e logo em seguida foi admitido, por concurso, na área de Recursos Humanos da Companhia Telefônica de Minas Gerais, tendo se aposentado do serviço público em 2005. 

Desde as primeiras letras o menino foi estimulado a ler poetas, levado pela mão de seu pai, um comerciante que apreciava poesia, especialmente a dos brasileiros e dos portugueses. 

Entre as leituras de sua adolescência estão poesias de Raul de Leôni, Mário Quintana, Augusto dos Anjos, António Nobre, Cesário Verde, Fernando Pessoa, José Gomes Ferreira e Charles Baudelaire. 

Da mãe Heloisa herdou a doçura das palavras e a maneira singela de contemplar a vida sem ser alienado. 

Seu estilo simples e requintado de escrever poesia conquistou grandes poetas e escritores, de sua cidade, de quem passou a desfrutar de convivência contínua, mesmo ainda muito jovem. 

Por sua perfeição na metrificação e na qualidade poética é considerado por muitos que conhecem sua obra como “um dos mais importantes sonetistas da língua portuguesa na atualidade”. 

Este juizforano, nascido sob o signo de aquário, recusa-se a escolher seu verso do coração e a participar de escolas e grupos literários, preferindo o sossego da vida bucólica nos arredores de Juiz de Fora. 

A 27 de abril de 2007 foi condecorado e recebeu a insigne Medalha do Mérito Legislativo, Mérito Excepcional em Poesia, na Câmara Municipal de Juiz de Fora. 

A 06 de julho de 2007 foi sancionado pelo prefeito de Juiz de Fora o “Título Honorífico de Cidadão Benemérito de Juiz de Fora ao Poeta José Antonio de Souza Jacob”, por indicação do vereador Bruno Siqueira, com aprovação unânime da Câmara Municipal. Acadêmico HONORÍFICO AVPB, ocupa a cadeira de honra n 01.

Fonte:

Deixe um comentário

Arquivado em Biografia, Minas Gerais

Trova 242 – Wagner Marques Lopes (MG)

Montagem da trova com animação por José Feldman, com imagem obtida em ciencias.seed.pr.gov.br, enviada pelo trovador.

Deixe um comentário

Arquivado em Minas Gerais, Pedro Leopoldo, Trova, Trovas