Arquivo da categoria: Baú de Trovas

Baú de Trovas (Esperança)

Na vida tudo se alcança,
quando a Esperança se tem!…
Porém se morre a Esperança,
a vida morre também.
A..B. LOPES RIBEIRO – MG

Esperança – voam aves…
Galhos, cascas flutuando…
Colombo comanda as naves
cheias de nautas cantando.
ADALBERTO DUTRA DE RESENDE – PR

Quanta vez em tristes rotas
tombei sem me ter queixado
porque nas minhas derrotas
tive a Esperança ao meu lado.
AGMAR MURGEL DUTRA – RJ

No verdor da mocidade,
 quanta esperança entretive!
 Agora tenho saudade
 das esperanças que tive!
 ALFREDO DE CASTRO –  MG

A esperança é voz do Além
  que nesta vida nos guia.
Sem este amparo ninguém
às mágoas sobrevivia.
ANA ROLÃO PRETO M. ABANO – ANGOLA

Mãe que traz uma criança
nas entranhas do seu ser,
carrega a própria esperança
no filho que vai nascer.
ANIS MURAD – RJ

Há muita gente na vida
que a felicidade alcança,
não por ter sorte florida,
mas por viver de Esperança!
ANTONIETA BORGES ALVES – SP

Pensando, na tarde calma,
 logo me ocorre à lembrança
 que a própria vida tem alma,
 e a alma da vida é a esperança!
 APARÍCIO FERNANDES – RJ

A Esperança se revela
 em cousa bem natural:
 um sapato na janela
 numa noite de Natal!
 ARCHIMINO LAPAGESSE – RJ

Desde o tempo de criança
– de ingênua colegial –
fiz de ti minha esperança
e só tenho esse fanal.
ARIETE REGINA DE PAULA FERNANDES – RJ

Por que é verdade a esperança?…   
Se todo o mundo soubesse…
– É que, por mais que se espere,
ela nunca amadurece…       
PE. BELCHIOR D’ATHAYDE – BA

Que não seja a tua esmola,
vazia de coração;
a esperança mais consola
do que um pedaço de pão.
CÉLIA CAVALCANTE – RJ

Há muito mais esperança,
 segundo o meu evangelho,
 numa lágrima de criança
 que num sorriso de velho.
 COLBERT RANGEL COELHO –  RJ

Entre o meu pai – já velhinho,
 e o meu filho – uma criança,
 vejo estender-se o caminho
 por onde passa a esperança.
 DENANCY MELLO ANOMAL – RJ

Esperança – chama acesa
no coração a brilhar.
quando ela morrer, a tristeza
vem tomar o seu lugar.
DINARTE BARBOSA ARMOND – MG

A esperança é como um sopro
 de vida, dado por Deus.
 É o dia, depois da noite,
 é a volta, depois do adeus.
 EDGAR BARCELOS CERQUEIRA – RJ

Todos nós temos na vida,
quer seja agitada ou mansa,
a doce, a terna guarida,
onde se abriga a esperança!
EDNA DE CASTRO – MG

A dor de tua partida,
que não sai da lembrança,
já me levou mais que a vida:
levou-me toda esperança!
FRAZÃO TEIXEIRA – RJ

Esperança – bem que enleva
nossa vida, no presente;
– um raio de luz na treva
  do incerto amanhã da gente.
GERALDO PIMENTA DE MORAES – MG

Ante a inclemência dos fados
da vida em cada revés…
Consolo dos desgraçados!
– Esperança é o que tu és!…
HONÓRIO SANTANA – BA

Com mágoa de toda a sorte,
se a velhice nos alcança,
crendo que há vida na morte,
temos na morte, Esperança.
JOÃO BATISTA DE AZEVEDO – MG

Esperança – céu nublado
 no Nordeste, os bois ao léu;
 o sertanejo ajoelhado,
 de mãos postas para o céu…
 JORGE MURAD  – RJ

Neste mundo que nos cansa
 tanta maldade se vê,
 que a gente tem esperança
 mas já nem sabe de quê…
 JOSÉ MARIA MACHADO DE ARAÚJO – RJ

Esperança e, simplesmente
um sentimento perjuro:
são mentiras no presente…       
desenganos no futuro…
LECTÍCIA PIRES RANGEL COELHO – RJ

Quando a ventura está morta,
deixando a dor como herança,
nossa alma se reconforta,
buscando a luz da esperança!
LEONARDO HENKE – PR

Mesmo sendo uma quimera
 a Esperança anima e acalma,
 pois ela, enquanto se espera,
 enche de rosas nossa alma!…
 LINCOLN DE SOUZA – RJ

Esperança é aquela estrela
de verde luz envolvida,
a cintilar, pura e bela,
no céu escuro da vida.
LÚCIA LOBO FADIGAS – RJ

Numa era de baixeza,
num mundo de podridão,        
a esperança  é a tocha acesa
que trago no coração.
 LUIZ EVANDRO INOCÊNCIO – RJ

A Esperança corre, voa,
mas deixa por onde passa,
uma impressão suave e boa:
de paz, de amor e de graça.
MANOELITA AMORIM MEYER – MG

Quando um bem está perdido
outro nos vem consolar –
Esta esperança, querido,
Deus não me pode negar.
MARIA CARMEM SAUER BATISTA – RJ

Culpada de minha dor,
 foi a esperança, Maria.
 Leu nos teus olhos – amor
 em vez de ler simpatia.
 MARIA JOSÉ BARCELLOS CERQUEIRA – RJ

De flores tão enfeitada,
loiros cabelos em trança
Neste esquife azul , deitada,
vai toda a minha Esperança.
(MARIA JOSÉ FORTES BRAGA – MG

Esperança, isto se chama
e a todo instante acontece:
uma carta… um telegrama…
um meigo olhar… uma prece…
MAURO BARBOSA ARMOND – MG

Com o verde da natureza
e o sorriso da criança
Deus coloriu a tristeza
pondo no mundo a esperança.
NATAL MACHADO – DF

Podes perder mocidade,
amor, ventura, abastança,
nada perdes, em verdade,
se te ficar a esperança.
OCTACÍLIO AZEVEDO – CE

Esperança – nordestino                
numa cerca debruçado,
contemplando, sol a pino,
o verdejante roçado.
OLDEMAR ANDRADE – RJ

No porto dos meus anseios
 esperanças são navios,
 que de manhã partem cheios
 e à tarde voltam vazios…
 ORLANDO BRITO – SP

Quando minha alma sentida
nesta vida nada alcança,
inda me resta na vida
– graças a Deus ! – a esperança!
RODOLFO COELHO CAVALCANTI – BA

Quem quiser ver a Esperança
olha uma noiva no altar,
fite um rosto de criança,
repare uma mãe rezar!
SEVERINO UCHOA – SE

No tédio de minha vida
de emoções vazia e nua,
só me torna comovida
a Esperança de ser tua…
VERA MILWARD DE CARVALHO – SP

Ai, do pobre, sem carinhos,
cuja dor se vê na face,           
se no meio dos espinhos,    
a esperança não brilhasse…
VIRGILIO GUERREIRO – SP

N’alma, a esperança reflete
 uma risonha mentira,
 pois é o que a vida promete
 em troca do que nos tira…
 WALTER WAENY JUNIOR – SP

A fonte da minha vida
– o meu  sonhar de criança –
não ficou toda perdida…
– Vive um pouco na Esperança…
 ZALKIND PIATIGORSKY – RJ

Fonte:
Organização em ordem alfabética dos trovadores por José Feldman. Trovas selecionadas de 100 Trovas  sobre a  “Esperança”, dos I Jogos Florais de Pouso Alegre. Disponível no site de J. G. de Araújo Jorge. http://www.jgaraujo.com.br/trovadores/11_trovas_sobre_esperanca.htm

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas XIV)


1
A brisa sempre é bem-vinda
nestas tardes de calor,
quando apareces tão linda
para preencher meu amor !

2
A esperança, nesta vida,
é tudo que nos conduz,
pela estrada florescida
de sonhos de amor e luz !…

Menção Honrosa no concurso relâmpago da UBT – PORTO ALEGRE – RS – em reunião almoço no dia 19.07.2009, comemorando o Dia do Trovador (18 de julho), no galpão crioulo do Quartel da Polícia do Exército – PE3

3
A mocidade perdida
passou rápida… nem vi;
mas foi o melhor da vida
que passei junto de ti !

4
À tardinha, junto ao cais
no meu porto de Ilusão,
como dói amar demais
a quem não tem coração !

5
Caminhemos pela vida
qual se fôssemos criança,
e por mais ríspida a lida,
nunca nos falte a esperança !

6
Coração sentimental,
a bater desesperado,
ontem teve um ideal,
hoje é brinquedo quebrado !

7
Era menino… e bem cedo
vivia a brincar sozinho;
o meu primeiro brinquedo
foi só… um caminhãozinho…

8
Eu te amei intensamente,
mas foram momentos vãos,
pois vejo que fui somente
um brinquedo em tuas mãos…

9
Luiz Otávio e J. G.,
dois trovadores legais,
criaram para você
os nossos Jogos Florais !

Concurso Interno da UBT Porto Alegre 2009 – Tema: Florais – Vencedor

10
No aconchego dos teus braços
busco ternura e carinho,
quando esqueço meus fracassos
e não vivo mais sozinho…

11
No mundo não há ninguém
mais perfeito que a mulher,
se você souber de alguém,
me conteste, se puder!

Menção Especial

12
O tempo já nos consome
neste começo de inverno,
nada me lembra teu nome
que risquei do meu caderno…

13
Para matar o desejo
que sinto com tanto ardor,
quero a delícia de um beijo
dos lábios do meu amor.

14
Pelos trilhos da saudade
vai correndo o trem do amor;
e ao lembrar a mocidade,
inda sou um sonhador.

Trova em destaque nos II Jogos Florais De Caxias do Sul – 2010 – Tema: Trilhos

15
Roubei-lhe um beijo, ao passar
ao meu lado, sorridente;
e lembrando seu olhar,
de noite, dormi contente…

16
Sou um simples trovador
que vive cantando ao léu;
e faço apenas do amor
o meu precioso troféu !

17
Tenho amor e penso nela
toda noite, todo dia,
cada vez está mais bela
no meu céu de fantasia…

18
Tens a beleza estampada
nos olhos, lábios e faces;
a cada nova alvorada
em meu coração renasces.

Fonte:
Trovas enviadas pelo autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Baú de Trovas III

Se a noite chega cansada
de caminhar sempre ao léu,
Deus dá vinhos de alvorada
na taça rubra do céu.
ADELIR MACHADO – Niterói/RJ

Quebro a taça do passado
e o vinho espalhado ao chão
é meu brinde apaixonado
aos cacos de uma ilusão.
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO – São Paulo/SP

Quando o inverno, com seu manto,
cobre de frio os caminhos,
o vinho é o doce acalanto
do coração dos sozinhos…
ALBERTINA MOREIRA PEDRO – Rio de Janeiro

A saudade, sem carinho,
procura, nas noites frias,
por velhas taças de vinho
que a vida já pôs vazias!
AMÁLIA MAX – Ponta Grossa/PR

Neste meu verso amoroso
digo com certa emoção:
– a trova é vinho gostoso
que embriaga o coração.
ANITA THOMAS FOLMANN – Ponta Grossa/PR

Meigo menino sem nome
– alma e vida seminuas –
devora o vinho da fome
pelas adegas das ruas.
ANTONIO BISPO DOS SANTOS – Niterói/RJ

Goza o momento que passa.
Repara que, em nossas vidas,
nem sempre há vinho na taça,
mas, há, sempre, despedidas…
CARLOS GUIMARÃES – Rio de Janeiro

Não há vinho que me faça
esquecê-la um só segundo,
porque vejo em cada taça
a imagem dela, no fundo.
CLARINDO BATISTA DE ARAÚJO – Natal/RN

Eu, como quem desabafa
no vinho a dor que lhe esmaga,
vou pondo a dor na garrafa
do vinho que me embriaga.
DIVENEI BOSELI – São Paulo/SP

Brigamos… E o amor, injusto,
prendendo-me a um labirinto,
põe no vinho, que degusto,
todo o amargor que ainda sinto!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA – Rio de Janeiro/RJ

Querência… O encanto profundo
dos dias calmos, risonhos…
– Um pedacinho de mundo
no mundo azul dos meus sonhos.
ELISABETH N. PASCHOAL – Taubaté/SP

Quando a tristeza rescinde
contrato com o coração,
louve a Deus e faça um brinde
com o vinho dda gratidão.
FRANCISCO LUZIA NETTO – Amparo/SP

Quando a tristeza não passa,
forço um sorriso no rosto,
ponho vinho em minha taça
e ergo um brinde ao meu desgosto!…
IZO GOLDMAN – São Paulo/SP

Foram felizes instantes,
Juventude na querência
Hoje em terras tão distantes
Pilcha…mate…sinto ausência.
JOSÉ FELDMAN – Maringá/PR

Se nunca me abate a lida,
é porque sempre reponho
minha energia perdida,
tomando o vinho do sonho.
JOSÉ NOGUEIRA DA COSTA – Pouso Alegre/MG

Cada vez mais terno e amigo,
na verdade o nosso amor
tem muito do vinho antigo
que o tempo apura o sabor!
JOSÉ TAVARES DE LIMA – Juiz de Fora/MG

Como atitudes presentes,
a envelhecer feito os vinhos,
bons exemplos são sementes
lançadas pelos caminhos.
LAVÍNIO GOMES DE ALMEIDA – Barra do Piraí/SP

O vinho dissipa o tédio
em que o fracasso nos joga.
Na dose certa é remédio,
em excesso, nos afoga!…
LOURDES REGINA F. GUTBROD – Rio de Janeiro/RJ

No abandono, em desalinho,
eu sonho me embriagar
na branca taça de vinho
que se derrama em luar!
MARINA BRUNA – São Paulo/SP

São gotas de poesia,
ou de algum raro licor,
que o orvalho, com alegria,
põe no cálice da flor.
MARLÊ B. J. DE ARAÚJO – Viamão/Portugal

O licor molha o carpete…
E o par de taças quebradas
brinda o silêncio… e reflete
nossas noites fracassadas.
MILTON SEBASTIÃO SOUZA – Porto Alegre/RS

A videira busca o sumo
em solo fértil, profundo,
e faz do vinho um resumo
das alquimias do mundo.
MOACYR SACRAMENTO – Niterói/RJ

O amor foi vinho excelente
que, embalando anseios vãos,
provei… E a vida inclemente
tirou-me a taça das mãos!
PEDRO ORNELLAS – São Paulo/SP

Sei que este mundo é mesquinho,
mas, Senhor Deus, não aceite
que alguns se fartem de vinho,
pois há crianças sem leite!
SÉRGIO MIRANDA FILHO – Rio de Janeiro/RJ

Que verdura, que beleza,
o vinhedo sobre o monte,
quando a mão da Natureza
borda a tela do horizonte!
SEBASTIÃO SOARES – Natal/RN

Eu tinha o corpo cansado…
Ao dela faltava amor…
– E foi um vinho encorpado
que deu corpo ao nosso amor!…
WALDIR NEVES – Rio de Janeiro/RJ

Na lareira um fogo brando
e, entre doses de licor,
nossos corpos desenhando
todas as formas de amor.
WILMA MELLO CAVALHEIRO – Porto Alegre/RS

Fonte:
Colaboração de Nuhtara Dahab

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas XIII)

A noite chegou depressa,
no inverno trouxe o frio;
vem a tristeza e começa
a encher meu mundo vazio.

Assim como a vida é breve
e os meus sonhos passageiros,
hoje meu ser não se atreve
em lances aventureiros…

De ti não quero mais nada,
apenas lembrança triste,
pois minh´alma apaixonada
ao teu desdém não resiste !

Eras tu, mulher querida,
o meu precioso troféu,
quando encontrei-te na vida,
parece que entrei no céu !

Eu já fiz diversas trovas
e tantas quadras também,
sempre estou compondo novas
destinadas ao meu Bem !

Eu nunca fiquei sabendo,
se tinhas um outro alguém
e por isso não compreendo
o teu silêncio também !

Hoje levantei mais tarde,
tinha pouco o que fazer;
mas, amor, você me aguarde,
que nunca a pude esquecer !…

Já fiz trovas de improviso
na distante mocidade,
mas, menestrel sem juízo,
delas só tenho saudade…

Luas cheias e as estrelas
povoam o imaginário,
sonhadores, vinde vê-las,
da noite o lindo cenário !…

Mais um ano se passou
e continua a poesia,
que Quintana dos deixou
para nossa nostalgia…

Na breve, efêmera vida,
não saibam, talvez, mas quis,
com a poesia escolhida,
sempre alguém fazer feliz !

Não considero perdida,
aquela ingênua ilusão,
que invadiu a minha vida
num momento de paixão…

Não consigo mais te ver
e procuro te encontrar,
para sentir o prazer
de finalmente te amar.

Nos caminhos da existência,
foram tristes ou risonhos,
os dias de convivência
na imensidão dos meus sonhos…

O meu amor tem segredos
que nunca pude externar;
me invadem todos os medos
de a não poder conquistar !

O pôr-do-sol pede um verso
no fim da tarde que desce,
medito e com Deus converso
nesta trova feita prece.

O sol-nascente desperta,
na imensidão do Universo,
o viajor de vida incerta
e o poeta que faz verso.

Os poemas que ficaram,
quando ingênuo e sem memória,
na sala em que o assassinaram,
hoje contam sua história.

Para conversar com Deus,
olho os céus e me comovo,
mas lembrando os beijos teus,
retorno à terra de novo !

Procurei teu coração
com toda a sinceridade,
mas retorno à solidão
para viver de saudade…

Procuro encontrar-te ainda
para saber como vais
e a tarde que agora finda
me responde: “Nunca mais !”

Quando estas quadras componho,
pensando no meu amor,
a vida parece um sonho,
para eu ser um sonhador.

Quando te vejo e sorris,
não sei que faço, senhora,
para a gente ser feliz
não há dia, nem tem hora!

Quem fizer a gentileza
de não levar por ofensa,
que me ame até na pobreza
sem esperar recompensa.

Quem tiver devotamento
pra algum amor que vier,
vai viver um bom momento,
sejam homem ou mulher.

Quis escrever um soneto,
levando mensagem nova,
mas esbarrei no quarteto,
e então compus esta trova…

Recordo a tua beleza
e também o quanto és boa,
me apaixono, com certeza,
e faço versos à-toa !

Só não compreende a ventura
de um simples beijo roubado,
uma infeliz criatura
que não foi apaixonado.

Tinha um sonho benfazejo,
ao raiar da adolescência,
ser um cantor sertanejo
para as prendas da querência.

Vou reler Mário de Andrade,
os poemas são assim;
falam a realidade:
este, portanto, seu fim.

Fonte:
O Autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas XII)

A brisa sempre é bem-vinda
nessas tardes de calor,
quando apareces tão linda
para preencher meu amor !

Aceita os versos que faço
com verdadeira emoção,
há de ter o seu espaço
dentro do teu coração !

A saudade que me assalta
E punge meu coração,
É da morena que falta
Nesta minha solidão !

Canta o poeta tristonho
seus versos desesperados,
pois que alimenta no sonho
sóbrios amores frustrados…

Contemplando a imensidão
do céu azul e do mar,
minh´alma sente a paixão
de viver para te amar !…

Coração sentimental,
a bater desesperado,
ontem teve um ideal,
hoje é brinquedo quebrado !

De novo o sol vai se pôr
na colina além do rio,
sinto saudades do amor
que me trouxe tanto brio…

Era jovem e vivia
desfrutando a mocidade…
Por que será que hoje em dia,
vivo agora de saudade?!

Era menino… e bem cedo
vivia a brincar sozinho;
o meu primeiro brinquedo
foi só… um caminhãozinho…

Estas trovas que hoje canto
com vontade de chorar,
vem do triste desencanto
de nunca mais te encontrar.

Já fui gato abandonado
e vivia ao Deus-dará…
hoje sou gato amarrado
por laços que a vida dá !

Meus cantares estão cheios
de paixão e fantasia,
meus queridos devaneios
no Universo da Poesia.

Na ascensão ou na descida,
tenham fé, queridos filhos;
não se percam pela vida
ao seguirem falsos trilhos !

Não esperes compreensão
para os poemas que escreves,
é tão longa a ingratidão,
como os momentos são breves.

No coração de quem ama
sempre haverá um lugar
para alimentar a chama
de uma paixão a queimar.

Nunca mais vou projetar
mensagens de amor ardente,
existe um outro lugar
pra quem não gosta da gente.

Onde habita a majestade
deusa do meu coração?
Ela vive na saudade
dos anos que lá se vão !

Passaram-se tantos dias
que formaram muitos anos,
se colhemos alegrias,
não faltaram desenganos.

Pelos trilhos da saudade
vai seguindo o trem do amor;
e lembrando a mocidade,
inda sou um sonhador…

Quando a saudade me aperta,
Faço uma trova, somente;
A vida fica deserta
E choro convulsamente…

Quando a saudade vier
me visitar, com certeza,
hei de lembrar a mulher
mais linda da natureza !

Quando cansado, à tardinha,
meu corpo exausto descansa,
vem a brisa e me acarinha
enchendo-me de esperança…

Quando lembro a mocidade
dos meus verdes madrigais,
sinto que a felicidade
já se foi, pra nunca mais !

Quem diz que a felicidade
Depende só do dinheiro,
Veja se compra a saudade
Com o ouro do mundo inteiro !

Quem for amigo de alguém,
precisa ter lealdade;
caso contrário, só tem
traição em vez de amizade…

Queria ter deste mundo
só flores e não espinhos;
mas um triste vagabundo
tem os dois pelos caminhos…

Sejam as trovas singelas
como as flores de um jardim,
e assim serão as mais belas
pérolas de um mar sem fim.

Tão rápida a vida passa,
nem se chega a perceber,
pois é como uma fumaça
pelo espaço a se perder…

Vivia fazendo versos,
crendo ser feliz, enfim,
vejo-os agora dispersos
e faço trovas pra mim…

Fonte:
O Autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas XI)

Alguém bate à minha porta,
vou ver quem é, num momento;
há muito tempo está morta
minh´alma gêmea… É o vento !

A manchete de jornal
sempre indica uma notícia,
que a imprensa tradicional,
é a melhor arma patrícia.

As plantinhas que cultivo
em meu jardim pequenino,
estão dizendo que vivo
pelo teu amor divino…

Cuidado com a ilusão,
romântico trovador,
pois pelo sim, pelo não,
não creias no falso amor !

Enquanto passam as horas,
fico pensando em você,
vencido pelas demoras,
qual alguém que não mais crê.

Eu serei sempre contente,
se algum dia me quiseres,
és a musa mais ardente,
entre todas as mulheres !

Eu te amei intensamente,
mas foram momentos vãos,
pois vejo que fui somente
um brinquedo em tuas mãos…

Foste a musa que escolhi,
desfolhando um bem-me-quer,
mas vejo que me iludi,
pois eras falsa, mulher !

Hoje faço quaisquer trovas
para cantar meu amor;
e por serem sempre novas,
eu lhes dou muito valor !

Imprensa livre, meu povo,
não deixe nunca acabar;
pois consegui-la de novo,
é difícil conquistar !

Já fiz trovas e fiz versos
para a linda namorada,
que depois andam dispersos
no vento da madrugada…

Labutei muito na imprensa,
fui cronista popular,
hoje sei o quanto é tensa,
a notícia divulgar…

Mergulhado no desejo
de te amar na juventude,
hoje penso de sobejo
que te amei mais do que pude.

Não há renúncia a quem quer
viver feliz nesta vida;
só o amor de uma mulher,
poderá me dar guarida.

Na vida dos sonhadores,
existe um sol que fulgura,
para aquecer os amores
que necessitam ternura…

No Dia do Trovador,
escrevo esta simples trova,
para o meu sincero amor
que a minha vida renova…

Olhavas triste, indecisa,
no meio da rua, quando
sentes o abraço da brisa
que vai assim te afagando…

O prazer de amar alguém,
é o mesmo de ser amado;
pois o amor que a gente tem,
deve ser compartilhado.

O respeito é necessário,
faz muito bem, sim senhor;
deve viver num sacrário,
vem a ser irmão do amor !

O vento leva o meu canto
pelos confins do universo;
em vez de chorar, eu canto
através deste meu verso !

Para escrever estes versos,
procuro ouvir minhas musas;
trazem-me assuntos diversos,
mas não ideias confusas.

Persegue o lobo que existe
dentro de ti, sonhador,
não sendo alegre nem triste,
fazes só versos de amor…

Por que será que na vida
nós temos contrariedades,
se depois da despedida
vamos lembrar com saudades?!

Quando te vejo passar
ao meu lado sorridente,
é difícil renunciar
ao sorriso que não mente…

Quero o amor que não ilude
e me faz amar alguém,
que tenha paz e virtude
e seja séria e do bem.

Se a chuva cai mansamente,
me fazendo meditar,
dá no coração da gente,
louca vontade de amar..

Se chorei, também choraste,
naquela tarde vazia,
hoje sou um velho traste,
já sem qualquer serventia.

Tinha tudo a meu favor
e não vivia ao relento,
se tu foste meu amor,
passaste assim como o vento…

Um casamento perdura
pela amizade e o respeito,
pois quem ama com ternura
só vê amor, não defeito !

Vou vivendo na incerteza
de assumir o nosso amor;
a renúncia tem tristeza,
da tristeza surge a dor…

Fonte:
O Autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas X)

A esperança, nesta vida,
é tudo que nos conduz,
pela estrada florescida
de sonhos de amor e luz !…

A felicidade é abstrata,
Não a podemos tocar,
É uma forte candidata
De quem vive para amar.

Alguma coisa me diz
Que um dia chegarás,
Só assim serei feliz
E quem sabe viva em paz !

Às vezes na solidão,
Eu sonho com teus carinhos,
Tento te esquecer em vão,
Pois vives em meus caminhos…

Caminhemos pela vida,
qual se fôssemos crianças,
e por mais ríspida a lida,
nunca nos falte esperanças !

Certo dia andava triste
Pelas ruas da cidade,
Foi então que tu surgiste
Pra minha felicidade.

Depois de tantos caminhos
percorridos nesta vida,
meu troféu são teus carinhos
que tenho em contrapartida.

Esquecer não é somente,
A força pra não lembrar,
É viver bem o presente
Pra não ter que retornar…

Esta chuva me visita,
vem despertando a saudade,
ao lembrar quanto és bonita,
pois és a felicidade !

Eu não sei porque sorris
Quando me vês sem ninguém,
Teus sorrisos são gentis –
Talvez precises de alguém.

Eu não te quero somente
Pela aparência exterior;
Meu querer é mais ardente,
Mais profundo meu amor.

Faça chuva, faça sol,
meu amor é permanente;
desde o surgir do arrebol,
até descer o poente.

Lá na praia se encontraram
e viveram na ilusão,
pois apenas se tornaram
namorados de verão…

Lobo da Estepe sozinho
ando à procura de alguém,
seguindo pelo caminho
que agora mais me convém.

Longe de ti me entristeço
pela falta de carinho
e pago o mais alto preço
nesta vida tão sozinho…

Meu destino é fazer versos
Pra compor as minhas trovas,
Quanto mais sejam diversos
Mais elas hão de ser novas…

Na trova tudo acontece,
que o diga meu coração,
pois amei quem não merece
possuir minha paixão.

Nesta vida surge o amor
Que vem abraçar nós dois;
E no fim do corredor
Vem a saudade depois…

O menestrel sem juízo
um dia nasceu em mim,
daquele instante, preciso
me comunicar assim…

Outrora fui solitário,
não tinha grande vaidade,
mas, hoje, sou perdulário
de tanto amor e saudade.

Quando fui apaixonado
por uma estranha mulher,
meu coração era amado
e eu não quis a quem me quer.

Quantas noites mal dormidas,
Já quase perdendo o juízo,
Ó meu bem, por que duvidas
Que é de ti que eu mais preciso ?

Quantas trovas, quantos versos,
me levaram de roldão,
a conhecer universos
existentes na ilusão…

Quem deseja ser feliz
Deve nutrir a ilusão;
Será sempre um aprendiz
Das coisas do coração.

Quem namorou algum dia,
sabe o quanto se requer,
para ter a simpatia
e o coração da mulher.

São duas jabuticabas,
Teus olhos mirando os meus,
Vou dizer-te, pra que saibas,
Meus tristes olhos são teus.

Ser feliz nesta existência
Talvez apenas consiste
Em demonstrar na aparência
Ser sempre alegre e não triste…

Ter-te comigo sozinha
Numa noite enluarada,
É toda a vontade minha
E nem desejo mais nada.

Toda noite durmo e sonho
com os teus olhos brilhantes,
porque teu rosto risonho
nem me deixa por instantes…

Tua pele morena clara
Tem um quê de sedutor,
Não sei com que se compara…
Deve ter muito calor.

Fonte:
O Autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas IX)

Anoitece lentamente
quando medito sozinho
e me quedo descontente
distante do teu carinho.

A noite desceu aos poucos
e no céu surgiu a lua
para os boêmios e loucos
que vagam a esmo na rua.

Às vezes me contradigo
sem querer, naturalmente,
pois corro sempre o perigo
de te amar inutilmente.

Como tarda anoitecer
nestes dias de verão,
quanto é difícil viver
mergulhado em solidão.

Eis que chega a primavera,
trazendo-me novo alento,
vivo o “suspense” da espera
de te encontrar num momento…

Escrevo trovas sentidas
num desabafo de dor:
são as ilusões perdidas
de certo frustrado amor.

Eu fui te ver certo dia
e apenas me confundiste;
ia cheio de alegria
e voltei magoado e triste.

Faço de conta que penso
e me concentro demais;
todavia me convenço
que não me encontro jamais…

Faço versos para alguém
que surgiu em minha vida
e agora com seu desdém
me deixou a alma ferida.

Fora bom que tu partisses
para nunca mais voltar;
assim talvez conseguisses
que eu pudesse te olvidar…

Iremos os dois sozinhos
em meio da multidão,
por diferentes caminhos
que jamais se encontrarão.

Já não canto por desgosto
e nem por felicidade,
mas, à tardinha, ao sol-posto,
eu me quedo na saudade…

Meu amor foi o mais louco,
pois nasceu de uma esperança,
que não vingou nem um pouco
e transformou-se em lembrança.

Meu coração se consterna
olhando a noite estrelada;
no mundo quem me governa
são as carícias da amada.

Minhas mágoas já são tantas
que não posso descrevê-las;
é como se pelas tantas
fosse contar as estrelas…

Nada te digo nem quero
que alguma coisa me digas;
se às vezes me desespero
eu me desfaço em cantigas…

Não estás junto comigo
nestes momentos adversos;
no entanto, pra meu castigo,
vives inteira em meus versos !

Não me iludem teus olhares
e nem tampouco teus risos:
são expansões singulares
ou desejos indecisos ?!

Não te desprezo, nem quero
o teu desprezo, igualmente;
se o amor não é sincero
procuro esquecer, somente…

Não vais chorar, certamente,
ao saberes que te quero
e creias, porém, somente
que tudo… tudo é sincero.

O calor convida ao mar
aonde o meu desejo vai,
preciso te procurar
quando a tarde aos poucos cai.

O que me causa tristeza
não é saber que não me amas,
é tão-somente a certeza
que sofres e não reclamas !

O tempo que tudo apaga
só deixa recordação,
que nem uma viva chaga
sangrando no coração.

Por mais que tente esquecê-la,
não consigo meu intento,
sempre será qual estrela,
brilhando no firmamento.

Proclamas que és minha amiga…
ou foges da realidade ?!
Não te importas que eu te diga
desejar mais que amizade ?!

Segue teu rumo que eu sigo
o meu destino também,
se não pude andar contigo
vou procurar outro alguém…

Sempre existe na existência
pra nos fazer infeliz,
um amor sem convivência
que a gente esperou e quis.

Se pudesses compreender
a paixão que me enlouquece,
nunca mais o teu viver
uma só mágoa tivesse…

Do Saber:

Sócrates assim dizia:
“Eu só sei que nada sei.”
E com tal filosofia
eu também responderei.

Tudo não passou de um sonho
tão rápido e fugidio;
um pensamento enfadonho
que de nada me serviu.

Fonte:
O Autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas VII)

Alta noite, escrevo versos,
sentindo a falta de alguém;
quem me dera que dispersos,
ela os ouvisse também…

A trova que canto agora
tem sabor de nostalgia,
por alguém que foi embora
quando mais bem a queria.

De manhã cedo levanto
e ao Senhor dos Céus imploro,
que me ajude quando canto
e me console se choro.

Desejo que o nosso amor
nunca seja de mentira;
por isto sou trovador
romântico, ao som da lira.

De tudo que amo e venero,
vem em primeiro lugar,
teu beijo doce e sincero
que me faz revigorar.

Dos versos soltos que faço,
um deles tem mais calor;
porque lembra teu abraço
e nossos beijos de amor..

Este amor que não resiste
às tentações deste mundo,
se não fosse assim tão triste,
pudera ser mais profundo.

Estivemos frente a frente,
mas nenhum de nós sorriu;
parecias diferente
que me deixaste arredio.

És uma estrela tão alta,
brilhando no firmamento,
que a minha canção exalta
no calor do sentimento.

Eu caminho lentamente
pelas areias do mar,
debaixo do sol ardente
que descamba devagar…

Eu levo a vida cantando
minhas trovas e canções;
só assim vou afastando
mágoas e desilusões.

Eu te esperei tantos anos,
até não conseguir mais
agüentar os desenganos
que o teu desprezo me traz.

Faze da trova teu lema
com grande satisfação
e terás em cada tema
um motivo de emoção.

Não façamos desta vida
um motivo de revolta;
nesta estrada sem saída
é tão difícil a volta.

Não há mentira mais louca
da que sai do coração,
pois a que nasce da boca
quase sempre é pretensão.

Nesta manhã radiante
de sol claro e resplendente,
por seres tão inconstante,
me deixas tão descontente…

Nosso amor já teve fim,
pois não esteve ao alcance
o que você quis de mim
pra ter sucesso o romance.

O amor de quem não desiste,
seja forte, seja brando,
há de permanecer triste
que nem flor que vai murchando.

O amor platônico vive
em minhas trovas também;
foi um que uma vez eu tive
e não me fez muito bem.

O amor tem prazer e pranto,
também mágoas e carinhos;
pois assim sendo, portanto,
não há rosas sem espinhos!

Para esquecer-te procuro
me envolver na multidão,
mas não me sinto seguro
e retorno à solidão.

Pelo amor sempre sonhado
e nunca correspondido,
vou cantar um verso alado
pra que chegue ao teu ouvido.

Penso em ti quando a saudade
me visita de surpresa
e na minha soledade
recordo a tua beleza.

Perdido em divagações
sento à beira do caminho,
como se as recordações
não me deixassem sozinho.

Quando te vejo sorrindo,
não consigo disfarçar,
este desespero infindo
de não poder te beijar.

Se amei e fui preterido,
pouco me importa até quando,
pois não me dou por vencido
e continuo te amando.

Se tens amor não o escondas,
proclame-o para quem é;
as paixões são como as ondas
que aproveitam a maré.

Trovas de amor e saudade
trazem mil temas diversos,
mas predomina a amizade
nascendo de tantos versos…

Tu me procuras sorrindo
e te recebo contente,
como se fosse surgindo
um novo amor de repente!

Vida de amor e saudade,
que junto com nossos sonhos,
também traz a realidade
e momentos enfadonhos.

—————–

Fonte:

O Autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Ialmar Pio Schneider ( Baú de Trovas VI)

A cigarra e a formiga,
pelo destino do amor:
uma executa a cantiga,
outra executa o labor.

A manhã surge radiante,
envolvendo de esplendor,
na alegria contagiante
toda a natureza em flor.

Consegues viver sozinha,
enfrentando a solidão?!
Recorda que “uma andorinha
sozinha não faz verão…”

Deixa-me ficar sonhando
em meu mundo de ilusão,
pra que vá me acostumando
a viver na solidão.

De tudo o que já perdi,
nada me causa mais dor,
do que estar longe de ti
e viver sem teu amor!

Enfrentar alegremente
as incertezas da vida,
é a maneira inteligente
de tardar a despedida.

Entre amar e ser amado,
eu não sei o que é melhor;
porém, viver desprezado,
é, sem dúvida, o pior!

Eras bonita… Eu tão feio…
mas nos queríamos tanto,
que num mesmo devaneio
nos amamos por encanto…

Mágoas de amor não tem preço:
tudo pode acontecer;
um final sem ter começo,
impossível entender…

Mas antes que a chuva caia,
prefiro sentir o vento
levantando a tua saia
para meu contentamento.

Mistura de mágoa e tédio,
esta carência de amor;
e se tomo algum remédio
mais aumenta minha dor.

Não sei se devo olvidar-te
ou ficar nesta ansiedade;
pois te encontro em toda parte,
vivendo em minha saudade…

Não sei se foi desagrado,
ou talvez ingratidão,
este punhal afiado
ferindo meu coração…

Neruda… Grande Neruda,
da “Canção Desesperada”,
careço de tua ajuda
pra cantar a minha amada!

O amor daquele que chora
por ter sido desprezado,
não tem jeito de ir embora,
fica no peito guardado.

O amor, sem paz nem sossego,
também merece louvor;
mas se não traz aconchego,
impossível ser amor.

Pelas trovas benfazejas
que solitário componho,
peço que ditosa sejas
e concretizes teu sonho.

Pelos momentos vividos
longe de ti que me encanta,
meus soluços reprimidos
vão morrendo na garganta.

Porque já chegou o outono
e foi embora o verão,
vou ficando no abandono
e minhas folhas cairão…

Por te querer me atormento
e de te amar não desisto;
para tanto sofrimento,
antes não te houvesse visto.

Por viver apaixonado
me chamam de sonhador;
porém, se amar é pecado,
sou o maior pecador.

Quando em pensamento a beijo
não sinto felicidade,
porque, afinal, meu desejo
é beijá-la de verdade.

Quantas noites mal dormidas,
pensando em que não me quer;
são as ilusões perdidas
por causa de uma mulher!…

Quem ama por conveniência
não conhece a sensação
que causa em nossa existência
o fogo de uma paixão.

Se não puderes me amar,
eu acato teu direito,
embora fique a chorar
o coração em meu peito.

Sócia de dor é paixão,
sem ter reciprocidade,
porque nos traz ilusão
e nos deixa na orfandade.

Teu encanto me seduz
nas horas que te contemplo,
toda cercada de luz
qual uma deusa num templo.

Vai romper a madrugada
neste começo do outono,
e sem pensar mais em nada
quero me entregar ao sono…

Vou caminhando sozinho
pela estrada sem ninguém,
sinto falta do carinho
que já me fez tanto bem.

Vou fazer-lhe uma proposta,
pense bem no que lhe digo:
se disser que não me gosta,
quero ser só seu amigo!

Fonte:
O Autor

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Soares da Cunha (Baú de Trovas)

Eu nunca pedi um beijo,
Não gosto de beijo dado:
Pra matar o meu desejo
Tem que ser beijo roubado.

Ó canarinho de outrora,
Meu canarinho querido,
Parece que eu te ouço agora
Cantando no meu ouvido!

Nem mesmo a jóia mais cara
Prova toda a gratidão:
Tem algo que só se paga
Dando o próprio coração.

Quem perdeu a namorada,
Não se queixe nem reclame:
Se não tem mais a que amava,
Procure outra a quem ame.

Se quer cativar alguém,
Use palavras de mel.
Que nem as moscas, ninguém
Costuma gostar de fel…

Não gosto de fazer contas,
A conta sai sempre errada.
Por isto virei poeta,
Não faço conta de nada …

Pecados de amor, só são
Pecados de dar horror,
Se forem, na ocasião,
Praticados sem amor.

O lampião, noite escura,
Lá no fundo do sertão,
Filtra uma luz doce e pura
Que enternece o coração.

Não ter amor e fingir
É difícil a valer;
Mas acho que é mais difícil
Ter um amor e esconder.

Aquele olhar suplicante
Penetra em nossos refolhos:
Sem dar sequer um latido,
O cão implora com os olhos!

Abraços, beijos de fogo,
Em vez de aplacar o amor
Que anseia por desafogo,
Mais aumentam seu furor.

Abro os meus olhos e vejo
Que a manhã radiosa avança,
Borrifando a natureza
Com o orvalho da esperança!

Olho o céu, olho as montanhas,
Olho uma nuvem passar…
E acabo me convencendo
Que a alma é função do olhar.

Ao lado da manjedoira,
No nevoeiro matutino,
Eu vejo o bafo do boi
Aquecendo o Deus – Menino

Ó sino de alma de bronze,
Indiferente da sorte,
Tanto celebras a vida
Como celebras a morte.

Quizera, sem ter morrido,
No éter viver disperso,
E ser simplesmente o ouvido
Que escuta a voz do Universo

Às vezes, durante a missa,
Voando vinha de fora
Uma veloz andorinha
Visitar Nossa Senhora.

Toda a água que existia
Sumiu dos sertões distantes,
Para brotar, em seguida,
Dos olhos dos retirantes!

Em qualquer lugar que estejas,
Entre flores ou abrolhos,
A mesma distância, ó vate,
Separa do céu teus olhos!

Em travesseiro de nuvens
Repouso a minha cabeça:
Na companhia dos anjos,
Queira Deus que eu adormeça.

O poeta é uma pessoa
Que vive sempre ocupada:
Faz versos andando à toa,
Mas julgam que não faz nada.

A flor que eu contemplo agora,
Em meu ser quer pendurar,
Insiste em ficar no foco
Do meu deslumbrado olhar.

Ó chá de malva cheirosa,
– Folha com nome de flor –
Cujo perfume de rosa
Se transfigura em sabor.

Eu amava uma palmeira,
Lá longe, no entardecer…
Veio a noite traiçoeira,
Não vi mais meu bem-querer!

Nesta casa com janelas
A minh’alma fez morada:
Mas a casa não é dela,
É só uma casa alugada.

Todo mundo quer ser nobre,
Ter parentesco com os ricos.
Só um era irmão dos pobres:
Chamava-se São Francisco.

Cresceu demais minha aldeia,
Meu Deus, que desilusão:
Hoje, tão grande e tão cheia,
Não cabe em meu coração.

O nosso amor à justiça
Vem do medo que se sente
De que algum dia a injustiça
Possa sobrar para a gente.

Os profetas, com ameaças,
Ganham fama onde aparecem,
Já que não faltam desgraças,
Que todo dia acontecem.

Nenhum valor ia ter,
Para nós, a gratidão,
Se não se pudesse ser
Ingrato sem punição.

Se solto alguma tolice,
Eu mesmo, depois de tudo,
Me envergonho do que disse,
Melhor ter nascido mudo.

Ele recusa comida,
Ainda que seja pouca,
Para não ter o trabalho
De ter que levá-la à boca …

Tenho um punhado de netos
Que acho o maior dos baratos:
São lindos quando estão quietos
E sorrindo nos retratos …

A mulher e sua saia
Não conseguem combinar:
A mulher vai se assentando,
A saia quer levantar…

Provérbios temos aos centos,
Este é dos mais verdadeiros:
– Deus criou os alimentos
E o Diabo, os cozinheiros …

Os quadros que foi juntando
Ao pintor devem pesar
Talvez mais que as obras primas
Que ele deixou de pintar …

A gente em geral tropeça
Naquilo que há de través:
Mas aquele que tem pressa,
Tropeça em seus próprios pés.

É uma troca de carinho
A amizade: basta ver
Um burro coçando o outro,
Como tremem de prazer.

O cão, teu fiel amigo,
Mostra mais satisfação
Ao ver que trazes contigo
Um bom pedaço de pão.
—————

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

J. G. de Araujo Jorge (Baú de Trovas I)

” A Trova “

Tão simples, as trovas são
cantigas com que a alma expande
tudo que há no coração
do poeta – um menino grande.
01
Tudo é trova: a flor, a onda,
a nuvem, que passa ao léo…
E a lua… trova redonda
que a noite canta no céu!
02
Cartilhas do coração,
onde o povo se inicia,
os livros de trovas são
um ABC de poesia!
03
A trova, conta de um canto,
poça d’água sobre o chão
– tão pequenina, e entretanto,
reflete toda a amplidão!
04
A trova é como uma conta
de um rosário multicor,
é a cantiga que desponta
do peito de um trovador.
05
Pequeninas e redondas
as trovas são contas, são
como as cantigas das ondas
que se espraiam no coração.
06
Uma quadrinha é uma cova,
onde a poesia é uma flor,
por isso é que numa trova
vou sepultar este amor.
07
Quis tornar-me um trovador
para dizer que ela é minha,
mas tudo em vão, meu amor
não coube numa quadrinha.

” Vida “

01
“Quem canta os males espanta”
Disto, afinal, tenho prova,
pois meu sofrer hoje canta
e se desfaz numa trova.
02
O tal ditado é um conselho,
não te mostres desolado:
– “há sempre um chinelo velho
para um pé doente e cansado…”
03
Na sua inquieta beleza,
sob o mistério de um véu,
sua vida é uma asa presa
que há de soltar-se no céu.
04
Gota d’água transparente
que brilha, cresce… e que cai!
Assim a vida da gente
que num momento se vai…
05
Vida amarga! E na amargura
da vida, eu pensei, querida:
– quem dera a tua doçura
para adoçar minha vida!
06
Pobre alma triste e cativa!
E há quanta gente como eu
a pensar que ainda está viva,
sem saber que já morreu!
07
No carnaval de verdade,
da vida não tive nada…
– Quem dera a felicidade,
nem que fosse mascarada!
08
A vida – mistério vão –
sombra agora, depois luz.
Estranho traço de união
ligando um berço a uma cruz.

“Trovas de Saudades “

01
– “Quem espera desespera….”
– “Quem espera, sempre alcança…”
Ah, meu amor, quem me dera
esperar tendo esperança!
02
Definir a eternidade
é fácil, já a defini:
é o instante de saudade
e eu vivo longe de ti.
03
“Matar saudades”, querida
é uma expressão, simplesmente,
pois, em verdade, na vida,
saudade é que mata a gente
04
Vi teu retrato, – revivo
um velho amor que foi meu…
A saudade é um negativo
de foto que se perdeu…
05
Saudade, – estranha ilusão,
que a solidão recompensa,
presença no coração
maior que a própria presença…
06
Quando estas longe, querida,
na minha angústia sem fim,
saudade é o nome da vida
que morre dentro de mim…
07
A saudade, intimamente,
devagarzinho nos rói;
é uma emoção diferente,
como uma dor que não dói.
08
Nesse jardim de surpresas,
que foi o amor que me deste,
as violetas são tristezas,
minha saudade, um cipreste.
09
No peito dos marinheiros
nasceu , cresceu, emigrou…
Mas nos porões dos “negreiros”
foi que a saudade… chorou!
10
A vida passa e a saudade
passa a ser a vida ausente,
– é uma vaga claridade
de um clarão de antigamente…
11
Partiu com sonhos de glória!
Ficou com a dor e a tristeza!
Eis afinal toda a história
da saudade portuguesa!
12
A saudade é este vazio
que a vida, ao partir, deixou;
rio seco, que foi rio,
porque a água já secou…
13
Sempre fiel, e verdadeira
vigia da nossa dor,
ó saudade, companheira
dos solitários do amor…
14
Misto de pranto e alegria,
sol e chuva, sonho e dor,
a saudade é o sol num dia
de chuva, no nosso amor…
15
Longe o amor, quem pode amar?
Tudo é inquietude, aflição…
A saudade é falta de ar
asfixiando o coração…
16
A saudade me atormenta
e pesa como uma cruz,
– é como a sombra que aumenta
quanto mais se afasta da luz…
17
Persistente e fina dor,
sombra da felicidade,
ânsia e gemido de amor,
lembrança e espera… Saudade.
18
Saudade é fidelidade,
e eis como a imagem se explica:
partem o amor, a amizade,
todos partem… ela fica.
19
A vida passa e a saudade
passa a ser a vida ausente,
– é uma vaga claridade
de um clarão de antigamente…
20
Partiu com sonhos de glória!
Ficou com a dor e a tristeza!
Eis afinal toda a história
da saudade portuguesa!
21
A saudade é este vazio
que a vida, ao partir, deixou;
rio seco, que foi rio,
porque a água já secou…
22
Sempre fiel, e verdadeira
vigia da nossa dor,
ó saudade, companheira
dos solitários do amor…
23
Misto de pranto e alegria,
sol e chuva, sonho e dor,
a saudade é o sol num dia
de chuva, no nosso amor…
24
Longe o amor, quem pode amar?
Tudo é inquietude, aflição…
A saudade é falta de ar
asfixiando o coração…
25
A saudade me atormenta
e pesa como uma cruz,
– é como a sombra que aumenta
quanto mais se afasta da luz…
26
Persistente e fina dor,
sombra da felicidade,
ânsia e gemido de amor,
lembrança e espera… Saudade.
27
Saudade é fidelidade,
e eis como a imagem se explica:
partem o amor, a amizade,
todos partem… ela fica.

“Esperança”

01
– “Crê na vida!” – eis o conselho
da Esperança, ante a desgraça…
A face fria do espelho,
de calor ainda se embaça…
02
A vida – uma onda que avança
e volta – vai-vem do mar…
Quando vai, quanta esperança!
Quanta amargura, ao voltar!
03
No meu carro vou tranqüilo,
tenha a estrada sombra ou luz,
pois bem sei que, ao dirigi-lo,
eu dirijo… Deus conduz…
04
Na vida, de vez em quando,
em meio aos meus desatinos,
percebo Deus me falando
nas brônzeas bocas dos sinos.
05
Poesia, velha poesia
que o tempo não esmaece:
– um sino de Ave-Maria…
um por de sol… uma prece…
06
Os sinos, em badaladas,
são, na hora da Ave-Maria,
taças de bronze emborcadas
que entornam melodia…

” Variados “

01
Velhos mastros, a oscilar,
– nos céus, há estranhos violinos
que vossos arcos divinos
vão tocando sobre o mar!
02
Velhos mastros, verticais
como certos pensamentos,
vossas bandeiras de paz
são almas soltas aos ventos.
03
Quem tais acordes te pôs
nas rodas desengonçadas,
ó velho carro de bois,
sanfoneiro das estradas?
04
Obra prima. Adolescência,
como um sopro de alvorada.
Formas que nascem da essência
da beleza irrevelada.
05
Poesia: flor de mistério
que brota do coração,
e abre as pétalas de etéreo
no céu da imaginação.
06
Matemática esquisita
que das suas sempre faz,
somando dois, multiplica!
e são três, são quatro, ou mais!
07
Se a coisa dada, algum dia,
de nós não fosse tirada,
ainda assim, gente haveria
que nunca daria nada.
08
Ó vento, que em ti resumes
tudo quanto a vida tem:
– tu, que trazes perfumes,
levantas poeira também…
=========

Fonte:
Extraído de J.G. de Araujo Jorge. “Cantiga de Menino Grande”. 1962

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Jose Ouverney, Trovas

Belmiro Braga (100 Trovas)

1
As almas de muita gente
são como o rio profundo:
– a face tão transparente,
e quanto Iodo no fundol …
2
Em ti, minha Mãe, se encerra
todo o meu maior troféu:
– guardas num corpo de terra
uma alma feita de céu.
3
Fiz na vida o meu escudo
desta verdade sagrada –
o nada com Deus é tudo
e tudo sem Deus é nada.
4
Quem, mesmo nas alegrias,
de lastimar não se furta
de ver tão longos os dias,
para uma vida tão curta?
5
Pobre de mim! Por desgraça
meu coração é um coador:
nele, o riso escorre e passa,
e fica tudo o que é dor.
6
A beleza não te atrai?
Só te casas por dinheiro?
Tu pensas como teu pai,
que morreu velho e … solteiro.
7
Saudade… palavra linda,
de sete letras… Saudade
é noite que tem ainda
lampejos de claridade.
8
Casa em março Ester Macedo
e em julho é mãe… Ora, o alarde!
O filho não veio cedo,
o esposo é que veio tarde…
9
Só mesmo Nossa Senhora
pode dar paz e conforto
à desgraçada que chora
a ausência de um filho morto.
10
Muitas vezes imagino,
nos meus dias desolados,
que o meu coração é um sino
dobrando sempre a finados.
11
Eu não lamento o revés
do morto que se fez pó;
do vivo, que espera a vez,
desse sim, eu tenho dó.
12
Quantos mortos trago vivos
no fundo do coração,
e dentro em mim quantos vivos
há muito mortos estão! …
13
Olhaste Jesus na Igreja
demais. E tanto o tens visto …
Fazes-me assim ter inveja
da própria imagem de Çristo.
14
Não devo guardar ressábios
da nossa extinta afeição:
morto me trazes nos lábios
e, vivo, no coração,
15
Eu morro por Filomena,
Filomena por Joaquim,
o Joaquim por Madalena
e Madalena por mim.
16
A vida, pelo que vejo,
hoje é vale e amanhã cimo:
– A quantos pobres invejo
e a quantos ricos lastimo!
17
Vivo, encheu (a História o prova)
com suas glórias o mundo,
e, morto, não enche a cova
de quatro palmos de fundo.
18
Teu coração é morada
que não atrai, felizmente:
– Quem nele arranja pousada
encontra a cama ainda quente.
19
Meu coração é uma ermida
toda enfeitada de flores,
onde conservo escondida,
Nossa Senhora das, Dores.
20
Uma princesa parece
pelos trajos do alto preço,
mas quanta gente conhece
seus vestidos pelo avesso! …
21
Os beijos, segundo os sábios,
dados com muita afeição,
não deixam sinal nos lábios,
mas deixam no coração.
22
Num tronco seco, sem vida,
minha mão teu nome abriu
e o tronco seco, em seguida,
reverdeceu e floriu.
23
Desilusões, desenganos,
tudo a velhice nos traz,
mas existe, além dos anos,
a eterna bênção da paz
24
Politiqueiros… Que súcia !
Segundo as leis de Lavater,
o que lhes sobra em astúcia,
é o que lhes falta em caráter.
25
Dizem que a lágrima nasce
do fundo do coração…
Ah! se a lágrima falasse,
que doce consolação!
26
Vi teus braços… que ventura!
teu colo … as pernas, que gosto!
Agora, tira a pintura,
que eu quero ver o teu rosto.
27
Quis a sorte que eu te visse,
quis o amor, que eu te adorasse,
quis o dever que eu partisse,
quis a paixão que eu ficasse.
28
Mulheres que eu vi no banho,
vejo-as depois num salão!
– Se pelo rosto as estranho,
pelas pernas sei quem são.
29
Por ver-me alegre e contente,
julga-me o mundo feliz:
nem sempre o coração sente
aquilo que a boca diz.
30
Na justiça tem confiança
e verás, depois, surpreso
que, por ter venda e balança,
ela te rouba no peso.
31
Muitos supõem a ventura
ver em meus olhos brilhar,
quando esse brilho é a tortura
de não poderem chorar.
32
A mulher para ser Venus
deve ter cintura fina,
olhos grandes, pés pequenos
e língua bem pequenina.
33
Que grande, triste verdade
me sussurra o coração:
– a dor é uma realidade,
a alegria – uma ilusão…
34
Quanta vez junto a um jazigo
alguém murmura, de leve:
– Adeus para sempre, amigo!
E diz-lhe o morto: – Até breve!
35
Natal! E eu sinto em minha alma
cantando uma ave… Natal!
No dia azul – quanta calmal
Parece a noite um rosal!
36
O que perdemos na vida,
procuramos sem achar,
exceto a mulher perdida,
que achamos sem procurar…
37
Tu não vês que vivo louco
por causa desta afeição?
Coração, sossega um pouco,
coração sem coração!
38
Muito mais desenxabido
que a goiabada sem queijo,
é te abraçar, bem querido,
e não poder dar-te um beijo.
39
(Mãe)
Acima de tudo, acima
do céu, te devemos pôr:
o teu nome não tem rima,
nem limite o teu amor.
40
Coração, bate de leve;
deixa os teus sonhos horríveis,
que um coração nunca deve
sonhar coisas impossíveis.
41
Como juiz, reto e calmo
posso afirmar sem receio:
– Mulher de boca de palmo
tem língua de palmo e meio.
42
Amigos … E quanta gente
não crê na verdade atroz
que, no mundo, há um somente:
Aquêle que existe em nós.
43
Natal. No céu e na terra
quanta alegria! Natal!
A paz adoçando a guerra,
o bem adoçando o mal.
44
Teus olhos, Risália amada,
me recordam dois ladrões,
sob a pálpebra rosada
tocaiando corações…
45
Olhos pretos, dois acesos
e recendentes carvões:
– Par de algemas que traz presos
corações e corações.
46
Prezado amigo, perdoa
a resposta demorada:
tu sabes, quem vive à toa,
não tem tempo para nada.
47
Não conhecem mesmo os sábios
este caso singular:
– Fala a mente pelos lábios
e o coração pelo olhar.
48
A mulher, além de tema,
faz tudo com perfeição,
que até nos passando a perna,
tem a nossa gratidão…
49
No anel que me deste, pego
e vejo que é falso, crê.
– Se o amor verdadeiro é cego,
também falso é o amor que vê
50
Nossa Senhora Sant’Ana,
permita que possa um dia
mobiliar minha choupana
com as “cadeiras de Maria!”
51
Na vida, maior ventura
nada nos pode causar
do que a tépida ternura
que nos vem de um doce olhar.
52
De Júlia o pesar profundo
parece uma coisa pouca;
– vive na boca do mundo
por ser beijada na boca.
53
Aquele que dá esmola
tem duas vezes a palma:
– Primeiro, ao pobre consola,
depois, consola a sua alma.
54
Deus do amor, Deus da esperança,
conduze por flóreo trilho
os passos dessa criança
– lindo filho do meu filho!
55
Há dois poderes no mundo
que tudo movem. Primeiro:
– Mulher bonita. Segundo:
dinheiro, muito dinheiro.
56
Sobre o triste chão de abrolhos
em que tu vieste ficar,
meus tristes, cansados olhos,
não se cansam de chorar.
57
Dos beijos me lembro, Glória,
mas não do sabor, meu bem.
Por que a fronte tem memória
e a minha boca não tem?
58
Na terra que te consome,
nem uma triste inscrição!
Pudera! Porque teu nome
não me sai do coração.
59
Ouvindo-a falar da vida
dos próprios pais, tive pena
de ver língua tão comprida
numa boca tão pequena.
60
Onde um berço se embalança
há riso, ventura e luz:
– Sobre os berços, doce e mansa,
paira a sombra de Jesus.
61
Do berço à tumba há um caminho
que todos têm de transpor:
de passo a passo – um espinho,
de légua em légua -uma flor.
62
Chegaste, afinal! Chegaste
no instante mais que preciso;
vens trazer a quem mataste
as rosas de um teu sorriso…
63
Noite de núpcias. O Gama
encontra a esposa envolvida
num lindo roupão e exclama:
– Posso, enfim, ver-te vestida!
64
A mãe, que aperta no seio
um filho de seu amor,
tudo enfrenta sem receio:
a calúnia, a injúria e a dor.
65
Minha vida é uma jangada
num mar revolto de escolhos,
baloiçando sossegada
à doce luz dos teus olhos.
66
Tenho um neto e essa ventura
veio florir os meus dias,
que um neto é um sol que fulgura
num céu de nuvens sombrias.
67
Arvore és santa: os teus ramos
baloiçam ninhos de amor;
és abrigo, e em ti achamos
sombra, fruto, aroma e flor.
68
Entre o berço e a sepultura
um relâmpago fugaz,
mas que séculos perdura
pelo que nele se faz!
69
A mãe que a um filho acalenta
– tal o seu amor profundo –
tem a impressão que sustenta
em seus braços todo um mundo.
70
Quem maldiz a vida, prova
não conhecer que ela é vã:
– no espaço do berço à cova
há ontem, hoje, amanhã.
71
Coração de coração
quando quer bem, faz assim:
– põe nas arestas de um não
toda a pelúcia de um sim. . .
72
A caridade… Consola
ao vermos que ela é perfeita,
não por ser grande a esmola,
mas no modo por que é feita.
73
Quem ama, há de conhecer
a triste escala do amor:
– Desejo, ilusão, prazer,
cansaço, fastio e dor.
74
O noivo, da noiva outrora
via o rosto e nada mais;
se o rosto não vê agora,
todo o resto vê demais…
75
Que em vossos risos mais brilho
nas alvoradas não vemos;
nos olhos ternos de um filho
é que nós, Pais, nos revemos.
76
Assim como brotam flores
do triste, empedrado chão,
em rima brotam-me as dores
que trago no coração.
77
Da tua voz a frescura
feita de encanto e de olor,
lembra um veio de água pura
sob roseiras em flor.
78
Para ser feliz, um louco
costuma me aconselhar:
– deverás desejar pouco
e quase nada esperar. . .
79
Para um pai o bem se encerra
num berço – como um troféu,
as alegrias da Terra
e as esperanças do Céu.
80
Vi-a apenas uma vez;
uma só; não mais a vi,
e tal impressão me fez,
que nunca mais a esqueci.
81
Há no livro uma luz calma
que torna o mundo maior:
– quem vê pelos olhos da alma,
vê mais longe e vê melhor.
82
Na minha infância, dezembro,
aos outros meses igual
passava triste… e eu me lembro
de que não tive Natal…
83
– Toda amizade – é fingida,
todo mal – recompensado,
toda injustiça – aplaudida
e todo amor – enganado…
84
(A Maria Teresinha)
Nestes dois nomes se encerra
um rutilante troféu:
– Se Maria é a flor da terra,
Teresinha é a flor do céu.
85
Nosso amor, que ardia em brasa,
foi morrendo de mansinho,
e entre a minha e a tua casa
mal se descobre o caminho …
86
Filha – o sorriso que encanta,
noiva – é a flor que perfuma,
A esposa – a graça de pluma,
e mãe – a graça da santa.
87
Maio, outrora tão ridente,
como vive triste agora!
Que saudades tem a gente
daqueles maios de outrora!
88
Quantas vezes tenho ouvido:
– Como ele ri de prazer!
Quando esse riso é um gemido
que aos lábios me vem morrer…
89
Fogem-te da alma os pesares,
a treva aos teus olhos brilha,
toda vez que tu beijares
esse amor, que e a tua filha.
90
Teus olhos, lagos risonhos,
de escuras margens em flor,
ah! se eu pudesse os transpor
no bergantim dos meus sonhos! …
91
Correm-te os dias serenos
e um ano vem e te traz:
uma esperança de menos,
um desengano de mais.
92
Quando a mulher quer, eu acho
que nem Deus a desanima:
– É água de morro abaixo,
ou fogo de morro acima.
93
Um bacharel, meu vizinho,
quer saber por que razão
eu faço um verso “assinzinho”
e o denomino… versão…
94
Risália, naquelas flores
que te dei à despedida,
entre lágrimas e dores,
eu pus toda a minha vida.
95
O maior dos meus desejos
é ver-te, vendo com gosto
eu entupir com meus beijos
as covinhas do teu rosto…
96
Só duas cores havia
de rosas que aqui registo:
a cor dos pés de Maria
e a cor das chagas de Cristo.
97
Se eu fosse uma flor, querida,
queria, cheia de anelos,
morrer ditosa e esquecida
na noite dos teus cabelos …
98
Se eu fosse uma fonte, nada
me privaria do gesto
de ver-te em mim reclinada,
para em mim veres teu rosto …
99
Raio de sol ser desejo
para um dia (oh! que ventura!)
depor-vos na fronte um beijo
e vos ver ainda mais pura…
100
Arvore seca, nem flores
nem sombra e frutos dou mais:
mataram-me a seiva as dores
continuas dos vendavais.
___________________

Fonte:
JORGE, J. G. de Araujo e OTÁVIO, Luiz (organizadores). 100 Trovas de Belmiro Braga. RJ: Editora Vecchi, 1959.Coleção Trovadores Brasileiros. volume 1.

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas

Paulo Monteiro (A Trova no Espírito Santo – Parte III)

Bruno Camilo (Natureza Capixaba)
O II Concurso Interno do CTC teve NATAL como terna, e foi realizado em dezembro de 1980.

O vencedor desse concurso foi João Figueiredo, residente no Rio de Janeiro, com esta trova:

Nascer, morrer! Coisas certas.
Que no Natal vêm à Iuz:
Os Magos levando ofertas
E Cristo levando a Cruz.

O III Concurso Interno do CTC, realizado entre janeiro e fevereiro do 1981, teve dois temas: COLOMBINA, somente para os sócios fundadores da entidade, e CARNAVAL, para os sócios correspondentes, isto é, nem capixabas de nascimento ou residentes no Espírito Santo, mas “correspondentes’ da entidade noutros Estados.

Venceram-no, com as respectivas trovas, os seguintes trovadores:

Tema COLOMBINA:

1º lugar – MILSON ABREU HENRIQUES:

Fui Pierrot num Carnaval
num outro fui Arlequim.
Mas Colombina afinal
fez um palhaço de mim.

2° lugar – J. CABRAL SOBRINHO:

“A Colombina fatal”,
(ouvi dizer num forró),
foi gíria de Carnaval
do tempo de minha avó.

3º lugar – ARGEMIRO SEIXAS SANTOS:

O Carnaval de hoje em dia,
em verdade, desatina.
É carnaval sem poesia,
sem PIERROT, sem COLOMBINA.

4º lugar – BEATRIZ ABAURRE:

Com um tema que fascina
eu tentei fazer poesia:
Foi um sonho, Colombina!
Não passou de fantasia…

5º lugar – NEALDO ZALDAN:

Já não se brinca com “Lança”,
nem confete ou serpentina.
Mas todos têm na Iembrança
uma linda Colombina.

Menção Honrosa – ÁBNER DE FREITAS COUTINHO:

Na folia, a Colombina,
sempre marca, onde estiver
com graça bem feminina,
a presença da mulher…

No CARNAVAL, o vencedor foi o trovador cearense ALOÍSIO BEZERRA. Eis a trova:
Pela imensa Carestia,
Tolhendo a paz nacional,
Seria bom, Oh! Seria…
Não houvesse carnaval!
Aloísio classificou-se ainda em terceiro lugar, Carlos de Alencar em segundo e quinto e Carlos Ribeiro Rocha, em quarto.

Já o IV Concurso Interno, realizado entre fevereiro e março de 1981, com tema único PÁSCOA, teve como três primeiros colocados, com as seguintes trovas, os trovadores abaixo:

1º lugar – FERNANDO ANTONIO LIMA CASTOR:

A Bíblia, sagrado arquivo,
mostra a PÁSCOA aos fariseus…
JESUS CRISTO redivivo,
voltando aos braços de DEUS.

2º lugar – ARGENTINA LOPES TRISTÃO:

Páscoa da Ressurreição,
do sacrifício, da dor.
Ficou-nos grande Iição:
– A glória eterna do amor.

3º lugar – ARGEMIRO SEIXAS SANTOS:

Depois da morte, Jesus
surge para a redenção.
É PÁSCOA feita de Iuz
iluminando o cristão.

Finalmente, o V Concurso Interno do CTG respeitou o tema “Cinco de maio – Dia das Comunicações e do Expedicionário”.

As trovas concorrentes, julgadas por uma comissão de donas de casa, somaram 46. Venceram-no as seguintes trovas:

1º lugar – CARLOS RIBEIRO ROCHA:

Contra o poder arbitrário
foi lutar sem covardia,
o nosso Expedicionário…
– Cinco de maio é seu dia!

2º lugar – ÁBNER DE FREITAS COUTINHO:

Quem se isola, se angustia
abra a mente, meu irmão,
Cinco de Maio é o dia
de ter comunicação…

3º lugar – ARGEMIRO SEIXAS SANTOS:

Cinco de Maio me apraz
por seu festejo correto,
a comunicação faz,
do mundo menor, mais perto.

4º lugar – ALOÍSIO BEZERRA:

Cinco de Maio: Que Glória!
Lembrando realizações!
Nacional dia da História
Dessas Comunicações!

5º lugar – AMAURY DE AZEVEDO:

Mês de maio, dia cinco,
dia da Comunicação,
quando os homens com afinco
lutam por mais união.

Menção Honrosa – JOSEFINA DA SILVA CARVALHO:

Mês das comunicações,
cinco de maio é o dia
das grandes inovações,
trazendo sabedoria.

CONCURSOS INFANTIS

Dentre as atividades do CTC no campo dos concursos de trovas merecem destaque aquelas que se relacionam à preocupação do Clube em divulgar a trova e sua prática junto às crianças.
Aqui temos que salientar a coIaboração de Milson Henriques, apresentador do programa infantil “A GAZETINHA”, DA TV GAZETA, de Vitória.

Milson, que também é trovador, tem sido o promotor maior desses concursos, entre crianças de até 15 anos, o primeiro dos quais foi realizado em janeiro de 1981, com ótima participação, obedecendo ao toma FÉRIAS.

Eis os cinco primeiros colocados:

1º lugar – RONALD HELMUT CEKAL:

Sempre que chegam as férias,
saio, correndo, a brincar,
alegremente, sorrindo,
como um pássaro a voar.

2º lugar – MÁRCIA HILDILENE MATHEILO:

Fazer trovas sobre férias?
Que idéia mais maluca.
Nas férias quero passear,
Brincar, descansar a cuca.

3º lugar – TATIANA BAHIENSE FREITAS:

Ah! Se fosse-me possível
alguém estudar por mim.
Eu teria sempre férias,
seriam férias sem fim…

4º lugar – SIRLENE SILLER SIQUEIRA:

Minhas férias serão tristes,
pois não tenho onde morar.
Eu vivo num orfanato
e aqui terei que ficar.

5º lugar – SIRLENE SILLER SIQUEIRA:

Nas minhas férias deste ano
caso sério aconteceu:
Fui brincar co`um cachorrinho
e o danado me mordeu.

Para esse I Concurso de Trovas do programa infantil “A GAZETINHA”, foram enviadas mais de duzentas trovas.

O II Concurso, sob o tema PROFESSORA, teve urna concorrência significativa e, nos primeiros lugares, esta classificação:

1º lugar – ELIVANI TEIXEIRA (9 anos):

Eu disse pra professora
que estava um pouco cansada.
Como eu sou pexinho dela
a matéria não foi dada.

2º lugar – GERUZA APARECIDA FERECHI (14 anos):

Minha vida de criança
esta escola iluminou
com as letras do alfabeto
que a professora ensinou.

3º lugar – SAYONARA FREITAS CAMPOS (14 anos):

Eu quero ser professora,
passe o tempo que passar.
Tudo aquilo que aprendi
vou com carinho ensinar.

Mas os concursos de “A GAZETINHA” não pararam. O terceiro obedeceu ao tema PASSARINHO.

O BEIJA-FLOR

BEIJA-FLOR é o nome do Boletim Informativo do Clube dos Trovadores Capixabas.

Seu primeiro número foi publicado, em mimeógrafo à tinta, em outubro de 1980, com tiragem de 300 exemplares.

Beija-Flor – ficamos sabendo através de uma nota desse primeiro número – é “o pássaro que lembra a cidade capixaba de Santa Teresa, o Museu “Melo Leitão” e o cientista Augusto Ruschi…”

Poderíamos anotar algumas características do BEIJA-FLOR.

Destacamos estas duas:

1 – Ao lado de notas de economia interna da Entidade: novos sócios, doações, elogios, etc., publica trovas e notícias gerais de interesse para todos os trovadores;

2 – Divulgando endereços de trovadores é um vigoroso instrumento par a integração dos poetas da quadra.
–––––––––––––––––––-
Continua…

–––––––––––––––––––-
As partes anteriores:
Parte I –
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/09/paulo-monteiro-trova-no-espirito-santo.html
Parte II –
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/09/paulo-monteiro-trova-no-espirito-santo_30.html

Fonte:
http://www.usinadeletras.com.br

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Espírito Santo, Trovas

Galdino Andrade (Baú de Trovas)

Prostrado aos teus pés, desejo
enfim poder afirmar-te
que quanto mais eu te beijo
mais eu desejo beijar-te!

Eu tenho te amado tanto,
com tão intensa paixão,
que muitas vezes me espanto
de ter um só coração!

Cada um dá o que sente,
o que tem no coração;
Maringá, o meu presente
é somente a gratidão
———–

Fontes:
– TROVIA – Revista Virtual Mensal – ano 10 – n.110 – dezembro de 2008
http://www.caestamosnos.org/rev_trovamar/Agosto_2009.html
http://angelorigon.blogspot.com/2006/05/mosaico-sexta.html
– Fotomontagem = José Feldman

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Maringá, Paraná, Trovas

Baú de Trovas II

Aqui jaz minha mulher
que partiu para o Além.
Agora descansa em paz
e eu também.
(VÃO GOGO – MILLÔR FERNANDES)

Basta-me um gesto, um aceno,
uma só prova, – e verás
minha alma, presa em teus lábios,
como de amor se desfaz
GONÇALVES DIAS)

Cabeça, triste é dizê-lo!
Cabeça, que desconsolo!
por fora não tem cabelo,
por dentro não tem miolo!
(LAURINDO RIBEIRO)

De muita gente que existe
e que julgamos ditosa,
toda ventura consiste
em parecer venturosa.
ANÔNIMA

Estes meus versos que a esmo
jogo aos espaços sem fim
são pedaços de mim mesmo,
que eu mesmo arranco de mim.
(FERREIRA GULLAR)

Há de, com toda certeza,
casar-se a minha alma à tua,
nessa capelinha acesa
na alva capela da lua.
(GILKA MACHADO)

Inda agora é que cheguei,
inda não saudei ninguém:
Boa noite pras senhoras
e pros senhores também.
(MINAS GERAIS)

Junto co’a minha viola
eu ando de arretirada:
ela se queixa de sol,
eu de queda e de topada.
(CEARÁ)

Mui decentes eu não acho
teus vestidos minha prima:
são altos demais em baixo,
são baixos demais em cima!
(BELMIRO BRAGA)

No meu livro de lembranças
hoje só resta a saudade:
Saudade das esperanças
perdidas na mocidade…
(ZÉ TRINDADE)

Passa na estrada um camelo
e um corcunda palpitante
de alegria, disse ao vê-lo:
– “Mas que animal elegante!”
(ANTÔNIO SALES)

Que cada um cumpra a sorte
das mãos de Deus recebida:
Pois só pode dar a Morte
aquele que dá a Vida!
(OLAVO BILAC)

Saudade – perfume triste
de uma flor que não se vê.
Culto que ainda persiste
num crente que já não crê…
(MENOTTI DEL PICCHIA)

Teus olhos são negros, negros
como as noites sem luar…
São ardentes, são profundos
como o negrume do mar.
(CASTRO ALVES)

Vi teus braços… que ventura!
teu colo… as pernas… que gosto!
Agora, tira a pintura,
que eu quero ver o teu rosto.
(BELMIRO BRAGA)
—–

Deixe um comentário

Arquivado em A escritora em xeque, Baú de Trovas, Contos, Entrevista, Entrevistas, Trovas