Arquivo da categoria: poesias para crianças
Manuel Bandeira (Poesias Infanto-Juvenis)
Arquivado em poesias para crianças, Recife, Rio de Janeiro
Caderno de Leitura (Poesias para Crianças 1)
CECÍLIA MEIRELES
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
AS BORBOLETAS
VINÍCIUS DE MORAES
Brancas
azuis
amarelas
e pretas
brincam
na luz
as belas borboletas.
Borboletas brancas
são alegres e francas.
Borboletas azuis
gostam muito de luz.
As amarelinhas
são tão bonitinhas!
E as pretas, então…
oh, que escuridão!
LEILÃO DE JARDIM
CECÍLIA MEIRELES
Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a era,
uma estátua da primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(este é o meu leilão!)
A MINHOCA
ELIAS JOSÉ
A minhoca sai da toca
e se estica e se enrosca.
O pescador quer pegar
a pobre da minhoca.
A galinha quer comer
a saborosa minhoca.
O moleque quer espremer
pra separar terra e minhoca.
A minhoca, que não é tonta,
logo se estica e se enrosca.
A terra enterra a minhoca
e ninguém viu a sua toca.
Lá de sua toca, toda torta,
torce de rir a levada minhoca.
TOLAS PERGUNTAS
ELIAS JOSÉ
Onde estará o rato
que se escondeu no meu sapato?
Onde estará o meu sapato
que escondi perto do gato?
Onde estará o gato
que miava chamando o pato?
Onde estará o pato
que nadava feito um peixe?
Onde estará o peixe
que nadou no fundo do rio?
Onde estará o rio
que caminhava para o mar?
O rio virou mar
que deixou encantados
o rato, o gato, o pato e o peixe.
CRIANÇAS LINDAS
RUTH ROCHA
São duas crianças lindas
mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
a outra é cheia de dentes…
Uma anda descabelada,
a outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
e a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
a outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
a outra só corta rentes.
Não queiras que sejam iguais,
aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
mas são muito diferentes!
VALSA DAS PULGAS
RUTH ROCHA
As pulgas dançando
no meio da rua
dão pulos e pulos
sob a luz da lua.
No baile das pulgas
o passo é assim:
Três passos pra um lado
e entra o cupim.
Cupim dá três passos
pra lá e pra cá
e a pulga contente
toma guaraná.
Quem toca a valsinha
é o sabiá
e as pulgas pulando
pra lá e pra cá.
O GATO
MARINA COLASANTI
No alto do muro
Pulando no escuro
Miando no mato
Entrando em apuro
É o gato, seguro.
De antigo passado
E jeito futuro
Movimento puro
Ar sofisticado
É o gato, de fato.
Só pode ser gato
Esse bicho exato
Acrobata nato
Que só cai de quatro.
GALINHA D’ANGOLA
ROSEANA MURRAY
A galinha d’angola acaricia
o dia com a sua cantoria:
Tô fraco’ tô fraco’ tô fraco’
O menino tira o milho da sacola
e dá de comer à galinha d’angola
Come tudo a angolinha,
mas continua a ladainha:
Tô fraco’ tô fraco’ tô fraco’
Na beira do lago suspiro o sapo:
Que galinha mais fominha!
BEIJA-FLOR
ROSEANA MURRAY
Beija-flor pequenininho
que beija a flor com carinho
me dá um pouco de amor,
que hoje estou tão sozinho…
Beija-flor pequenininho,
é certo que não sou flor,
mas eu quero um beijinho
que hoje estou tão sozinho…
BARCA BELA
ALMEIDA GARRET
Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela,
Que é tão bela,
Ó pescador?
Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Ó pescador!
Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela…
Mas cautela,
Ó pescador!
Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Ó pescador!
Pescador da barca bela,
Ainda é tempo, foge dela,
Foge dela,
Ó pescador!
A BAILARINA
CECÍLIA MEIRELES
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé
não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar,
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças
e também quer dormir
como as outras crianças.
TANTA TINTA
CECÍLIA MEIRELES
Ah! Menina tonta,
toda suja de tinta
mal o sol desponta!
(Sentou-se na ponte,
muito desatenta…
E agora se espanta:
Quem é que a ponte pinta
com tanta tinta?…)
A ponte aponta
e se desaponta.
A tontinha tenta
limpar a tinta,
ponto por ponto
e pinta por pinta.
Ah! Menina tonta!
Não viu a tinta da ponte!
A FOCA
VINÍCIUS DE MORAES
Quer ver a foca
ficar feliz
é por uma bola
no seu nariz.
Quer ver a foca
bater palminha
é dar a ela
uma sardinha.
Quer ver a foca
fazer uma briga
é espetar ela
bem na barriga.
Arquivado em poesias para crianças
Evelyn Heine (Poesias Divertidas para Crianças )
Às vezes a gente acorda
Achando tudo errado:
Nariz tapado,
Olho embaçado,
Braço cruzado.
Tontura, enxaqueca…
Tem nhaca de todo lado.
Quem será que me botou
Todo esse mau-olhado?
Dorzinha esquisita,
Será que é sério?
Ai, corpo humano…
Quanto mistério!
Depois, tudo passa!
Vai como veio!
E até acho graça
De tanto receio!
ÁGUA DOCE, DOCE ÁGUA
De mar é feita a terra,
De água é feita a gente.
Abaixo o desperdício!
Poupar água: coisa urgente!
Clara, doce ou gelada,
Verde, azul ou transparente,
Sem a água não há nada.
Nem floresta, nem semente.
Água doce mata a sede,
Água doce é a que lava.
Cachoeira, rio ou fonte…
Só não pode ser salgada.
Tanto bate até que fura,
Diz ditado popular…
Cuida dela! Você jura?
Vamos economizar!
BI, BI, FON, FON!
Carro cachorro louco
Late, buzina, avança!
Um rosnando para o outro
Feito briga de criança.
Pra que isso, minha gente?
Paz é mais inteligente!
Na estrada ou na rua
O caminho vai e volta.
Passa a vida das pessoas,
Passa o sol, passa a paisagem.
Passam carros coloridos,
O destino na bagagem.
“Quem fica parado é poste”,
Como diz José Simão.
Para o trânsito dar certo,
Tem a sinalização.
Eu vou, tu vais, ele vai.
Nós vamos, vós ides, eles vão.
Cada um tem seu caminho,
Mas não vale contramão!
Se eu pego a contramão,
Passo no sinal fechado,
Está feita a confusão.
É encrenca pro meu lado.
Vai falar no celular,
Ou mudar de estação?
Então é melhor parar!
Dirigir pede atenção.
Pra que serve tanta placa?
Tem até uma com vaca.
Menino, montanha, “E” com “X”…
Tem flechinha pra cá e pra lá…
Eu pergunto e meu pai diz:
“Serve para organizar”.
MÃE… A MINHA É DIFERENTE!
Dizem que mãe é tudo igual.
Só muda o endereço.
Mas a minha é mais legal,
A melhor que eu conheço.
Minha mãe é diferente,
Com sotaque engraçado.
Ela faz tudo ao mesmo tempo,
Deixa o tempo até cansado.
Conversa com todo mundo de uma vez,
Faz pergunta e nem ouve a resposta.
Você fala, ela já está longe,
Mas é assim que a gente gosta.
Do seu jeitinho, nos conquistou
A todos os filhos, genros e netos.
Um favor nunca negou.
Dá conselhos sempre espertos.
Sua mãe também deve ser única, sem igual.
Aposto que é especial!
Porque mãe é feita de encomenda pra gente,
Só o amor é que é igual.
OLHA A CARETA!
Amanda era uma menina bonitinha.
Cheia de sardinha. Cabelo de trancinha.
Tão engraçadinha!
Mas foto dela, não tinha.
Na hora de tirar fotografia, só fazia estripulia.
Não ria.
Nem sorria.
Sabe o que é que aparecia?
Só careta! De todo jeito… Nariz torto, boca torta, só folia.
A cara mesmo, ninguém via.
O pai pedia:
– Risadinha, minha filha!
Aí ela estufava as bochechas o mais que podia. Ficava com cara de melancia.
A mãe dizia:
– Faz “X”, filhinha!
Mas não fazia. Nem pra vovó, nem pra titia.
“Ninguém me manda”, sacudia Amanda.
Mas um dia, um belo dia, a danadinha arranjou um namorado. E ele pediu uma foto. Pra guardar na carteira, com os adesivos de estimação, um chiclete e duas moedas.
– Xi… não tenho. – disse Amanda, desenxabida.
– Ora, então tira. – pediu o namorado.
– Não posso. – tristinha, disse ela…
– …Agora estou banguela!
QUER BRINCAR?
Alegria de criança
É tão fácil, tão gostosa!
Qualquer sonho se alcança.
E a vida é cor-de-rosa.
O brinquedo ou a caixa,
Tudo serve pra brincar.
Tudo sempre se encaixa
Nesta fase de inventar.
Pega-pega, esconde-esconde, mau-mau…
Gato mia, polícia e ladrão…
Brincadeira mais legal
Vem da imaginação.
Você brinca o dia todo
E com tudo que aparece.
Se adulto é quem brinca,
Dizem dele: “Este não cresce!”
Mas criança se diverte
De um jeito diferente.
Ela leva mais a sério
A missão de ser contente.
Qualquer coisa nessa vida
Pode virar brincadeira.
Chuva, rio, nuvem surgida…
Qualquer coisa que se queira.
Quando você for grande
Continue a diversão.
Com bola, pintura ou casinha…
Existe uma profissão!
Até mesmo com palavras
A gente pode brincar.
Está vendo esta poesia?
Eu brinco é de rimar!
Arquivado em A Poetisa no Papel, Poesias, poesias para crianças
Rosangela Trajano (Poesias para Crianças)
A BICICLETA VELHA
Era uma velha bicicleta
Com placa de venda
Sua dona muito esperta
Queria uma boa renda.
Não tinha freios
Só um acento macio
Um pneu cheio
O outro vazio.
Vivia na garagem
Há muito abandonada
Atrapalhando a passagem
Não servia para nada.
Mas era lembrança do bisavô
Nesse caso a velha bicicleta
Foi colocada como escultura
No meio da sala de leitura.
A BONECA DE ALICE
Alice ganhou uma boneca
Era uma boneca bonita
Logo largou a peteca
Deu-lhe o nome de Anita.
Alice ganhou uma boneca
De laço e vestido vermelho
Presente da sua tia Rebeca
De fome matou seu coelho.
Alice só queria saber
Da sua boneca Anita
Nem pra mim, nem pra você
Ela desenharia uma fita
A CHUVA
Gosto de olhar a chuva
A escorregar pela rua
Na esquina fazer uma curva
Esconder o sol da lua.
Pingos de chuva caem
Pelas janelas de vidro
Curioso dou espiadas
Nas pessoas agasalhadas.
A chuva deixa mais verde
As árvores dos canteiros
Os açudes sem sede
Sorrisos nos lírios dos jardineiros.
A COELHINHA
À Branquinha, com carinho.
É branquinha
É peluda
É pequenina
É sortuda.
Ganhou uma cenoura
Ganhou uma casinha
Ganhou uma vassoura
Ganhou uma mesinha.
A coelhinha
É uma gracinha
Tolinha, tolinha
Fica vermelhinha!
A FLORZINHA
Vive quietinha
Num vaso pequeno
É bem bonitinha
Dorme no sereno.
Suas folhas bailam
À janelinha da sala
Suas pétalas exalam
Cheiro de bala.
Uma florzinha
Me cativou
Mora sozinha
E me dá seu amor.
BARQUINHOS DE PAPEL
Sou um nobre capitão
De um barquinho de papel
Que navega nas minhas mãos
Distante da terra e do céu.
Nesse primeiro cruzeiro
Levo papai e mamãe
Minha tripulação é pequena
Querem levar o guarda-roupa inteiro.
Serei um grande marinheiro
Quando mais tarde crescer
Meu barquinho de papel
No meu coração vai viver.
BOLINHAS DE SABÃO
Vejo minhas bolhinhas subindo
São bolhinhas de sabão
Que vou construindo
Canudo na boca e copo nas mãos.
Mamãe me dá sabão
Fico encantado e contente
Posso gastar de montão
Oba! Bolhinhas pra toda gente.
É fascinante brincar
Com bolhinhas de sabão
Elas são incolor
Dentro delas há amor.
CARROSSEL
Gosto de brincar no carrossel
Com botas e chapéu de couro
Só me falta o troféu
Para desfilar com o tesouro.
São cavalos de madeira
Em parques de diversões
Divertidas brincadeiras
Desperta em mim emoções.
Um dia, quando crescer
Quero um cavalo de verdade
Embora não queira esquecer
Meu carrossel na saudade.
CASTELOS DE AREIA
Sentado à beira-mar
Brinco com a areia clara
Não consigo encher a minha pá
Só quando o vento abrandar.
As ondas se vão
O vento cambaleia
Assim construo castelos de areia
O reino da minha imaginação.
Meus castelos de areia
Abrigam pessoas reais
De bondade verdadeira
Lá, todas são iguais.
EU QUERO UM GATO
Eu quero um gato
Para pegar um rato
Que roeu meu sapato.
Eu quero um gato
Para pegar um rato
Que se acha um pato.
Eu preciso de um gato
Que com um simples salto
Pegue este rato.
HORA DO BANHO
Embaixo do chuveiro
Com sabonete nas mãos
Esfrego o corpo inteiro
Faço festa no banheiro.
Na hora do banho
Jamais faço cara feia
Criança do meu tamanho
Já sabe o que é sujeira.
Seja a água fria ou quente
Uso xampu em meus cabelos
Depois passo o pente
Secar e prendê-los.
OS ANIMAIS
Gato, cachorro, macaco
Os animais precisam de amor
Vaca, elefante, leão
Coloque o reino animal em seu coração.
Beija-flores, bem-te-vis e andorinhas
Não os prenda em gaiolinhas
Precisam de liberdade para viver
São frágeis criaturinhas.
As tartarugas, as baleias,
Os tubarões e os peixinhos
Pedem respeito e carinho
Através do canto das sereias.
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